A Revolução da Energia na União Europeia: A Energia Solar Ultrapassa o Carvão em 2024
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A produção de energia na União Europeia (UE) está passando por uma transformação notável, especialmente observável na transição de fontes tradicionais de combustíveis fósseis para alternativas mais sustentáveis e menos poluentes. Em 2024, este movimento se intensificou ainda mais, conforme destacado por um relatório do think tank climático Ember. A pesquisa revelou um marco histórico: pela primeira vez, a energia solar conseguiu superar a produção de eletricidade a partir do carvão na UE, com os painéis solares correspondendo a 11% da geração total de eletricidade, enquanto as usinas a carvão contribuíram com apenas 10%.
Beatrice Petrovich, uma das futuras das análises do relatório, afirmou que “o carvão é o método mais antigo e poluidor de geração de eletricidade, enquanto a energia solar está se consolidando como a nova protagonista”. Essa transição reflete o compromisso da região em diminuir suas emissões de gases de efeito estufa e adotar tecnologias mais limpas para atender à crescente demanda por energia.
No ano anterior, 2023, foi registrado o pico na queima de combustíveis fósseis dentro do setor energético da UE. Desde então, outras fontes de eletricidade ganharam espaço, levando a uma redução de 68% na produção de eletricidade a partir do carvão. Em 2024, o uso desse combustível diminuiu em 16 dos 17 países que ainda dependiam dele. O relatório ressaltou que, atualmente, o carvão é considerado “marginal ou quase inexistente” em muitos sistemas elétricos. Na Alemanha, que tradicionalmente é o maior consumidor de carvão da UE, houve uma redução de 17% no seu uso; na Polônia, a diminuição foi de 8%.
Em contraste, fontes de energia mais limpas, como a energia solar e a energia eólica, aumentaram sua participação para 29% na geração de eletricidade no bloco europeu durante o ano passado. Esse avanço acontece mesmo diante de um ligeiro aumento na demanda de eletricidade em 2024, após dois anos de queda devido ao impacto da guerra entre Ucrânia e Rússia. As consequências dessa crise energética levaram a UE a implementar um plano abrangente para economizar energia, buscar novos fornecedores de combustíveis fósseis e acelerar a transição para energias renováveis.
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Foto: CHUTTERSNAP | Unsplash
O relatório também destaca o crescimento impressionante da energia solar. Apesar de a região ter enfrentado uma menor incidência de luz solar em 2024 em comparação ao ano anterior, as instalações de novos painéis solares bateram recordes. “É encorajador perceber que o aumento na construção de energia solar está realmente resultando em uma diminuição na queima de combustíveis fósseis”, observou Jenny Chase, analista solar da BloombergNEF, firma que trabalha com pesquisas e dados voltados à transição energética de baixo carbono.
Além da energia solar, a energia eólica tem se mostrado fundamental durante essa transição para fontes renováveis. Juntas, as energias solar e eólica têm proporcionado à Europa uma redução significativa na dependência de combustíveis fósseis, como carvão e gás natural. O relatório também destaca um declínio estrutural no uso de gás fóssil, com quedas refletidas em 14 dos 26 países que utilizam essa fonte, o que também demonstra o impacto positivo das políticas de incentivo à sustentabilidade.
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Gregory Nemet, pesquisador da Universidade de Wisconsin-Madison e coautor de outro relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, apontou que “as políticas e os mercados europeus têm possibilitado que as energias renováveis reduzam a participação do carvão e do gás natural”. Além disso, ele enfatizou que a Europa está colhendo os frutos dessa transição, trazendo benefícios como maior acessibilidade à energia, segurança energética aprimorada e significativa melhora na qualidade do ar.
Outro ponto importante é que a UE está avançando em direção às suas metas de capacidade solar instalada. No ano de 2024, a capacidade total atingiu 338 gigawatts (GW), se aproximando da meta de 400 GW para 2025. Se o atual ritmo de crescimento for mantido, a região também estará próxima de alcançar o objetivo de 750 GW até 2030. O sucesso dessa transição, conforme enfatizam os autores do relatório, depende de investimentos em inovações como baterias, medidores inteligentes e outras soluções de “flexibilidade limpa”, que ajudam a equilibrar a oferta de energia renovável com a demanda ao longo do dia.
Esse panorama europeu destaca uma divergência em relação a outras partes do mundo. Enquanto a Europa se distancia do carvão e do gás natural, o relatório indica que o uso dessas fontes continua em ascensão em países como China e Estados Unidos. No entanto, o progresso das energias renováveis em nações europeias serve como um exemplo de como é viável conciliar desenvolvimento econômico, segurança energética e conservação ambiental.
O relatório da Ember conclui que, apesar de ainda existir desafios, a Europa tem avançado de maneira significativa rumo a um sistema de energia mais sustentável. O crescimento acelerado da energia solar sugere um futuro mais ambientalmente amigável para a região. Esses avanços são um marco relevante na luta contra as mudanças climáticas, servindo como um modelo inspirador para outras regiões que buscam reduzir suas emissões de carbono.