A escola Morse High School, localizada em Bath, no estado do Maine, nos Estados Unidos, está reinventando a forma de lidar com alunos que precisam de disciplina. Em vez de permanecer em salas sob luzes artificiais, adolescentes que infringem regras são convidados a participar de caminhadas na natureza, graças a uma inovadora iniciativa da orientadora educacional Leslie Trundy.
Inovação na Disciplina Escolar
Leslie Trundy, ao guiar um grupo de sete alunos pela Trilha Whiskeag, explica a proposta: “Nós fazemos um circuito e voltamos pelo rio. Devemos estar de volta às quatro. Alguma pergunta?” A ideia, que surgiu após Trundy participar de uma conferência sobre educação ao ar livre, busca oferecer um espaço de reflexão mais profundo através da conexão com a natureza.
A proposta, que substitui as punições tradicionais, convida os alunos a uma caminhada de duas horas na floresta após o horário escolar. Os estudantes, que variam em suas infrações de comportamento, como faltas ou respostas inadequadas aos professores, encontram nesse tempo uma oportunidade de refletir e aprender de maneira mais tranquila.
Primeiras Impressões dos Alunos
Nicholas Tanguay, estudante do primeiro ano, conta: “Gritei com um professor porque não estava com vontade de fazer algo.” Elsie Nelson-Walling, do segundo ano, admite: “Matava aula e atrasava nas tarefas.” Já Wyatt Wells, também do primeiro ano, confessa: “Joguei videogame durante a aula.” A caminhada surge, então, como uma alternativa ao castigo, promovendo um ambiente de reconexão e aprendizado.
Desafios e Resultados
Embora a proposta de Trundy tenha encontrado resistência inicial por parte de alguns pais, que não viam a caminhada como um castigo, os resultados começam a aparecer. “Ainda não há dados estatisticamente relevantes”, pondera Trundy. “Mas já houve crianças que decidiram se juntar ao clube de passeios ao ar livre da escola, e isso me deixa contente.”
Wyatt, que anteriormente acumulava várias detenções, conta que desde a virada do ano não teve mais nenhum problema disciplinar. “Faz três meses que não pego detenção. Disse à minha mãe que não pegaria mais”, afirma o estudante.
Impacto nas Relações e na Saúde Mental
Para Sona Kipoy, aluna do segundo ano que veio recentemente da República Democrática do Congo, as caminhadas têm facilitado sua adaptação ao novo ambiente. “Me perder numa floresta é mais fácil do que numa cidade”, reflete. A iniciativa de Trundy também destaca a importância da saúde mental dos alunos. “Se você teve um dia ruim, saber que pode participar de uma caminhada faz com que detenção seja menos assustadora”, opina Nicholas Tanguay.
Durante as caminhadas, há momentos de pausa para um lanche, onde Trundy lê poemas que instigam os estudantes a observarem as mudanças ao redor. “Os brotos inchados e pequenas flores criam uma nova suavidade na luz”, recita ela, promovendo momentos de introspecção.
Um Olhar para o Futuro
Trundy está ansiosa para seguir com o programa no próximo ano letivo e acompanhar o desenvolvimento dos alunos. “Estou curiosa para saber se os alunos com quem comecei a caminhar ainda estarão comigo quando forem veteranos”, revela. Enquanto isso, a trilha se consolida como um espaço onde os estudantes podem caminhar no seu próprio ritmo e encontrar novas perspectivas para suas histórias pessoais.
A abordagem inovadora de Trundy destaca-se como um exemplo inspirador de como a educação pode ser adaptada para promover o crescimento e o bem-estar dos alunos, além de oferecer uma nova visão sobre disciplina que transcende a simples punição.
Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://ciclovivo.com.br/vida-sustentavel/equilibrio/caminhadas-substituem-punicao-em-escola-dos-eua/)