Alteração na temperatura do mar põe em risco equilíbrio da vida marinha

tartaruga recife corais

Variação na temperatura do oceano ameaça equilíbrio marinho

Neste Dia Mundial da Água, é importante refletir sobre as ações humanas que estão ameaçando o equilíbrio da vida nos oceanos. Mais de 97% da água do planeta está concentrada nos mares, e essas águas salgadas também estão sendo afetadas pelas mudanças climáticas. Em fevereiro deste ano, a temperatura da superfície do oceano atingiu o maior valor já registrado na história, com uma média de 21,06°C, superando o recorde anterior de agosto de 2023, quando a média mensal foi de 20,98°C.

Essa variação de temperatura traz diversas consequências negativas, uma delas é a ameaça aos recifes de corais. Apesar de ocuparem apenas 0,1% do fundo do mar, esses ecossistemas desempenham funções ecológicas essenciais, oferecendo abrigo e alimento para cerca de 25% das espécies marinhas. Os recifes de corais são extremamente sensíveis ao aquecimento da água do mar, e mesmo pequenas variações de temperatura podem desencadear problemas crônicos nos oceanos.

Segundo a bióloga Janaína Bumbeer, gerente de projetos da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, o Acordo de Paris propõe limitar o aquecimento global abaixo de 2°C, com um esforço para manter o aumento em 1,5°C. No entanto, um relatório da agência das Nações Unidas para o Meio Ambiente afirma que mesmo no cenário mais otimista, a probabilidade de limitar o aquecimento a 1,5°C é de apenas 14%.

De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), essa diferença de meio grau pode ser o limiar entre a sobrevivência e o colapso total dos recifes de corais ao redor do mundo. Com o aquecimento de 1,5°C, estima-se que 70% a 90% dos recifes de corais do planeta serão perdidos, enquanto um aquecimento de 2°C representaria o fim desse ecossistema vital para a vida marinha. Além do comprometimento dos países em reduzir as emissões de gases de efeito estufa, é fundamental o engajamento da sociedade para enfrentar os desafios enfrentados pelos corais, como a poluição e a sobrepesca.

A Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza classifica várias espécies de corais como em “risco crítico” devido à crise climática. O branqueamento dos corais, processo causado pelo aquecimento e acidificação do oceano, é uma das principais ameaças. Esse fenômeno faz com que o tecido dos corais fique translúcido, revelando seu esqueleto de carbonato de cálcio e diminuindo a capacidade reprodutiva, taxas de crescimento e calcificação, podendo levar à morte dos corais.

Os recifes de corais são considerados os ecossistemas mais diversos do planeta, abrigando uma em cada quatro espécies marinhas e 65% dos peixes marinhos. No Brasil, a região Nordeste possui os únicos ambientes de recifes de corais do Atlântico Sul, estendendo-se por cerca de 3 mil quilômetros ao longo da costa. O país possui 24 espécies de corais duros, sendo algumas delas exclusivas. Parte desses ecossistemas é protegida por unidades de conservação administradas pelo governo federal, estados e municípios.

Diante da importância dos recifes de corais para a economia brasileira, a Fundação Grupo Boticário realizou o estudo “Oceano sem mistérios – Desvendando os recifes de corais”. O levantamento revelou que esses organismos geram anualmente até R$ 167 bilhões para o país. Apenas o turismo em destinos com recifes de corais no Nordeste movimenta cerca de R$ 7 bilhões por ano com atividades de lazer e recreação.

Diante dessa realidade, a Fundação Grupo Boticário iniciou a campanha “Termômetros apontam: é hora da mudança” neste Dia Mundial da Água. A campanha busca conscientizar e motivar as pessoas a adotarem hábitos favoráveis ao meio ambiente, a fim de contribuir com a proteção dos corais e dos ecossistemas marinhos. Através de ações nas redes sociais e ativação em Porto de Galinhas, em Pernambuco, a campanha visa a engajar a sociedade na busca por soluções e na proteção do planeta.

É fundamental entender que cada um de nós faz parte dessa mudança e que as ações individuais também são essenciais para preservar o equilíbrio dos oceanos. Todos estamos conectados e temos o dever de agir coletivamente para reverter os danos e proteger o nosso planeta. A hora de mudar é agora!

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