Susto! Pescadores cercados por tubarões em Saquarema
Um passeio que deveria ser relaxante de caiaque entre pescadores esportivos se transformou em um momento de grande tensão e pavor. Na manhã da última terça-feira (25), na Praia da Vila, em Saquarema, local na Região dos Lagos, um grupo de pescadores foi cercado por três tubarões-limão com aproximadamente 2 metros de comprimento. Durante o incidente, um dos animais se aproximou bastante da areia, gerando uma situação de medo para os pescadores.
Filipe de Oliveira Carvalho, um dos pescadores envolvidos, destacou ao Enfoco como a rotina de pesca na praia se transformou rapidamente em um episódio inesperado. “Para mim, seria um dia comum, saí para pescar com três amigos. Nós nos dividimos: dois ficaram em uma parte e eu e outro em outra”, relatou Filipe.
A busca por um peixe diferente levou Filipe e seu parceiro a se afastarem um pouco mais do que estavam habituados. “Estávamos pescando normalmente quando avistei um cardume, então resolvi remar para investigar”, continuou o pescador. Foi nesse momento que ele se deparou com um dos tubarões.
Filipe descreveu uma sensação de um misto de medo e euforia. “De repente, olhei para trás e vi um tubarão vindo pela lateral do caiaque. Gritei e fiquei completamente eufórico”, comentou o pescador. O tubarão parece ter se assustado com a reação e rapidamente se afastou, permitindo que Filipe remasse para contar ao seu amigo sobre o que havia ocorrido.
O grupo estava próximo ao cardume de Anchoviella lepidentostole, conhecido como manjubinha, cerca de 800 metros da costa, onde o outro pescador havia relatado uma boa captura de peixes. “Foi então que observamos uma grande sombra no cardume. Afirmei, ‘É um tubarão’. Provavelmente ele veio de lá e se aproximou da margem”, explicou.
Ainda que a presença do tubarão fosse um motivo de preocupação, os pescadores decidiram continuar explorando a pesca, mantendo uma distância segura do animal. O cenário se tornou ainda mais alarmante com a aparição de outros dois tubarões no mar. “Paramos de pescar e começamos a registrar o que estava acontecendo, pois era algo inusitado. Nunca imaginamos que uma situação assim poderia ocorrer conosco, especialmente tão perto da costa, onde normalmente as pessoas costumam nadar”, relatou Filipe.
Para ele e seus companheiros de pesca, a experiência foi não apenas aterrorizante, mas também inédita. “Estamos acostumados a ver esse tipo de situação em outros países, mas aqui no Brasil, acredito que seja a primeira vez que algo assim acontece”, afirmou. No final do episódio, todos os pescadores saíram em segurança do mar, enquanto os tubarões permaneceram na área se alimentando por cerca de uma hora.
Orientações em caso de avistamento de tubarões
O biólogo e especialista em tubarões, Cláudio Sampaio, destacou algumas orientações importantes sobre como agir caso alguém aviste um tubarão e ressaltou a relevância de registrar emergências como essa, mesmo que à distância, para garantir a segurança dos envolvidos.
Cláudio explicou que, pelas imagens registradas, não foi possível determinar com precisão se o tubarão avistado era da espécie tubarão-limão ou cação. Além disso, o biólogo observou que os animais não mostraram sinais de agressividade, permitindo que os pescadores capturassem imagens raras e de grande beleza. “Os tubarões geralmente despertam temores que são, na maioria das vezes, desnecessários, alimentados por informações equivocadas”, enfatizou.
Cláudio também destacou que, ao avistar um tubarão, é aconselhável não tentar persegui-lo ou capturá-lo. O ideal é sair da água, se possível, e observar o comportamento do animal em segurança. O biólogo ainda sugeriu que os observadores aproveitem a oportunidade para registrar a situação em vídeo e fotos e encaminhá-las a especialistas de órgãos ambientais, museus ou universidades. Essa documentação é essencial para a pesquisa e a compreensão dessas criaturas fascinantes.
Segundo Cláudio, os ataques de tubarões, com exceção dos ocorridos nas áreas costeiras metropolitanas de algumas capitais, como a da capital pernambucana, são eventos relativamente raros no Brasil. As espécies que podem ser consideradas mais perigosas geralmente têm hábitos costeiros, uma dieta geral e um grande porte, o que pode aumentar a probabilidade de encontros com humanos. Esses encontros, no entanto, também podem estar relacionados ao comportamento humano, que anualmente ocupa mais as áreas costeiras, degrada os ambientes, pesca de forma excessiva e polui.
Avistamento raro de tubarão mako
Em outro evento recente, no último domingo (23), um tubarão mako (Isurus oxyrinchus), uma espécie de grande velocidade que se encontra em risco de extinção, foi observado nadando entre a Praia de Ipanema e as Ilhas Cagarras, na Zona Sul do Rio de Janeiro. A descoberta foi realizada por uma equipe de mergulhadores do Instituto Mar Urbano e da Macau Dive. Segundo especialistas, essa espécie é um dos nadadores mais rápidos do oceano. Cláudio Sampaio comentou que o tubarão pode ter fugido de predadores, explicando a presença desse animal em uma área onde normalmente não é visto.
