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Embora a maioria dos pais e educadores valorize a relevância de atividades ao ar livre para as crianças, muitos demonstram hesitação em permitir que os pequenos se envolvam em brincadeiras que são frequentemente qualificadas como “bagunçadas” ou minimamente “arriscadas”. Essa percepção foi evidenciada em uma pesquisa recente realizada pela Universidade da Austrália do Sul (UniSA).
Os achados da pesquisa foram publicados na revista científica PLOS ONE, onde os pesquisadores, ao dialogar com responsáveis pela primeira infância, descobriram que há uma abertura para atividades na natureza que sejam consideradas “seguras” ou “limpas”, mas houve uma resistência maior em relação a brincadeiras que poderiam ser vistas como potencialmente arriscadas. A questão que fica é: será que estamos presenciando o declínio das brincadeiras como subir em árvores ou criar lama?
Kylie Dankiw, pesquisadora da UniSA e candidata a doutorado, destaca que os pais e educadores desempenham papéis essenciais como guardiões em relação às brincadeiras ao ar livre. “A experiência de brincar na natureza é amplamente reconhecida por seus efeitos benéficos na saúde, desenvolvimento e bem-estar das crianças”, observa Dankiw, ressaltando que este foi um tema recorrente durante as entrevistas com pais e cuidadores.
Ainda segundo Dankiw, as brincadeiras na natureza são fundamentais porque ajudam a desenvolver a regulação emocional, as habilidades físicas e os resultados educacionais dos pequenos, além de estimular a criatividade e a imaginação. Essas são preocupações que os adultos têm em mente. “Além disso, pais e educadores percebem que brincar ao ar livre pode ser uma maneira eficaz de ajudar as crianças a se conectarem com o meio ambiente e aprenderem sobre práticas sustentáveis”, acrescenta.
Além disso, a pesquisadora observa que pais e cuidadores estão cientes de que oportunizar experiências de brincadeiras na natureza é uma forma de minimizar o tempo que as crianças passam em frente a telas, proporcionando uma alternativa saudável ao uso de tecnologias.
Apesar da conscientização sobre os benefícios das atividades ao ar livre, muitos pais e cuidadores desejam que seus filhos cheguem em casa limpos após um dia na creche. A dificuldade em lidar com as brincadeiras ao ar livre aumenta quando se tratam de atividades que podem ser bagunçadas ou sujas, como brincadeiras com água ou lama, ou quando são consideradas arriscadas, como escalar árvores. Além disso, a logística pode ser um empecilho, especialmente quando é necessário mudar as roupas das crianças após essas atividades.
Quase a metade das crianças na Austrália, com idades entre 0 e 12 anos, frequenta creches, seja em formato formal ou informal, sendo as creches de longa duração as mais comuns para crianças de até 4 anos.
De acordo com a Dra. Margarita Tsiros, especialista em pediatria da UniSA, os educadores têm um papel fundamental no enfrentamento dos desafios relacionados às atividades ao ar livre, considerando a presença de muitas crianças sob seus cuidados.
“Compreender os obstáculos pode ser essencial para desenvolver estratégias que incentivem as brincadeiras na natureza em diferentes faixas etárias. Isso também informará políticas e práticas que considerem os fatores facilitadores”, afirma a especialista. “Um passo importante é aumentar o conhecimento dos educadores sobre a educação ao ar livre, o que abrange o entendimento de como promover experiências de brincadeiras na natureza utilizando os recursos disponíveis”, conclui.
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