Indígenas preservam mata que guarda rio de 600 km no Maranhão

Rio Pindaré, Maranhão

Indígenas do Maranhão preservam floresta que protege rio de 600 km

Rio Pindaré, Maranhão
Fotos: Cássio Bezerra | Acervo ISPN

No mês de março de 2024, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pindaré (CBH – Pindaré) se reuniu em Viana, no Maranhão, para discutir a contaminação das águas do Rio Pindaré. O rio, que possui uma extensão de aproximadamente 600 km, está sendo contaminado por níveis de fósforo acima do recomendado pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Um estudo publicado por pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA) revelou que o Rio Pindaré está sofrendo diversos danos além da contaminação das águas. O desmatamento da Floresta Amazônica no Vale do Pindaré ao longo de 30 anos está causando consequências desastrosas para o ecossistema.

O estudo, conduzido pelo doutor Walter Luis Muedas Yauri, professor do curso de Oceanografia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e membro do CBH – Pindaré, analisou imagens de satélite que mostram a evolução do desmatamento da floresta na região da bacia do Rio Pindaré desde 1984. Os resultados revelaram que restam menos de 20% da floresta original, que se encontra em blocos isolados dentro das Terras Indígenas da região. Essas áreas preservadas são protegidas pelos indígenas, que lutam constantemente contra invasores e desmatadores.

Os indígenas são os verdadeiros guardiões da floresta. Na Terra Indígena Caru, um grupo de 40 homens Guajajara formou o “Guardiões da Floresta” em 2013. Eles monitoram o território para combater a caça predatória, pesca ilegal, desmatamento e outras atividades ilegais. O trabalho dos Guardiões da Floresta tem trazido resultados positivos, como a recuperação da fauna e flora na Terra Indígena Rio Pindaré, onde outro grupo de 24 homens Guajajara atua.

O trabalho de proteção territorial nessas áreas indígenas é essencial para manter a floresta e, consequentemente, garantir a preservação do Rio Pindaré. O desmatamento na região está diretamente ligado à abertura da Estrada de Ferro Carajás e ao cultivo de eucalipto para alimentar as indústrias de ferro gusa. Além disso, a substituição da vegetação por pasto e gado causou a lixiviação do solo e o assoreamento do rio, tornando-o menos navegável e mais propenso a inundações nas estações chuvosas.

Terra Indígena Caru, entrada da Aldeia Maçaranduba
Terra Indígena Caru, entrada da Aldeia Maçaranduba. Foto: Cássio Bezerra | Acervo ISPN

O estudo também mostrou a necessidade de reconectar os fragmentos de floresta remanescente nas Terras Indígenas para garantir a sobrevivência do ecossistema. Além disso, o professor Muedas defende a criação de corredores ecológicos na Bacia Hidrográfica para interligar a vegetação nativa.

Outro ponto destacado no estudo é a relação entre as bacias dos rios Pindaré e Mearim. O professor Muedas argumenta que as duas bacias são independentes e se unem apenas na foz, na Baía de São Marcos. Com base nisso, o Comitê da Bacia Hidrográfica iniciou um processo de desmembramento burocrático para separar as duas bacias.

É importante ressaltar que a preservação da floresta e do Rio Pindaré não beneficia apenas os indígenas, mas toda a população que depende do rio para sobreviver. A participação dos indígenas no Comitê é fundamental para as discussões e decisões sobre a gestão dos recursos hídricos do rio.

A luta dos indígenas do Maranhão pela preservação da floresta e do Rio Pindaré é um exemplo a ser seguido. Venerar a natureza e valorizar sua importância para a vida é essencial para construir um futuro sustentável.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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