As abelhas são conhecidas por sua importância na polinização das plantas e na produção de mel. No entanto, pesquisas recentes têm revelado que esses insetos possuem habilidades cognitivas surpreendentes que desafiam a ideia de que a inteligência coletiva é exclusiva dos seres humanos.
Estudos têm mostrado que as abelhas são capazes de aprender com os outros e de compartilhar esse conhecimento com seus semelhantes. Anteriormente, acredita-se que apenas os humanos tinham a capacidade de aprendizado social, ou seja, aprender com os outros o que não se pode aprender sozinho. No entanto, pesquisadores descobriram que chimpanzés e abelhas também possuem essa capacidade.
Os cientistas ficaram surpresos ao constatar que as abelhas têm um grau de inteligência coletiva de aprendizado, o que vai além de seu comportamento instintivo. Isso significa que elas não apenas realizam ações automáticas baseadas em seu instinto, mas também são capazes de adquirir conhecimento e aprender com experiências compartilhadas.
Em um estudo recente, os pesquisadores criaram um desafio de duas etapas para testar a inteligência das abelhas. Os insetos foram colocados em ambientes com saídas específicas e tiveram que encontrar uma maneira de escapar. As abelhas da espécie Bombus terrestris lutaram para resolver o problema sozinhas. No entanto, uma vez que uma abelha aprendeu como romper as barreiras, ela foi capaz de ensinar outras com eficiência, demonstrando um novo tipo de aprendizagem colaborativa.
Para ensinar as abelhas a solução não intuitiva, os pesquisadores tiveram que mostrar a elas o que fazer e oferecer uma recompensa após o primeiro passo. Embora o comportamento observado necessitasse de instrução inicial, ele abriu a porta para a perspectiva de uma cultura compartilhada entre as abelhas. Isso significa que as abelhas têm a capacidade de transmitir conhecimentos adquiridos para as gerações futuras, alterando assim o conhecimento coletivo da espécie.
Além disso, outros testes com abelhas têm demonstrado sua capacidade de aprender e reparar erros. Por exemplo, as abelhas foram treinadas para rolar bolas para obter incentivos, mostrando que elas não são apenas movidas pelo instinto, mas também podem se adaptar e aprender com experiências compartilhadas.
Essas descobertas desafiam a visão tradicional de que apenas os humanos possuem certas características intelectuais. As abelhas se juntam aos chimpanzés na quebra dessa “exclusividade humana” e mostram que possuem habilidades cognitivas impressionantes.
Alex Thornton, ecologista da Universidade de Exeter, destaca a importância dessas descobertas. Ele afirma que a capacidade de aprender com os outros o que não pode ser aprendido sozinho deve ser considerada uma característica que explica a cognição e a cultura humanas, juntamente com o uso de ferramentas, a memória episódica e a comunicação intencional.
Essas pesquisas sobre a inteligência das abelhas não apenas nos ajudam a compreender melhor esses insetos fascinantes, mas também têm implicações importantes para o estudo da inteligência animal como um todo. Elas mostram que a capacidade de aprendizado social não é exclusiva dos humanos, e que outras espécies também podem adquirir conhecimento e compartilhá-lo com os demais membros de seu grupo.
Portanto, é fundamental reconhecer e valorizar a inteligência e as habilidades cognitivas das abelhas, assim como de outros animais. Essas descobertas nos lembram da importância de preservar a biodiversidade e de proteger as espécies que compartilham nosso planeta. Afinal, ainda temos muito a aprender com os seres vivos que nos cercam.
