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O Destino das Geladeiras Após o Descarte
Quando você se desfaz de sua geladeira antiga, seja entregando-a a um “sucateiro” ou a um ponto de descarte autorizado, você já parou para pensar sobre o que acontece com ela depois? Para entender melhor este processo, o CicloVivo visitou uma das maiores empresas de reciclagem de refrigeradores do Brasil, onde pudemos observar a sequência de etapas que envolvem desmontagem, descaracterização e reciclagem desses produtos.
Apesar de os desafios impostos pelas grandes dimensões do país, as alternativas para o descarte responsável de eletrodomésticos e eletroeletrônicos têm crescido. Organizações, como a ABREE (Associação Brasileira de Reciclagem de Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos), têm promovido campanhas temporárias de coleta e disponibilizado pontos fixos para descarte. Atualmente, a ABREE conta com mais de 3,4 mil locais de recebimento, abrangendo aproximadamente 1,3 mil municípios, além de Central de Logística Reversa em 26 capitais e no Distrito Federal.
Com essa infraestrutura, a ABREE conseguiu coletar mais de 37 toneladas de resíduos eletrônicos no primeiro semestre de 2024. Dentro desse volume, refrigeradores, congeladores e fogões estão entre os itens mais frequentemente coletados. Todo o material recolhido é enviado para recicladoras. A Indústria Fox, uma das duas empresas com especialização em reciclagem de geladeiras e gases refrigerantes no Brasil, é uma das parceiras dessa iniciativa. O CicloVivo também participou de uma visita à unidade da Fox em Cabreúva, a cerca de 90 quilômetros da capital paulista, para conhecer melhor suas atividades.
O primeiro passo na reciclagem desses eletroeletrônicos é a separação por categorias, pois cada um possui características específicas. A classificação “linha branca”, que inclui refrigeradores e freezers, se subdivide na “linha branca não refrigerada”, que engloba fogões. Embora seja um processo minucioso, é essencial para garantir o tratamento adequado do material reciclável. A taxonomia abrange ainda outras divisões como linha azul, marrom e verde.
Este ano, a Indústria Fox planeja processar cerca de 35 mil toneladas de resíduos. No tocante às geladeiras, a empresa realiza a separação de materiais como plástico, ferro, cobre e alumínio entre outros. O que conhecemos como “mineração urbana” é parte desse processo. Após passar pela unidade, os materiais são transformados em flocos e ficam prontos para serem revendidos.
Entretanto, é importante ressaltar que alguns componentes ainda podem ser tóxicos e necessitam de um tratamento especial. A Indústria Fox se encarrega dessa separação, que precede o tratamento adequado. É possível extrair do sistema de refrigeração das geladeiras o óleo lubrificante do compressor e o gás CFC (clorofluorcarbono). Embora esse gás não represente um risco direto à saúde humana, ele provoca danos significativos à camada de ozônio e contribui para o aquecimento global. Essa substância é removida durante a reciclagem e convertida em espuma destinada à indústria química.
No que se refere a pilhas e baterias, há uma separação feita para o envio a empresas que possuem especialização no tratamento desses itens, assim como em cartuchos de impressoras que contêm micropartículas prejudiciais ao sistema respiratório. Cada material é dirigido a sua respectiva empresa especializada, garantindo que o tratamento correto seja efetuado.
De todo o material processado, 97% é reintegrado à cadeia produtiva, enquanto cerca de 3% são considerados rejeitos, destinados a aterros. Marcelo Souza, CEO da Indústria Fox, explica que essa parcela residual está intimamente ligada ao design dos produtos, ou seja, muitos itens não são projetados para serem reciclados durante o seu processo de fabricação.
Além dos resíduos gerados pelo consumidor, a Indústria Fox também recebe materiais oriundos diretamente da indústria e ainda atua na cadeia de pré-consumo, comercializando lotes de produtos com defeitos, os quais são reparados e revendidos posteriormente no e-commerce TudoBônus.
O Crescimento do Lixo Eletrônico
A geração de lixo eletrônico é um dos tipos de poluição que mais cresce no Brasil e no mundo. Atualmente, o país é o quinto maior produtor desse tipo de resíduo. De acordo com um relatório da ONU publicado em março de 2024, o crescimento desse lixo é cinco vezes mais acelerado do que a taxa de reciclagem registrada.
Os dados reafirmam um fenômeno notório: produtos que utilizam eletricidade, como os que funcionam com pilhas ou que dependem de tomadas, estão em constante aumento. Segundo Souza, é fundamental conscientizar a população sobre a situação alarmante do lixo eletrônico, uma vez que itens que antes não eram considerados como tal, agora se enquadram nessa categoria, evidenciando a necessidade de um novo olhar para o descarte desses produtos.
Helen Brito, gerente de relações institucionais da ABREE, está empenhada em estabelecer uma cadeia de logística reversa eficiente para eletroeletrônicos e eletrodomésticos no Brasil. Com o suporte de 54 associadas que representam 181 marcas do setor, a ABREE tem firmado parcerias com grandes varejistas e prefeituras com o intuito de facilitar a vida dos consumidores que não estão cientes de como descartar seus dispositivos no final de sua vida útil. Atualmente, há 3.541 pontos de coleta disponíveis.
Com base na legislação federal sobre logística reversa de eletroeletrônicos, até 2025 deverá haver a coleta, destinação e reaproveitamento ambientalmente correto de 17% em peso dos produtos eletroeletrônicos comercializados para uso doméstico no Brasil. Este trabalho, que em teoria possui responsabilidade compartilhada, enfrenta desafios para realmente avançar nesta direção.
Embora haja progresso, Helen destaca que a ABREE ainda depara-se com dificuldades para estabelecer e ampliar parcerias com varejistas, especialmente os menores. Além disso, todo o processo de instalação de coletores nas lojas requer investimento significativo, o que pode ser um empecilho.
É responsabilidade do consumidor realizar o descarte adequado, tendo em vista que isso não apenas reduz os impactos negativos ao meio ambiente, mas também facilita o retorno das matérias-primas para reutilização nas cadeias produtivas. O processo de reciclagem de geladeiras descrito aqui depende diretamente do encaminhamento correto desses itens, diferentemente do descarte inadequado, como deixar eletrodomésticos abandonados nas ruas, em terrenos baldios ou nas margens de córregos. Práticas como essa são consideradas crimes ambientais que, além de prejudicar o meio ambiente, podem contaminar o solo e as águas devido ao vazamento de óleo, contribuindo ainda para o aquecimento global no caso de geladeiras mais antigas.
Em 2023, a ABREE reciclou mais de 40 toneladas de resíduos eletroeletrônicos e eletrodomésticos. Trata-se de uma associação sem fins lucrativos criada por fabricantes e importadores desses produtos, visando gerenciar a logística reversa em nível nacional. A ABREE tem trabalhado para aumentar a conscientização sobre a importância da reciclagem, incluindo o lançamento recente de uma plataforma educacional voltada para crianças e adolescentes, com a iniciativa “ABREE pra Educação”.
Se você precisa descartar uma geladeira ou qualquer outra forma de resíduo eletrônico e não sabe onde, consulte aqui os pontos de recebimento disponíveis pelo Brasil.
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