Ecomuseu da Mata Atlântica: Transformação Socioambiental Liderada por Mulheres em São Gonçalo
No município de São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, um fragmento degradado da Mata Atlântica se tornou símbolo de resistência e inovação. A iniciativa, liderada por Lurdes Brasil, propõe um modelo de desenvolvimento sustentável que alia educação ambiental, justiça climática e protagonismo feminino. A transformação ocorreu em meio às celebrações do Dia da Proteção às Florestas, marcado em 17 de julho.
Do Abandono à Revitalização
Lurdes chegou ao bairro de Água Mineral em 1986, quando a área era marcada por abandono e degradação. Frente a esse cenário, ela decidiu mobilizar a comunidade e criou o Centro de Educação Ambiental Gênesis em uma parcela ameaçada de Mata Atlântica. Ali, deu início a um projeto de reflorestamento com espécies nativas como pau-brasil e cedro, envolvendo principalmente as mulheres do bairro.
O trabalho coletivo realizado por essas mulheres devolveu biodiversidade à área, proporcionando serviços ecológicos essenciais e criando “ilhas de frescor”, que ajudaram a melhorar a temperatura local. “As pessoas perceberam que o lugar ficou mais fresco, com pássaros voltando e a água do riacho mais limpa”, relata Lurdes. A liderança afirma que, atualmente, uma floresta floresce onde antes havia apenas degradação.
Trajetória Acadêmica e Expansão do Projeto
Inspirada pelos saberes ancestrais e motivada pelo desejo de fazer mais, Lurdes aprofundou seus estudos e conquistou o título de doutora em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social. Esse avanço acadêmico possibilitou que o projeto Gênesis se consolidasse e expandisse, resultando na fundação, em 2024, do Ecomuseu da Mata Atlântica. Este se tornou um campo de pesquisa reconhecido por universidades tanto nacionais quanto internacionais.
O Ecomuseu integrou o programa Mulheres na Ciência e Inovação do Museu do Amanhã, que tem favorecido o compartilhamento de experiências entre cientistas de todo o país. “Este espaço é um terreno fértil para que vozes femininas se manifestem, celebrem a resiliência e a força das mulheres, e discutam os desafios nos âmbitos acadêmico e profissional”, esclarece Nina Pougy, gerente da Escola de Ciências do museu.
Visão Internacional e Futuro Promissor
Após participar desse programa, Lurdes vislumbrou expandir ainda mais o impacto do Ecomuseu, transformando-o em um polo permanente de pesquisa voltado à formação de lideranças ambientais na América Latina e na África. “Nosso sonho é criar uma rede global de soluções para a floresta e o clima, inspirando mulheres de diferentes territórios”, afirma.
A determinação de Lurdes em engajar a comunidade e capacitar mulheres tem inspirado ações que vão além da recuperação ambiental. O projeto se firmou como exemplo de como a educação e a liderança comunitária podem provocar mudanças reais e duradouras, lançando luz sobre o papel das mulheres na preservação e revitalização ambiental.
A iniciativa de Lurdes Brasil e suas companheiras não apenas restaura o meio ambiente, mas também resgata o valor dos saberes tradicionais e promove uma conscientização ecológica vital para as futuras gerações. Este sonho de criar uma rede global de soluções para a floresta e o clima reflete uma visão otimista e necessária para enfrentar os desafios ambientais atuais.
Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://ciclovivo.com.br/inovacao/inspiracao/feminina-projeto-floresta-degradada-ecomuseu/)