Vasos e jardineiras sustentáveis ajudam a fertilizar o solo

A Compostify, uma startup ambientalmente sustentável localizada na Nova Zelândia, trouxe um avanço significativo para a jardinagem e o cultivo de alimentos. Após cinco anos dedicados a pesquisa e experiências, a empresa desenvolveu um novo tipo de material compostável que promete substituir os plásticos de uso único em vasos e sementeiras.

Destinada a atender a demanda de viveiros, esta inovação tem o potencial de substituir anualmente cerca de 350 milhões de potes plásticos utilizados no cultivo de mudas e plantas em todo o país. Em adição à decomposição no solo, o bioplástico criado pela Compostify transforma-se em um verdadeiro adubo para a terra – uma vez plantado diretamente, o vaso fornece nutrientes para a planta em processo de degradação.

“Nosso objetivo é eliminar plásticos tradicionais substituindo-os por materiais que coexistam de maneira harmoniosa com a natureza”, relatou Peter Wilson, cofundador e CEO da Compostify. De acordo com Wilson, o bioplástico desenvolvido não só oferece funcionalidade e resistência, mas também possui a capacidade de se decompor naturalmente, convertendo resíduo em algo que beneficie o solo. Este projeto levou cinco anos para ser validado.

Produzidos a partir de matérias-primas cultivadas de maneira sustentável, como cana-de-açúcar, mandioca e milho, os vasos têm uma durabilidade de até 12 meses fora da terra, iniciando o processo de degradação assim que entram em contato com o solo.

Wilson esclarece que, em contraste com outros bioplásticos disponíveis, o material fabricado pela Compostify começa a se decompor apenas ao entrar em contato com micróbios presentes no solo. Essa característica garante que as sementeiras e vasos se mantenham robustos durante o armazenamento, mas que sejam completamente compostáveis ao fim de seu ciclo de vida.

Descomposição real

Um detalhe importante é que os vasos e sementeiras fabricados são “verdadeiramente compostáveis”, decompondo-se sob condições normais e sem a necessidade de instalações industriais sofisticadas ou inacessíveis. Muitos produtos rotulados dessa forma dependem de sistemas de compostagem industrial, que requerem temperaturas controladas, umidade específica e acessibilidade a instalações que são difíceis ou caras de manter. Como resultado, menos de 0,5% dos bioplásticos são realmente compostados na Nova Zelândia, desestimulando iniciativas de pessoas que buscam um efeito sustentável.

O material desenvolvido pela Compostify foi elaborado para se decompor naturalmente em compostagem doméstica, em minhocários ou mesmo no solo de jardins e canteiros.

Peter destaca que os biopolímeros oriundos de plantações são compostos unicamente por nutrientes e substâncias químicas naturais que atraem micróbios, sem deixar resíduos tóxicos ou microplásticos. Quando em contato com solo, composto ou outros ambientes naturais, o bioplástico patenteado da Compostify se torna totalmente compostável em até 12 meses quando em compostagem doméstica e até 24 meses em solo. Contudo, o material possui uma vida útil consideravelmente mais longa, uma vez que é projetado para permanecer estável durante o armazenamento e igualar o desempenho dos plásticos tradicionais sem falhas precoces.

“Com isso, alcançamos uma inovação mundial: encontramos um método para garantir a decomposição certificada de uma mistura de bioplástico em condições amenas, como solo comum ou sistemas de compostagem de casa”, enfatiza Peter.

Colaborações estratégicas

A inovação da Compostify é fruto de um esforço conjunto com o Crown Research Institute Scion, que teve um papel fundamental no desenvolvimento e teste de aproximadamente 40 mil vasos compostáveis.

Durante o processo de criação, o produto seguro para minhocas era conhecido como “PolBionix”, mas foi renomeado como Compostify para seu lançamento no mercado nacional. Os pedidos já estão sendo realizados, e a produção de recipientes ecológicos para o setor de horticultura já começou, com a intenção de causar um grande impacto na indústria, oferecendo soluções para a redução do uso e descarte de plástico, utilizando biopolímeros derivados de plantações sem deixar resíduos prejudiciais ao meio ambiente.

A indústria da construção também apresenta uma demanda semelhante por soluções em bioplásticos, e é vista como um próximo mercado viável para a introdução de alternativas sustentáveis, como capas de segurança para vergalhões plásticos que costumam ser descartados em grandes quantidades ao final dos projetos. Há indícios de pedidos iniciais para esses itens.

“O nosso bioplástico representa a base para um futuro onde plásticos de uso único deixem de existir,” conclui Wilson. “Estamos aqui para fornecer oportunidades aos nossos parceiros, na Nova Zelândia e em outras regiões, visando um mundo que não apenas minimize o desperdício, mas que também o reinvente.”