Menu

Documentário premiado O Chamado do Cacique é lançado no YouTube

terra indígena

“`html

Minidocumentário “O Chamado do Cacique” é Lançado no YouTube

Uma reunião promovida pelo cacique Raoni Metuktire em 2023, na aldeia Piaraçú, situada no Mato Grosso, uniu diversas etnias indígenas e culminou na produção do minidocumentário intitulado “O chamado do cacique: herança, terra e futuro”. Após sua exibição em diversos festivais, onde ganhou o prêmio de melhor filme documentário no 10º FESTiFRANCE – Mostra Francesa de Cinema em Paris, na França, o documentário agora pode ser assistido gratuitamente no YouTube.

Realizada pelo projeto Amazoniar, do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), em colaboração com o Instituto Raoni, a obra retrata a luta do cacique Raoni Metuktire pelos direitos humanos e pela proteção ambiental, ao mesmo tempo em que enfatiza a importância do diálogo entre as comunidades indígenas e a sociedade não indígena.

Lucas Ramos, co-diretor do filme e coordenador do Amazoniar, destaca a capacidade agregadora do cacique Raoni, que serve não apenas para a união entre os povos, mas também para multiplicar a mensagem. Segundo ele, “O filme é para espalhar este chamado que é para todos”.

O pesquisador sênior do IPAM, Paulo Moutinho, enfatiza que as falas do cacique possuem uma simplicidade que muitas vezes esquecemos. “Quando falamos de união e convergência, ele engaja e fala de forma simples. Falar de união é notável, principalmente quando os povos indígenas têm motivos para o contrário. Muitas vezes esquecemos a história de violência que enfrentaram e ainda enfrentam. Apesar de tudo, o cacique Raoni nos convida a deixar nossas diferenças de lado e a pensar no futuro,” comenta.

Assista ao documentário no YouTube.

Revelações sobre o Processo de Criação do Documentário

Uma sessão especial do documentário foi organizada durante a Semana do Meio Ambiente no Museu do Amanhã em 2024. Após a apresentação, o co-diretor compartilhou sua experiência sobre a criação da obra. Para Ramos, a visita à Amazônia é um convite à humildade e um aprendizado com os povos indígenas.

“Eu tinha um roteiro e um plano para o documentário. No entanto, ao chegar à aldeia Piaraçu, às margens do Rio Xingu, vi o cacique Raoni sentado com os anciãos, ouvindo um por um. Isso me fez perceber a força de sua escuta ativa. A partir daí, decidi descartar meu roteiro. Compreendi que devíamos escutar, e todas as minhas perguntas mudaram,” revela.

Compromisso com o Futuro do Planeta

O cientista Paulo Moutinho ressalta que o respeito e a proteção aos povos indígenas vão além de uma simples questão de direitos fundamentais; tratam-se também da preservação e continuidade do planeta. “A floresta amazônica é responsável por armazenar entre 100 e 150 bilhões de toneladas de carbono. Esse volume corresponde a aproximadamente 10 anos de emissões globais de gases de efeito estufa, que os povos indígenas e tradicionais preservam,” afirma Moutinho.

Terra indígena protegida pelo Instituto Raoni
Foto: Reprodução | Instituto Raoni

O documentário também enfatiza dados do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU) que indicam que os povos indígenas correspondem a apenas 5% da população global, mas são responsáveis pela proteção de 80% da biodiversidade do planeta.

Moutinho observa ainda que muitos no agronegócio desconhecem que a conservação da floresta e a proteção dos povos indígenas são cruciais para a sustentabilidade dos negócios. “Caso desperdicemos essa floresta por degradação ou desmatamento, a produção de soja, por exemplo, irá despencar. As terras indígenas são vitais para a preservação do abastecimento de água em regiões como a Amazônia e o Cerrado,” salienta.

Cacique Raoni Metuktire
Raoni Metuktire, chefe da etnia Mebêngôkre (Kayapó). Foto: IPAM

Segundo Moutinho, no Cerrado e na Amazônia, mais da metade dos municípios enfrentam uma redução na disponibilidade de água superior a 30%, podendo chegar até 80% em alguns casos, em virtude da alteração dos padrões climáticos. “Os povos indígenas desempenham um papel crucial no que chamamos de ‘ar condicionado’ do planeta. Um estudo recente que realizamos mostrou que, em média, as terras indígenas têm temperaturas de 2 a 5 graus Celsius inferiores às áreas degradadas ou desmatadas. Sem essas terras, o que se avizinha é um deserto quente, uma situação que já está se instaurando,” adverte.

“Enquanto estávamos na aldeia Piaraçu, durante o chamado do cacique Raoni, utilizei um termômetro para medir a temperatura: registramos 46°C com 25% de umidade. O recorde de temperatura no Brasil é 44.5°C. Os Kayapó enfrentam desafios que não são apenas seus, mas que atingem diversas regiões. Se não houver um esforço coletivo para proteger essas áreas que os indígenas guardam – totalizando aproximadamente 120 bilhões de hectares, um espaço equivalente a cerca de 10 estados do Rio de Janeiro – perderemos os serviços ecológicos desses territórios, fazendo com que as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca na Amazônia se tornem eventos recorrentes. Isso se trata de uma questão de sobrevivência para todos,” reforçou Moutinho.

O documentário ainda retrata as novas lideranças da etnia Mebêngôkre e seu empenho em transmitir os ensinamentos herdados de seus antepassados. Beptuk Metuktire, coordenador do Instituto Raoni e jovem liderança dos Mebêngôkre, durante um painel no Museu do Amanhã, contou: “Quando pensamos nessas sábias lideranças, podemos imaginar suas reflexões diárias. pessoas como o Raoni se preocupam com o futuro do mundo. Desde muito jovem, escuto ele dizendo ‘não briguem entre vocês, pois isso apenas os enfraquece’. Sua visão vai além dos povos indígenas; ele pensa no bem-estar de todo o planeta.”

“Atualmente, estamos preocupados com as mudanças climáticas. É fundamental que possamos propagar a mensagem do que o cacique Raoni representa e levar para frente o que ele nos ensina. A preservação da vida de todos os seres e o cuidado com a Terra são prioridades,” concluiu.

O post Doc premiado “O Chamado do Cacique” é lançado no YouTube apareceu primeiramente em CicloVivo.

“`

Ajude-nos e avalie esta notícia.

Use os botões abaixo para compartilhar este conteúdo:

Facebook
Twitter
Telegram
WhatsApp
[wilcity_before_footer_shortcode]