Aumento de 20% na representação feminina na ciência brasileira em duas décadas

Em 20 anos, participação feminina na ciência cresceu 20% no Brasil

A participação de mulheres na ciência como autoras de publicações científicas no Brasil aumentou 29% nos últimos vinte anos, aproximando a produção científica brasileira de uma equidade de gênero, especialmente entre as pesquisadoras mais jovens. Essa é a conclusão de um relatório da Elsevier-Bori intitulado “Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil”, lançado no Dia Internacional da Mulher, 8 de março.

O relatório aponta que, em 2022, 49% da produção científica brasileira possui pelo menos uma mulher entre os autores. O Brasil ocupa a terceira posição entre os países analisados, ficando atrás apenas da Argentina e de Portugal, que possuem, respectivamente, 52% das publicações científicas com autoras mulheres.

Um dado importante é que a participação feminina na produção científica também aumentou nas áreas ligadas à Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática (STEM, na sigla em inglês), passando de 35% em 2002 para 45% em 2022. No entanto, o relatório observa que, a partir de 2009-2010, houve uma desaceleração no crescimento da participação de mulheres nessas áreas, considerando o crescimento total de todas as áreas somadas.

O relatório também analisou a participação feminina em diferentes áreas do conhecimento. Entre 2018 e 2022, a participação de mulheres foi superior a 60% em áreas como Enfermagem (80%), Farmacologia, Toxicologia e Farmacêutica (62%) e Psicologia (61%). Por outro lado, ficou abaixo de 30% em áreas como Matemática (19%), Ciência da Computação (21%) e Engenharia (24%).

Apesar desses números, algumas áreas estão caminhando para alcançar a equidade de gênero em termos de publicação científica. Na Enfermagem e Psicologia, por exemplo, houve uma diminuição das autoras mulheres em 3,4 e 3,1 pontos percentuais, respectivamente, nos últimos dez anos. Isso indica um maior equilíbrio entre homens e mulheres na publicação de pesquisas nessas áreas.

No entanto, o relatório também destacou que, à medida que a carreira avança, a participação feminina diminui. Entre 2018 e 2022, mais da metade (51%) das publicações foram de autoras mulheres entre pesquisadoras com até cinco anos de carreira. Esse número cai para 36% entre pesquisadores com mais de 21 anos de carreira.

Outro aspecto analisado pelo relatório foi a participação feminina na proposição de patentes de inovação. Nesse caso, o movimento em direção à equidade de gênero é mais lento. Nos últimos 15 anos, as patentes em que todos os inventores são mulheres permaneceram estáveis em apenas 3% a 6%. Enquanto isso, as patentes em que os inventores são homens e mulheres cresceram de 24% em 2008 para 33% em 2022.

Em relação a esses dados, Dante Cid, Vice-presidente de Relações Acadêmicas da América Latina da editora Elsevier, comentou que, apesar dos resultados encorajadores, ainda existem desafios a serem superados, especialmente em relação à participação de mulheres nas áreas de Exatas e entre as gerações mais experientes.

Para Fernanda Gusmão, Gerente de Soluções para Pesquisa da América Latina da Elsevier, nos últimos anos, várias universidades têm criado iniciativas para apoiar e incentivar cientistas mulheres, inclusive em momentos como a maternidade. Ela acredita que essas ações contribuirão para acelerar a conquista da equidade de gênero em diferentes áreas do conhecimento.

Em resumo, o relatório destaca um importante avanço na participação de mulheres na ciência brasileira, mas também ressalta a necessidade de continuar trabalhando para alcançar uma maior equidade de gênero, especialmente em áreas de Exatas e nos estágios mais avançados da carreira científica. A promoção de iniciativas que apoiem e incentivem cientistas mulheres, assim como a conscientização sobre a importância da igualdade de gênero na pesquisa científica, são fundamentais para avançar nesse sentido.

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