Sacos de chá liberam milhões de microplásticos

Saquinhos de chá

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Saquinhos de chá e os riscos de microplásticos na saúde

Saquinhos de chá contaminados com microplásticos
A embalagem de alimentos é uma grande fonte de contaminação por micro e nanoplásticos. | Foto: TeaCora Rooibos | Unsplash

É amplamente reconhecido que os plásticos se encontram na água, nos alimentos e até no ar que respiramos. Contudo, a forma como a poluição provocada por resíduos plásticos impacta nossa saúde permanece um assunto em debate. Recentemente, um estudo inédito demonstrou que partículas plásticas liberadas pelos saquinhos de chá comercializados podem ser absorvidas por células intestinais humanas, potencialmente alcançando a corrente sanguínea e se disseminando pelo organismo.

A embalagem de alimentos constitui uma significativa fonte de contaminação por micro e nanoplásticos (MNPLs), sendo a inalação e a ingestão as principais vias de exposição ao ser humano. Com isso em mente, um grupo de pesquisadores do Departamento de Genética e Microbiologia da Universidade Autônoma de Barcelona (UAB) conduziu um estudo que caracterizou micro e nanoplásticos provenientes de diferentes tipos de saquinhos de chá disponíveis no mercado. Durante a pesquisa, verificou-se que, ao preparar uma infusão, uma grande quantidade de partículas nanométricas e fibras nanofilamentosas são liberadas, representando uma importante fonte de exposição a MNPLs.

Estudo sobre saquinhos de chá e microplásticos
Os saquinhos de chá analisados na pesquisa eram feitos de nylon-6, polipropileno e celulose. | Foto: K8 | Unsplash

No decorrer da investigação, os saquinhos de chá utilizados foram fabricados a partir dos polímeros nylon-6, polipropileno e celulose. Os resultados mostraram que, ao preparar o chá, o polipropileno liberou cerca de 1,2 bilhão de partículas por mililitro, com uma média de 136,7 nanômetros; enquanto a celulose originou cerca de 135 milhões de partículas por mililitro, com um tamanho médio de 244 nanômetros. O nylon-6, por sua vez, liberou aproximadamente 8,18 milhões de partículas por mililitro, com uma média de 138,4 nanômetros.

Um estudo canadense anterior já havia indicado a possibilidade de liberação de plásticos através de saquinhos de chá, estabelecendo um precedente para os achados atuais.

Técnicas analíticas avançadas

Para detalhar os variados tipos de partículas presentes na infusão, os pesquisadores aplicaram um conjunto de técnicas analíticas sofisticadas, incluindo microscopia eletrônica de varredura (MEV), microscopia eletrônica de transmissão (MET), espectroscopia infravermelha (ATR-FTIR), espalhamento dinâmico de luz (DLS), velocimetria Doppler a laser (LDV) e análise de rastreamento de nanopartículas (NTA).

Pesquisadoras da Universidade Autônoma de Barcelona
Pesquisadoras da Universidade Autônoma de Barcelona. | Foto: Divulgação

A pesquisadora da UAB, Alba Garcia, comentou: “Conseguimos caracterizar esses poluentes de forma inovadora utilizando um conjunto de técnicas de ponta, que são ferramentas cruciais para a investigação sobre os potenciais impactos na saúde humana”.

Interação das partículas com células intestinais

As partículas analisadas foram coradas e expostas a diferentes tipos de células intestinais humanas para avaliar como ocorrem a interação e possível internalização celular. Os experimentos revelaram que as células intestinais produtoras de muco mostraram a maior taxa de absorção de micro e nanoplásticos, com as partículas inclusive entrando no núcleo celular, onde está o material genético. Esse resultado indica o papel essencial que o muco intestinal desempenha na absorção dessas partículas poluentes e destaca a urgência de investigações adicionais sobre os efeitos da exposição crônica à saúde humana.

Saquinhos de chá
Foto: Rudy e Peter Skitterians / Pixabay

Os pesquisadores ressaltam a importância de criar métodos de avaliação padronizados para medir a contaminação por MNPLs que resulta de plásticos em contato com alimentos, além de desenvolver políticas regulatórias eficazes para mitigar essa contaminação. Com o aumento contínuo do uso de plásticos nas embalagens alimentícias, é crucial abordar a questão da contaminação por MNPLs a fim de garantir a segurança alimentar e proteger a saúde pública.

O estudo foi realizado no âmbito do projeto europeu PlasticHeal, coordenado por Alba Hernández, professora do Departamento de Genética e Microbiologia da UAB. A pesquisa também contou com a colaboração do Grupo de Mutagênese da UAB, incluindo Alba García-Rodríguez, Ricard Marcos e Gooya Banaei, primeiro autor do artigo. Pesquisadores do Centro Helmholtz de Pesquisa Ambiental em Leipzig, Alemanha, também colaboraram no estudo.

Para mais informações, acesse o artigo intitulado Micro/nanoplásticos derivados de saquinhos de chá (MNPLs reais) como um substituto para cenários de exposição da vida real.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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