“`html
No dia 12 de dezembro, foi oficialmente aberto o Centro de Pesquisa e Inovação em Clima e Sustentabilidade, conhecido como USPproClima, na Universidade de São Paulo (USP). Esta iniciativa conta com o apoio financeiro da empresa multinacional Ambipar, que irá investir R$ 5 milhões ao longo dos próximos cinco anos. Este recurso será fundamental para a USP poder avançar em pesquisas sobre mudanças climáticas e emergência ambiental, além de contribuir para o desenvolvimento de propostas práticas de descarbonização.
O USPproClima será dividido em cinco áreas de pesquisa distintas: Gerenciamento de Carbono e Soluções Baseadas na Natureza, Prevenção de Desastres, ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), Economia Circular, e Gestão de Resíduos Sólidos e Geração de Energia Renovável.
Dentre as tecnologias que já estão em uso na Cidade Universitária, destacam-se a energia fotovoltaica e o biodigestor, um sistema criado pela própria USP que converte resíduos orgânicos em energia. Este equipamento já possui licença para operar em diversas cidades, concedida pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB).
Recentemente, a USP também lançou o primeiro posto de hidrogênio do mundo feito a partir de etanol, uma inovação que deve potencializar ainda mais as soluções desenvolvidas por esta instituição, que é uma das referências em pesquisa no Brasil.
Reconhecimento Internacional em Sustentabilidade
O lançamento do USPproClima acontece em um contexto animador, já que a USP foi classificada como a quinta universidade mais sustentável do mundo, segundo o UI GreenMetric World University Ranking 2024. Esse ranking avalia universidades globalmente com base na implementação de projetos voltados para a sustentabilidade ambiental em seus campi, na educação e em pesquisas relacionadas a esse tema, assim como ações realizadas em colaboração com a comunidade.
Ao todo, 1.477 universidades de 95 países foram analisadas. A USP, que anteriormente ocupava a oitava posição, conseguiu avançar para o quinto lugar, consolidando sua liderança na América Latina. Outra instituição brasileira que também se destacou, figurando entre as 50 melhores do mundo, é a Universidade Federal de Lavras (Ufla), que ocupa o 35º lugar.
No ranking mundial, as universidades que estão nas posições superiores incluem a Universidade de Wageningen (Holanda), Universidade Nottingham Trent (Reino Unido), Universidade de Groningen (Holanda) e Universidade College Cork (Irlanda). Dentro da América Latina, a USP é seguida pela Universidad Autónoma de Nuevo León (México), que ocupa a 16ª posição, e pela Universidad del Rosario (Colômbia), na 30ª colocação.
A USP acumulou 9.450 pontos de um total possível de 10.000, e a vice-reitora Maria Arminda do Nascimento Arruda se manifestou sobre a classificação: “Esse é um resultado muito significativo para a Universidade de São Paulo. Entendemos que a sustentabilidade e a excelência estão intimamente relacionadas, e a USP não vê essas dimensões como separadas. Estamos muito orgulhosos de nossa posição neste ranking e reforçamos nosso compromisso de melhorar ainda mais na próxima edição”.
Desafios na Gestão de Resíduos no Brasil
Uma questão pertinente ao Brasil é a gestão de resíduos. Um estudo da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema) revelou que 41,5% do material descartado pelos brasileiros em 2023 foi encaminhado para locais inadequados, como lixões. A dificuldade na administração de resíduos sólidos urbanos é um desafio não exclusivo do Brasil, conforme destacou Roberto Azevêdo, presidente global de operações da Ambipar.
A Ambipar atua na coleta, tratamento e reciclagem de resíduos, além de reintrodzi-los no processo produtivo. Azevêdo comentou que, mesmo em países desenvolvidos como os EUA, a taxa de coleta de resíduos em vários setores não chega a 20%. “Ainda temos muito a fazer e a Ambipar busca se envolver em todas as etapas desse processo”, afirmou.
A gestão de resíduos orgânicos, assim como embalagens e resíduos provenientes da agricultura, são áreas ainda pouco exploradas que oferecem potencial para a geração de energia. A Ambipar busca transformá-los em fontes úteis dentro do complexo industrial.
O biodigestor é um claro exemplo de tecnologia que pode melhorar a gestão de resíduos não apenas na USP, mas no Brasil como um todo. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, resíduos alimentares representam cerca de 50% do descarte urbano no país. A USP já recebe restos de alimentos dos restaurantes de seu campus, além de estar aberta a colaborar com municípios interessados em adotar essa tecnologia.
Outro ponto importante na discussão é a economia circular, que envolve pensar nos produtos e suas embalagens desde a concepção até o descarte. A coordenadora do USPproClima, Patrícia Iglecias, acrescentou que a interconexão entre gestão de resíduos e prevenção de desastres é um dos focos centrais do centro, enfatizando a necessidade de preparar as comunidades para eventos climáticos extremos.
Compromisso com a Neutralidade de Carbono
A USP se comprometeu a se tornar uma universidade carbono neutro até o final de 2025, um feito que a tornará uma das pioneiras nesse aspecto em nível mundial. A vice-reitora revelou que a universidade já está implementando uma transição energética para utilizar fontes limpas. O foco imediato está no uso de um biodigestor e no hidrogênio, que alimenta os ônibus que atuam na universidade.
Para a efetivação desse compromisso, a USP iniciou um inventário das emissões em suas unidades e, com o suporte da Ambipar, irá expandir essa análise para a totalidade da universidade. Em seguida, será feito um levantamento das oportunidades de mitigação, e a universidade buscará emitir créditos de carbono que sejam certificados internacionalmente e que possuam rastreabilidade.
O USPproClima, que será instalado no campus da Universidade em São Paulo, contará com conselheiros como a ex-ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e outros especialistas que trabalharão em conjunto com a Ambipar para desenvolver soluções que beneficiem tanto a sociedade quanto o meio ambiente.
A colaboração entre a Ambipar e os centros de pesquisa da USP é vista como uma forma de unir as demandas práticas do mercado ambiental aos acadêmicos, criando um ambiente sinérgico que favorece o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade.
“`