Jorge Perlingeiro se pronuncia após polêmica por falas preconceituosas
O presidente da Liga das Escolas de Samba (Liesa), Jorge Perlingeiro, se pronunciou nesta terça-feira (14) após ter sido alvo de críticas devido a alguns de seus posicionamentos durante uma conversa com integrantes da Portela no podcast “Só Se For Agora”. As falas de Perlingeiro foram vistas por internautas como racistas.
Em um vídeo divulgado por sua assessoria de imprensa, Jorge falou sobre as acusações. Ele começou dizendo: “Eu queria trazer a vocês um ocorrido na noite de ontem, quando na realização do meu podcast ‘Só Se For Agora’, eu entrevistava a Portela, escola da noite, porque todas as semanas, até o Carnaval, a gente vai falar dos enredos, em um dos momentos, brincando com um dos carnavalescos que estavam presentes, algumas pessoas se sentiram, de certa forma, não digo ofendidas, mas molestadas porque de repente eu estava falando de alguma coisa ligado a negritude, falando sobre racismo. Isso nunca ocorreu na minha vida”.
Ele também enfatizou sua relação com a comunidade negra ao longo de sua carreira como comunicador e presidente da Liesa. “Há 55 anos eu sou comunicador. Há 55 anos eu lido com sambista. Obviamente que grande parte são pretos, pessoas que fazem parte da minha vida. Negros, homens, mulheres, enfim. Isso não importa, a cor. O que importa para mim é o relacionamento e a importância. Eu quero se, de fato, atingi alguém de uma forma pejorativa ou inábil, eu quero dizer que me penalizo, me solidarizo com isso”, afirmou.
Perlingeiro também fez questão de dissociar a Liesa desse episódio, ressaltando que seu trabalho pessoal como comunicador não deve ser associado à entidade. Ele pediu desculpas àqueles que se sentiram ofendidos e reforçou que essa não era sua intenção.
Durante o podcast, o apresentador questionou o carnavalesco Antônio Gonzaga sobre sua identidade racial, o que causou constrangimento. Perlingeiro afirmou: “Precisa dar uma tinta em você, que você está muito clarinho”. Em outro momento, ele falou sobre a presença de negros nas escolas de samba, levantando a questão de que algumas agremiações estariam “embranquecidas”.
Após a polêmica, Antônio Gonzaga se pronunciou nas redes sociais, destacando a importância do combate ao racismo. Ele escreveu: “Minha voz é tinta e caneta. É sobre identidade, entendimento, letramento e afeto. Que além de novembro, a consciência negra seja uma batalha contínua. Um defeito de cor não é à toa”.
Diversas personalidades do Carnaval manifestaram apoio a Gonzaga, como Marcelo Adnet e Dam Menezes, destacando sua importância e resistência através de sua arte.
É fundamental destacar que o Carnaval, como uma manifestação cultural tão importante para o Brasil, deve promover a inclusão e o respeito à diversidade. Comentários preconceituosos, como os feitos por Perlingeiro, não condizem com os valores dessas festividades e devem ser repudiados.
A Liesa, como entidade que representa as escolas de samba do Rio de Janeiro, também deve se posicionar de forma clara e contundente contra qualquer forma de discriminação. É necessário que a diversidade seja valorizada e respeitada em todos os aspectos do Carnaval, desde os desfiles até as declarações dos seus representantes.
É importante que casos como esse sejam tratados como oportunidades de aprendizado e reflexão sobre a importância de combater o racismo em todas as esferas da sociedade. O respeito à diversidade é um valor fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Fonte: Guia Região dos Lagos
