Intérpretes de Libras tornam desfiles na Sapucaí acessíveis
No carnaval carioca, os intérpretes de Libras (Língua Brasileira de Sinais) têm desempenhado um papel fundamental nos desfiles das escolas de samba no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. Há 4 anos, o intérprete Daniel Thorn se dedica a tornar os sambas enredos acessíveis a pessoas surdas ou com deficiência auditiva, e para isso, ele se prepara muito antes do início do carnaval.
O trabalho de Thorn consiste em ler os sambas enredos, estudar suas informações e metáforas, e buscar formas adequadas de tradução para que, no dia do desfile, ele possa transmitir alegria e folia aos surdos. Essa tarefa exige bastante estudo e consulta a dicionários de Libras, além da colaboração de uma consultoria de surdos.
Thorn ressalta a emoção de ver a reação do público durante os desfiles. Muitos surdos acompanhando a interpretação e até mesmo copiando os gestos, como se estivessem cantando a música com o corpo e as mãos.
Acessibilidade garantida
Neste ano, Thorn irá trabalhar no Setor 13 do Sambódromo, destinado a pessoas com deficiência e seus acompanhantes. Além da interpretação de Libras, o setor disponibilizará espaços para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida, além do serviço de audiodescrição para pessoas com deficiência visual. A prefeitura do Rio distribuiu um total de 3 mil ingressos para esse público.
Adriana Malta também participará dos desfiles como audiodescritora. Ela destaca a importância de uma equipe que se aprimora constantemente para garantir a acessibilidade no carnaval, buscando entender as necessidades e oferecer um trajeto exclusivo para pessoas com deficiência desfrutarem da festa.
Para realizar o seu trabalho, Malta tem acesso antecipado ao material dos desfiles, como alegorias e carros, para escolher as palavras mais precisas e permitir que o público tenha uma compreensão completa do que está ocorrendo durante o desfile de cada escola de samba.
Malta ressalta que a preparação para o carnaval ocorre ao longo do ano, pensando em oferecer equidade e atender às especificidades de cada público, seja ele cego, surdo ou com outras deficiências.
Lei de Inclusão
É importante lembrar que a acessibilidade durante os desfiles é garantida por lei, mais especificamente pela Lei Brasileira de Inclusão (Lei 13.146/2015), que assegura às pessoas com deficiência o direito de acesso a espaços que ofereçam serviços ou eventos culturais e esportivos.
Assim, os intérpretes de Libras e os profissionais de audiodescrição têm um papel fundamental em promover a inclusão e permitir que pessoas com deficiência também possam desfrutar do carnaval carioca.
Fonte: Guia Região dos Lagos
Imagens:
Trabalho de tornar os sambas enredos acessíveis a pessoas surdas ou com deficiência auditiva começa muito antes do carnaval e exige muito estudo – Divulgação
