O que é coprocessamento? – CicloVivo

CDR Combustível Derivado de Resíduos

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CDR: Uma Alternativa Sustentável para a Indústria Cimenteira

Combustível Derivado de Resíduos utilizado na indústria cimenteira
O CDR (Combustível Derivado de Resíduos) pode substituir combustíveis fósseis na indústria cimenteira. Foto: Natasha Olsen

A prática do coprocessamento consiste em substituir o coque de petróleo, um combustível fóssil, pelos combustíveis alternativos, que podem incluir resíduos e biomassas, nos fornos das indústrias de cimento. No processo de produção de cimento, os fornos necessitam de um elevado consumo de energia térmica, atingindo temperaturas que podem chegar até 1.500 graus Celsius. Esta temperatura é crucial para a conversão de materiais como calcário, argila e minério de ferro no clínquer, que é o componente fundamental da mistura do cimento.

É amplamente reconhecido que o coprocessamento se afirma como uma das estratégias mais significativas para a redução das emissões de CO2 pela indústria cimenteira, contribuindo para o desenvolvimento de um concreto que possa ser neutro em carbono até o ano de 2050. Essa tecnologia começou a ser globalmente valorizada como uma alternativa válida e ambientalmente responsável para a descarte de resíduos que não podem ser reciclados. A utilização de resíduos nos fornos cimenteiros não apenas evita que esses materiais sejam descartados em aterros, mas também diminui a dependência da indústria em relação aos combustíveis fósseis.

Uso do caroço de açai como combustível para produção de cimento
Uso do caroço do açaí como combustível para forno de produção de cimento, na Unidade Primavera da Votorantim Cimentos. Foto: Leonardo Rodrigues

Essa tecnologia limpa e segura garante que os resíduos são integralmente incinerados nos fornos, sem que reste qualquer resíduo ambiental degradável, graças às temperaturas elevadas fundamentais para a produção do clínquer. O coprocessamento exemplifica o conceito de Economia Circular, ao facilitar um sistema de renovação e reaproveitamento, promovendo a interligação e a colaboração entre diferentes setores econômicos, alinhando-se ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 17 da ONU – Parcerias para o Progresso das Metas.

Origem da Tecnologia

Na Europa, Estados Unidos e Japão, a técnica de coprocessamento foi introduzida já na década de 1970. No Brasil, sua aplicação começou em 1991 pela Votorantim Cimentos, sendo os pneus inservíveis o primeiro tipo de resíduo a ser convertido em combustível, garantindo um destino adequado para essa categoria de rejeitos. Desde então, a pesquisa se intensificou, possibilitando que diferentes tipos de resíduos fossem também utilizados, considerando suas propriedades caloríficas e características necessárias para serem integrados ao processo.”,

Tipos de Resíduos Utilizados

Resíduos utilizados no coprocessamento na indústria de cimento
Resíduos que não podem ser reciclados são usados no coprocessamento. Foto: Natasha Olsen

É primordial ressaltar que todos os resíduos empregados no coprocessamento são classificados como não recicláveis, ou seja, não podem ser reaproveitados na cadeia de reciclagem e são denominados CDR (Combustível Derivado de Resíduos). Nesse contexto, há uma variedade de resíduos que podem ser utilizados, entre eles:

  • Resíduos sólidos industriais, comerciais e urbanos: como equipamentos de proteção individual contaminados, filtros de óleo, borras e solventes, que não podem ser descartados em aterros sanitários industrializados. Itens como espumas, esponjas, acrílico, papel, isopor e embalagens metalizadas também são incluídos.
  • Resíduos líquidos e pastosos: que abrangem borras de tinta e lodos oriundos de estações de tratamento.
  • Resíduos agrícolas e biomassas: como caroço de açaí, casca de arroz, bagaço de cana, e outros detritos gerados na agroindústria.
Caroço de açaí utilizado no coprocessamento
Caroço de açaí como combustível para forno de produção de cimento, na Unidade Primavera da Votorantim Cimentos. Foto: Divulgação

Os detritos provenientes da atividade agrícola muitas vezes não encontram reutilização, o que pode acarretar problemas para os agricultores. A disposição inadequada desses materiais no meio ambiente apresenta riscos de poluição, tanto do solo quanto das fontes de água, além de contribuir para a produção de metano, um gás que intensifica o efeito estufa. Um exemplo disso é a casca de arroz, que muitas vezes ocupa espaço no processo de escoamento, acarretando impactos ambientais ao longo de sua degradação.

