Entre 1985 e 2024, o Brasil perdeu 111,7 milhões de hectares de áreas naturais, equivalente a um território maior que a Bolívia, devido principalmente à expansão agropecuária. Este cenário foi revelado pela mais recente coleção de mapas lançada pelo projeto MapBiomas. Os dados indicam uma acelerada conversão de terras para uso agrícola ao longo das últimas quatro décadas, com uma média anual de 2,9 milhões de hectares transformados.
Transformações ao Longo das Décadas
Desde 1985, a ocupação do solo brasileiro sofreu mudanças significativas. Na década de 1990, observou-se um grande aumento na expansão de áreas antrópicas, impulsionado pela expansão de pastagens. O auge da conversão de florestas para agropecuária ocorreu entre 1995 e 2004, quando 44,8 milhões de hectares foram desmatados para esse fim.
Durante o período de 2005 a 2014, houve uma redução na perda líquida de florestas. Contudo, a década seguinte, de 2015 a 2024, foi marcada por aumento da degradação e impactos climáticos, com a mineração expandindo-se significativamente, especialmente na Amazônia.
Os Impactos nos Biomas Brasileiros
A Amazônia perdeu 52,1 milhões de hectares de suas áreas naturais nos últimos 40 anos. O período entre 1995 e 2004 teve o maior incremento de áreas antrópicas. No Pantanal, a superfície de água que cobria 24% do bioma em 1985 reduziu-se drasticamente para apenas 3% em 2024, resultado de uma seca severa e maior frequência de secas.
O Cerrado também sofreu uma grande perda de vegetação nativa, com 40,5 milhões de hectares suprimidos entre 1985 e 2024. A Caatinga perdeu 9,2 milhões de hectares, enquanto a Mata Atlântica viu uma redução de 4,4 milhões de hectares em áreas naturais.
Expansão da Agropecuária e Silvicultura
O crescimento de áreas destinadas à pastagem e agricultura foi marcante. A área de pastagem aumentou 62,7 milhões de hectares, enquanto a agricultura expandiu-se em 44 milhões de hectares. A silvicultura também registrou um aumento expressivo, com grande parte da conversão ocorrendo sobre áreas antrópicas.
A transição de formações naturais para uso agrícola foi intensa, com a Formação Florestal e Savânica sendo as mais afetadas. Cerca de 67,5% do aumento de área de pastagem ocorreu sobre áreas de formação florestal e savânica.
Áreas Úmidas e Redução de Superfície de Água
Os biomas do Brasil tiveram uma redução significativa em áreas úmidas ao longo das últimas quatro décadas. O Pantanal, especificamente, apresentou em 2024 uma superfície de água 73% abaixo da média histórica. A Amazônia também registrou episódios de seca severa, afetando drasticamente sua superfície aquática.
Energia Solar e Novas Fronteiras de Desenvolvimento
A década de 2015 a 2024 também marcou o início de uma nova fase no setor de energia, com a expansão de usinas fotovoltaicas. Minas Gerais, Bahia, Piauí e Rio Grande do Norte são os estados que abrigam a maior parte dessas instalações, ocupando grandes áreas anteriormente destinadas a formações savânicas e pastagens.
Perspectivas e Desafios
O Brasil chega a 2024 com 65% de seu território ainda coberto por vegetação nativa. No entanto, a pressão agropecuária e a necessidade de conciliar desenvolvimento econômico com conservação ambiental continuam sendo grandes desafios. Iniciativas como a do MapBiomas são essenciais para monitorar e planejar o uso sustentável do território, buscando equilibrar a preservação dos biomas com as demandas socioeconômicas do país.
Fonte da Notícia: [Guia Região dos Lagos](https://ciclovivo.com.br/planeta/meio-ambiente/brasil-desmatamento-111-milhoes-hectares/)