Pirambeira produtiva: técnica inovadora leva agroflorestas para encostas íngremes
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) desenvolveram uma técnica revolucionária para aproveitar áreas inclinadas e torná-las produtivas. Chamada de “Pirambeira produtiva”, a técnica utiliza dispositivos de manejo que permitem o cultivo em encostas íngremes, tradicionalmente descartadas pelos agricultores familiares.
O Núcleo de Permacultura (NEPerma) da UFSC vem testando a técnica desde 2017 em uma área experimental. A lógica por trás da Pirambeira produtiva é baseada na permacultura, buscando estabelecer Sistemas Agroflorestais de Carona. Essa abordagem socialmente sustentável e ecologicamente correta visa facilitar o manejo das culturas, oferecendo uma alternativa viável para áreas ociosas ou de difícil manejo.
Uma das principais dificuldades encontradas pelos agricultores em terrenos declivosos é a falta de opções ergonômicas para o trabalho. Mecanizar essas áreas muitas vezes é inviável, e a produtividade agrícola acaba sendo comprometida. A Pirambeira produtiva resolve esse problema ao oferecer uma sistematização do SAF (Sistemas Agroflorestais) utilizando o pé-de-galinha.
O pé-de-galinha é uma estrutura em forma de “A” que permite a medição e transferência de medidas pré-estabelecidas para o terreno. Além de estabelecer níveis horizontais para a implantação de valas de infiltração, o pé-de-galinha pode ser adaptado para a construção de passeios em patamares e rampas. Esses caminhos facilitam o manejo e a circulação nas áreas produtivas, garantindo a saúde e a qualidade de vida dos agricultores.
A Pirambeira produtiva pode ser implantada em qualquer área de produção com terreno inclinado, e o custo de construção do pé-de-galinha gira em torno de R$150,00. Essa tecnologia social foi certificada pela Fundação Banco do Brasil, que reconhece soluções desenvolvidas em parceria com as comunidades e que buscam solucionar problemas socioambientais.
Atualmente, a região da Grande Florianópolis é conhecida por suas áreas inclinadas e de alta declividade. Essas características dificultam o manejo do solo e impactam a produtividade agrícola. Com a Pirambeira produtiva, os agricultores têm uma nova alternativa para tornar essas áreas produtivas, gerando alimentos saudáveis e renda para a agricultura familiar.
A implementação dessa técnica inovadora pode ser um passo importante para tornar a agricultura mais sustentável, aproveitando áreas antes consideradas inviáveis. Além disso, o uso do SAF contribui para a preservação ambiental e para a promoção da biodiversidade.
A Pirambeira produtiva é mais um exemplo de como a permacultura e a agrofloresta podem trazer soluções criativas e eficientes para os desafios da agricultura. Com o apoio de instituições e a disseminação dessas práticas, é possível promover o desenvolvimento sustentável e garantir a segurança alimentar para as futuras gerações.
Fonte: Guia Região dos Lagos
