Jovens do RJ transformam suas comunidades com Escola Permacultural.

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Escola Permacultural: Jovens do RJ transformam seus bairros

Sair da rotina pedagógica tradicional e aprender fora da escola é uma realidade para os estudantes do ensino médio da escola CIE Miecimo da Silva, localizada no bairro de Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Duas vezes por semana, esses alunos têm aulas com a Escola Permacultural, um programa de educação ambiental desenvolvido pelo Instituto Permacultura LAB.

O projeto teve início em 2017 e tem como objetivo realizar um intercâmbio entre escolas e o território do entorno, capacitando os estudantes para desenvolver e implementar tecnologias sociais que auxiliem na resolução de problemas socioambientais. Desde a sua criação, o Instituto já impactou diretamente ou indiretamente 46.355 pessoas, abrangendo mais de 35 bairros em várias cidades do Rio de Janeiro.

Com base teórica fundamentada na educação ambiental crítica e na proposta pedagógica de educação libertadora de Paulo Freire, os alunos trocam conhecimentos com as lideranças do território atendido e com educadores ambientais. Com esses saberes, eles entendem os diferentes contextos e encontram maneiras de levar o que aprendem em sala de aula para ações práticas nas comunidades.

As aulas práticas são experiências fora da sala de aula que permitem aos alunos conectar o que aprendem em teoria com a vivência e experimentação. Já as saídas de campo proporcionam o contato com o território e a aplicação prática de novas possibilidades de existir no mundo.

“A educação não pode se limitar apenas à educação formal, onde conteúdos didáticos abordados nos vestibulares tradicionais, por exemplo, são trabalhados. Ela tem o dever de formar cidadãos atuantes e críticos, capazes de promover mudanças profundas na sociedade, a fim de aumentar a qualidade de vida das pessoas, principalmente aquelas que são afetadas pela desigualdade social e preconceito”, ressalta Ana Coimbra, Coordenadora Pedagógica do projeto.

Ana Coimbra destaca ainda que o programa educacional da Escola Permacultural une temáticas das disciplinas de biologia, física, química, história e sociologia, integrando-as aos saberes e práticas da agroecologia e educação ambiental de maneira transdisciplinar. A metodologia foi desenvolvida especificamente para o ambiente escolar, com o objetivo de incentivar a reflexão e autonomia dos estudantes.

O projeto acontece em um bairro que possui um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade do Rio de Janeiro. A população local não tem acesso à educação de qualidade, é ameaçada pela insegurança alimentar, não tem áreas verdes disponíveis e o modelo local de produção agrícola é extremamente prejudicial à saúde da população e ao meio ambiente.

A adesão ao projeto e seu conteúdo tem rendido frutos saborosos. Os educadores vêm acompanhando relatos de ex-estudantes que implementaram as técnicas aprendidas, como a compostagem e manejo de horta, em suas próprias casas. Esse compartilhamento de conhecimento também tem sido um momento de reconexão com familiares, como mães e avós, que também mantinham uma relação com o cultivo de alimentos.

“Entramos com o projeto oferecendo a capacitação destes estudantes, envolvendo-os em atividades práticas nas quais aprendem a desenvolver tecnologias sociais e aulas teóricas, discutindo temas ligados ao meio ambiente, saúde e desigualdade social. Ao longo do ano, realizamos cinco saídas de campo para visitar propriedades de agricultores agroecológicos do território. A educação é central para o desenvolvimento das soluções, pois os estudantes serão convidados a desenvolver soluções eficientes para os problemas apresentados mapeados durante as atividades do projeto”, destaca Clara Trevia, Coordenadora Geral do projeto.

Em 2020, uma estudante da edição do projeto em Santa Cruz entrou em contato buscando ajuda para implementar um projeto em uma comunidade de Gramacho, em Caxias. Após constatar que a localidade tinha problemas com o abastecimento de água, essa ex-estudante da Escola Permacultural idealizou e implementou um sistema de captação de água da chuva para a comunidade, já com planos de desenvolver uma horta comunitária que seria irrigada com a água coletada. A ideia também abrangia a construção de uma composteira para adubar a horta.

Como podemos perceber, a Escola Permacultural vem transformando a vida dos jovens estudantes do Rio de Janeiro, permitindo que eles desenvolvam conhecimento prático e fazendo com que se tornem agentes de mudança em seus próprios bairros. A abordagem transdisciplinar e a conexão com a comunidade são fundamentais para promover uma educação realmente transformadora.

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