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Recuperação de terras custaria 0,27% do PIB mundial por ano

água restauração

Restauração de terras poderia custar apenas 0,27% do PIB global por ano

O acesso ao financiamento representa um obstáculo significativo para uma série de iniciativas voltadas à restauração ambiental, ao combate das mudanças climáticas e ao impulso de práticas de desenvolvimento sustentável. Porém, uma recente pesquisa indicou que para atender as promessas de recuperação de terras em 115 nações, o custo estimado não excederia 0,27% do Produto Interno Bruto (PIB) anual do mundo.

De fato, o sucesso na execução desses projetos de restauração poderia ser alcançado com investimentos que variam de 0,04% a 0,27% do PIB global anual, totalizando entre US$ 311 bilhões e US$ 2,1 trilhões. Esta análise foi divulgada no periódico Land Degradation & Development.

Embora os números sejam impressionantes, um relatório da UNCCD (Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação) evidenciou que para cada dólar investido em restauração de terras, os retornos econômicos podem variar entre US$ 7 e US$ 30.

Restauração de terras com foco em água
Foto: Dave Hoefler | Unsplash

Como a pesquisa foi conduzida?

Os especialistas avaliaram os custos de 243 iniciativas de restauração de terras implementadas globalmente, observando que o custo médio por hectare gira em torno de US$ 1.691, variando de US$ 185 a US$ 3.012. Entre as opções de menor custo estão o manejo florestal a US$ 185 por hectare, a regeneração passiva com custo de US$ 513 por hectare, o manejo de pastagem que custa US$ 631 por hectare e a regeneração natural assistida a US$ 804 por hectare.

“A regeneração passiva envolve basicamente cercar uma área e deixá-la em estado natural,” afirmou Dewy Verhoeven, líder do estudo e candidato a doutorado na Universidade Wageningen & Research. “Os custos são bastante baixos; você talvez precise apenas de uma cerca. Entretanto, os custos de oportunidade são significativos, pois a terra não poderá ser usada para outros fins.”

Os projetos que demandam maior investimento incluem aqueles voltados para agroflorestas (US$ 2.390 por hectare), construção de barreiras transversais (US$ 2.562 por hectare), irrigação (US$ 2.886 por hectare) e sistemas silvopastoris (US$ 3.012 por hectare), que combinam o cultivo de árvores e pastagens na mesma área.

Agrofloresta Xavante
Agrofloresta Xavante. Foto: Carpe Projetos Socioambientais

Os autores do relatório constataram que a soma dos investimentos necessários para reparar a degradação da terra poderia ficar entre 0,38% e 2,65% do PIB global em um único ano. Contudo, se distribuídos ao longo de uma década, o custo anual seria reduzido para apenas 0,04% a 0,27% do PIB global.

Embora essa proporção total seja considerada pequena, uma alocação uniforme dos custos ou a distribuição baseada na localização dos projetos poderia gerar um peso financeiro maior sobre países de menor renda. A análise revelou que a maioria das iniciativas de restauração está concentrada na África Subsaariana, detentora de quase metade das promessas globais, assim como no Sul e no Sudeste Asiático.

“Globalmente, é muito eficiente realizar a restauração em nações de menor renda, onde os custos são relativamente baixos. Entretanto, esses países necessitam de apoio,” explica Verhoeven.

Espécies nativas da África do Sul
Escolher espécies nativas promove uma área verde mais adaptada e resiliente. Foto: Greenpop

O estudo propôs que, para melhorar a equidade na distribuição dos custos, sejam criadas estruturas de financiamento que incluam a implementação de Pagamentos por Serviços Ecossistêmicos, a exploração do setor privado e o fortalecimento do suporte financeiro público.

“Além disso, torna-se vital entender melhor quem arca com os custos da restauração das paisagens. Uma avaliação mais acurada dos custos e benefícios sob diversas óticas dos envolvidos (como agricultores, governos e investidores) é essencial no desenho de novos mecanismos de financiamento que garantam o envolvimento das partes interessadas nas práticas de restauração,” indicaram os pesquisadores.

É relevante destacar que as estimativas de custo apresentadas se concentram nos gastos diretos da implementação, deixando de lado fatores importantes como o monitoramento e os custos de oportunidade, sugerindo que as despesas efetivas para a restauração podem ser superiores ao que foi projetado.

Degradação acelerada das terras

Desmatamento no Cerrado brasileiro
Foto: Moisés Muálem | WWF-Brasil

Segundo um relatório produzido pelo Instituto de Pesquisa de Impacto Climático de Potsdam (PIK) e pela UNCCD, a quantidade de terras degradadas cresce anualmente em cerca de 1 milhão de quilômetros quadrados, uma extensão aproximadamente igual à do Egito.

No Brasil, uma plataforma inovadora desenvolvida pelo MapBiomas avaliou pela primeira vez a degradação de todos os biomas do território nacional. A área afetada pela degradação pode variar entre 60,3 milhões a 135 milhões de hectares. Os dados coletados indicam que entre 1986 e 2021, de 11% a 25% da vegetação nativa brasileira esteve sujeita a processos de degradação.

“Esta é a primeira vez que a degradação é avaliada de forma ampla em todos os biomas brasileiros, mas sabemos que essa problemática se estende a outros tipos de cobertura do solo, como agricultura e pastagens, além dos comprometimentos em solos e recursos hídricos,” ressaltou Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas.

Com informações de Mongabay

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Fonte: Guia Região dos Lagos

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