Explosão de casos de dengue preocupa cidades do Rio de Janeiro
Com a chegada do Carnaval, o estado do Rio de Janeiro tem enfrentado um aumento alarmante nos números de casos de dengue. Esse aumento se torna ainda mais preocupante devido às chuvas das últimas semanas, que propiciaram o acúmulo de água em áreas já castigadas pelas enchentes. Apenas na capital, segundo informações do Ministério da Saúde, já foram registrados 7.831 casos este ano, com a possibilidade de quatro mortes causadas pela doença. Esse número representa cerca de um terço do total de casos registrados em 2023, quando houve 22.859 casos e seis óbitos confirmados.
Um levantamento feito pelo Centro de Inteligência em Saúde (CIS) mostrou que há uma forte tendência de alta nos casos de dengue, superando inclusive a média histórica. Nas três primeiras semanas de janeiro, o estado registrou 9.963 notificações de casos prováveis da doença, o que representa um aumento de 587% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os sorotipos 1 e 2 do vírus da dengue estão em circulação no Rio de Janeiro. Embora tenha sido identificado um caso do sorotipo 4, não há evidências de sua disseminação. Já o sorotipo 3 está em circulação em Minas Gerais e São Paulo, mas não é registrado no Rio desde 2007.
Diante dessa situação preocupante, as autoridades estão adotando medidas para combater o avanço da dengue. Na última sexta-feira (23), o governador Cláudio Castro e a secretária estadual de Saúde, Claudia Mello, anunciaram o Plano Estadual de Combate à Dengue. Esse plano inclui a implementação de ações diárias, uso de tecnologia, qualificação e apoio aos 92 municípios do estado.
De acordo com o governo do estado, já foram adquiridos equipamentos e insumos destinados às cidades com maior incidência de casos, com o objetivo de estabelecer 80 salas de hidratação. Essas salas terão capacidade para atender até 8 mil pacientes por dia, representando um investimento de R$ 3,7 milhões. No entanto, a Prefeitura do Rio de Janeiro não divulgou informações sobre as ações de combate à doença na cidade.
Em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, a Secretaria Municipal de Saúde registrou 109 notificações de casos de dengue neste ano, com 27 casos confirmados até o momento. Segundo a pasta, não há registros de casos graves ou óbitos. A cidade realizou ações de prevenção e orientação da população, inclusive com a visita de agentes de controle das arboviroses em diversas residências.
Na cidade de Niterói, foram confirmados apenas três casos de dengue no período de 1 a 29 de janeiro deste ano, sem nenhum óbito. A prefeitura informou que realiza ações preventivas constantes, como vistorias em imóveis abandonados, e conta com uma equipe de fiscais sanitários exclusivamente dedicada a esse trabalho. Além disso, o Centro de Controle de Zoonoses realiza visitas a cerca de 5 mil imóveis diariamente para combater o mosquito transmissor da dengue.
Niterói se destaca também pelo método de controle da dengue utilizando a bactéria Wolbachia. Desde 2023, a cidade se tornou a primeira do Brasil a ter 100% de seu território coberto pela Wolbachia, uma medida eficaz na redução dos casos de dengue, chikungunya e zika. De acordo com dados divulgados em 2021, houve uma redução de cerca de 70% nos casos de dengue nas áreas onde houve a intervenção entomológica.
No município de Maricá, foram registrados 21 casos de dengue em dezembro de 2023 e 35 casos até o momento em janeiro deste ano, sem nenhum óbito confirmado. O governo municipal informou que a Vigilância Ambiental realiza um trabalho intenso de prevenção e combate ao mosquito Aedes aegypti em toda a cidade, com agentes de combate às endemias realizando fiscalização e vistorias constantes.
O quadro alarmante da dengue no Rio de Janeiro tem deixado a população em estado de alerta. Segundo o infectologista José Pozza Júnior, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, a combinação de calor extremo com focos de água acumulada é favorável à proliferação dos mosquitos transmissores da doença. Por isso, é fundamental que a população adote medidas de prevenção, como eliminar a água parada, usar repelentes e mosquiteiros.
A vacina contra a dengue foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em julho de 2023 e estará disponível para a população a partir de fevereiro deste ano. Inicialmente, as doses estarão disponíveis apenas nos municípios de grande porte com alta transmissão do vírus nos últimos dez anos. O público-alvo são crianças e jovens de 10 a 14 anos, com um esquema vacinal de duas doses, com intervalo de três meses.
No Brasil, os números de casos de dengue também são preocupantes. De acordo com o Ministério da Saúde, nas primeiras semanas de 2024, já foram registrados 217.841 casos prováveis da doença, com 15 mortes confirmadas e 149 em investigação. A incidência da dengue no país é de 107,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, com uma taxa de letalidade de 0,9%.
Diante desse cenário, é importante que a população esteja consciente da gravidade da dengue e das medidas de prevenção, assim como do acesso à vacinação quando disponível. A colaboração de todos é fundamental para combater a proliferação do mosquito transmissor e evitar o avanço da doença.