O emprego desses resíduos não gera novos rejeitos no processo de fabricação do cimento e não compromete a qualidade do produto final. Essa prática também promove uma diminuição do volume de materiais destinados a aterros sanitários, além de reduzir a utilização de combustíveis fósseis. O resultado é uma contribuição significativa para a redução das emissões de CO2 e de outros gases nocivos que podem ser gerados durante a decomposição dos resíduos.

Para entender melhor o coprocessamento de biomassas, você pode conferir o vídeo abaixo:

Princípios da Economia Circular

A prática do coprocessamento se alinha com a legislação vigente brasileira, promovendo uma tecnologia limpa que não gera passivos e transforma materiais que anteriormente eram considerados resíduos em novas matérias-primas, fortificando assim os princípios da economia circular.

A gestão de resíduos representa um desafio significativo para empresas, governos e sociedade civil. Os resíduos são um passivo ambiental que impõe riscos tanto para a saúde quanto para o meio ambiente. Dados do painel de resíduos sólidos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) indicam a produção de mais de 700 milhões de toneladas de resíduos industriais anualmente.

Conforme informa a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) em seu relatório de 2022 sobre resíduos sólidos, o Brasil gera aproximadamente 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos anualmente, dos quais 39% ainda são direcionados de maneira inadequada a aterros, levando décadas para se decompor.

A urgência em enfrentar essa situação motivou a criação da Lei nº 12.305/10, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), cujo intuito é impulsionar o gerenciamento responsável dos resíduos sólidos no país. A PNRS possui diretrizes para a gestão de resíduos sólidos, como a diminuição da geração de rejeitos, promoção da reciclagem e reutilização de materiais, além da inclusão social dos catadores, com a exigência de planos de gerenciamento pelos municípios.

Antigo lixão da Estrutural, serviço de gestão de resíduos
Antigo Lixão da Estrutural, já desativado. Foto: Leopoldo Silva | Agência Senado | Fotos Públicas

Dentro do conceito de gestão hierárquica de resíduos, o coprocessamento é uma alternativa complementar aos métodos disponíveis na atualidade. Essa hierarquia sugere que a não geração de resíduos é a prioridade, seguida pela redução, reutilização, reciclagem, tratamento e, por último, a destinação em aterros.

Vários segmentos da economia têm adotado essa solução sustentável, incluindo os setores agrícola, químico, alimentício, automobilístico, papel e celulose, além do comércio, como shoppings e grandes redes de varejo, que se valem do coprocessamento para a adequada gestão dos seus resíduos.

Forno de cimenteira utilizando coprocessamento
As altas temperaturas nos fornos da indústria cimenteira garantem que os resíduos usados no coprocessamento sejam totalmente aproveitados no processo, sem resíduos ou contaminantes. Foto: Natasha Olsen

A técnica de coprocessamento representa um avanço significativo na transformação de resíduos não recicláveis em uma fonte de energia limpa, em vez de serem simplesmente descartados. Essa tecnologia propõe uma solução que aborda os dois principais desafios: a geração excessiva de resíduos e a necessidade de combustíveis fósseis, beneficiando tanto o ambiente quanto as empresas.

Em 2023, a unidade de gestão de resíduos da Votorantim, chamada Verdera, alcançou a destinação de 1 milhão de toneladas de resíduos de forma sustentável, o equivalente a encher 1.257 piscinas olímpicas com materiais que deixaram de ser enviados a aterros sanitários. Essa ação resultou na economia de 600 mil toneladas de coque de petróleo, o que representa a redução da produção, transporte e utilização de cerca de 15 mil caminhões desse tipo de combustível fóssil nas operações brasileiras.

Para mais informações sobre o coprocessamento de biomassa, assista ao vídeo destacado:

Estudos indicam que o coprocessamento não só oferece uma solução adequada para a gestão de resíduos na indústria cimenteira, mas também reforça a reflexão sobre práticas sustentáveis e a sustentabilidade ambiental.

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