Durante a temporada de inverno, as baleias jubarte, mamíferos marinhos imponentes, voltam para o litoral brasileiro. Seus corpos majestosos são marcados por longas nadadeiras que podem atingir um terço do comprimento total. E foi justamente nessas poderosas nadadeiras que pesquisadores da Universidade de Harvard encontraram inspiração para criar um design inovador para turbinas eólicas.
Embora a geração de energia eólica tenha crescido significativamente no Brasil e no mundo, ela ainda depende da velocidade do vento, que pode variar ao longo do dia e das estações do ano, além de gerar ruídos mecânicos e aerodinâmicos. Para contornar essas limitações, um biólogo americano chamado Frank Fish, um engenheiro canadense chamado Philip Watts e um empresário canadense chamado Stephen Dewar desenvolveram uma turbina que promete superar esses obstáculos.
A tecnologia criada pelos pesquisadores é inspirada nas baleias jubarte, que possuem pequenas protuberâncias nas nadadeiras peitorais, chamadas de tubérculos. Essas saliências deram aos pesquisadores a ideia de aplicar algo semelhante no design das pás das turbinas eólicas. Os resultados dos experimentos mostraram que o novo design das pás, equipadas com os tubérculos, proporciona uma maior eficiência nas turbinas mesmo com ventos fracos.
A ideia por trás dessa inovação é aproveitar os ventos fracos, já que as turbinas modernas são projetadas para funcionar com ventos de alta velocidade, que são relativamente raros. Além disso, algumas turbinas desligam completamente acima de determinada velocidade do vento para evitar danos ao gerador e às pás do rotor, gerando um desempenho inferior em comparação com ventos mais moderados e frequentes. Com a tecnologia Tubercle, as turbinas eólicas podem produzir mais energia mesmo em condições de ventos mais fracos, aumentando sua eficiência em até 20%.
A empresa criada pelos pesquisadores, chamada WhalePower, avalia e desenvolve aplicações práticas para essa tecnologia inovadora. Além das turbinas eólicas, os tubérculos também podem ser utilizados em ventiladores industriais, ventiladores de computador, propulsores marítimos, sistemas de geração hidrelétrica de baixo fluxo, bombas e compressores. A tecnologia Tubercle já foi patenteada e licenciada para outras empresas, que podem testar, desenvolver, fabricar e vender máquinas equipadas com essa inovação.
Desde sua criação, a WhalePower tem recebido reconhecimento pelo seu trabalho. Os fundadores da empresa foram nomeados para o prestigioso European Inventor Award, em 2018. A aplicação dessa tecnologia não apenas aumenta a eficiência das turbinas eólicas, mas também reduz o ruído gerado por elas. As saliências inspiradas nas nadadeiras das baleias jubarte melhoram a aerodinâmica das pás e reduzem a turbulência, garantindo um funcionamento mais silencioso.
Através do design inovador inspirado nas baleias jubarte, a WhalePower está revolucionando a indústria de energia renovável. A utilização dos tubérculos nas pás das turbinas eólicas proporciona uma maior eficiência energética mesmo em condições de ventos fracos, superando as limitações das turbinas convencionais. Essa tecnologia promissora está abrindo portas para novas aplicações em diversos equipamentos rotativos, contribuindo para a expansão das fontes de energia limpa e sustentável.
