Arquitetura resiliente: como enfrentar os desafios das mudanças climáticas
Recentemente, a pandemia do coronavírus nos fez repensar a forma como moramos e trabalhamos. Passamos a buscar por espaços mais simples e eficientes, utilizando materiais naturais e priorizando a ventilação e a iluminação natural. No entanto, os impactos das mudanças climáticas vão além dessas questões, afetando diretamente nossa forma de viver e ocupar espaços.
No Brasil, estamos enfrentando uma quarta onda de calor e chuvas intensas, especialmente nas regiões mais populosas do país. As ondas de calor estão mais fortes e mais longas, com temperaturas até 5º C acima da média. Isso tem aumentado a demanda por equipamentos de climatização e causado danos nas áreas urbanas e rurais devido às chuvas volumosas.
Nesse contexto, é fundamental repensarmos nossa arquitetura de forma adaptativa. A escolha do local de implantação da construção é um dos primeiros passos, pois isso impacta não só na própria arquitetura, mas também na relação com o entorno. Em terrenos naturais, devemos considerar o relevo e as condições naturais, enquanto em áreas urbanas, devemos atentar para a impermeabilização dos lotes e problemas de insolação.
Além disso, cidades e condomínios urbanos ou rurais precisam estar preparados para os efeitos dos extremos climáticos. Mesmo uma edificação bem projetada não é garantia de resistência a situações intensas. No entanto, um conjunto de soluções pode minimizar e evitar danos causados pelos impactos climáticos.
Uma dessas soluções é a criação de jardins de chuva. Esses jardins funcionam como esponjas filtrantes, captando a água das chuvas e diminuindo a velocidade do escoamento. Eles são compostos por camadas de pedras e areia e têm a função de redirecionar a água para o solo, evitando enchentes e alagamentos. Um exemplo bem-sucedido desse projeto pode ser visto na Vila Mariana, em São Paulo, onde foram implantados jardins de chuva em pontos estratégicos.
É importante ressaltar que a arquitetura sustentável precisa ser pensada em três perspectivas: eficiência da edificação, resiliência ao ambiente e sustentabilidade nos aspectos econômico, ambiental e social. Na perspectiva da eficiência, devemos utilizar sistemas como reuso de água, energia solar e materiais certificados. Na perspectiva da resiliência ao ambiente, devemos considerar estratégias como iluminação e ventilação natural. Já na perspectiva da sustentabilidade, devemos promover ações que estimulem a economia local e capacitem a comunidade.
A arquitetura resiliente se faz necessária para enfrentarmos os desafios das mudanças climáticas. É importante que arquitetos, engenheiros e urbanistas trabalhem em conjunto, considerando não só as questões estéticas e funcionais, mas também a adaptação das construções ao clima e às necessidades das pessoas que irão ocupá-las.
Portanto, é fundamental repensarmos nossos projetos arquitetônicos, buscando soluções que sejam eficientes, resilientes e sustentáveis. Somente assim poderemos enfrentar os impactos das mudanças climáticas e promover uma forma de viver mais saudável e consciente do meio ambiente.