Frente aos obstáculos decorrentes de incêndios e da estiagem, a Rede Origens Brasil anunciou o fortalecimento de várias iniciativas que visam a preservação da floresta através da sociobioeconomia. Desde setembro de 2024, a rede expandiu seu trabalho na Amazônia, abrangendo comunidades indígenas de mais de dez etnias, ribeirinhos e extrativistas tradicionais, consolidando sua presença no sexto território da sua atuação.
Essa conexão entre os povos locais e os empreendimentos éticos promovidos pela rede potencializa a produção e valoriza os produtos originários das comunidades.
“Como extrativistas e ribeirinhos que vivem nas comunidades tradicionais, estamos contentes por contribuir para a Rede Origens Brasil e melhorar nossa produção”, afirma Luzia, integrante da Associação dos Produtores Agroextrativistas de Canutama (ASPAC).
O Território Calha do Purus, que inclui cinco municípios amazonenses: Canutama, Pauini, Boca do Acre, Tapauá e Lábrea ao longo do Rio Purus, abrange uma área total de 5,7 milhões de hectares, que englobam 22 Áreas Protegidas. Apesar dos esforços dos guardiões da floresta, o desmatamento representa uma grave ameaça na região, que é parte do arco de desmatamento no sul do estado. Segundo dados do MapBiomas (2023), Lábrea está entre os cinco municípios mais desmatados do Brasil.
Entretanto, as práticas de manejo sustentável e sistemas produtivos tradicionais, realizados pelos povos que habitam a região da Calha do Purus, são reconhecidos por sua eficiência produtiva aliada à conservação das áreas protegidas. Os novos integrantes da rede estão capacitados em manejar uma variedade de produtos florestais, como borracha, murumuru, óleo de copaíba, óleo de andiroba, cumaru, mel, entre outros itens provenientes da sociobiodiversidade.
De acordo com Patrícia Machado, coordenadora de Articulação Territorial da Rede Origens Brasil no Imaflora, “a integração do Território Calha do Purus à Rede Origens Brasil ampliará nosso impacto como uma referência em comércio ético. A diversidade existente na região, juntamente com a presença de instituições de apoio e organizações comunitárias, irá facilitar a expansão das relações comerciais, baseadas em diálogos construtivos, que é uma das premissas da nossa rede. O Memorial Chico Mendes, Idesam e WWF se destacam como um conjunto eficaz junto às associações de base, trazendo não apenas conhecimento técnico, mas também uma visão voltada para a conservação da floresta e soluções inovadoras frente às mudanças climáticas.”
No território Calha do Purus, as comunidades desempenham um papel crucial na preservação da floresta em 14 Terras Indígenas e 8 Unidades de Conservação. As economias locais são impulsionadas em diversas regiões, onde os produtores tradicionais atuam, contribuindo para a complementação das culturas de subsistência e garantindo alimentos para milhares de pessoas em áreas urbanas.
Com esse crescimento, novas organizações aderem para reforçar a maior rede de negócios éticos na Amazônia, incluindo as organizações comunitárias ASPACS – Associação de Produtores Agroextrativistas da Colônia do Sardinha e ASPAC – Associação dos Produtores Agroextrativistas de Canutama, além das instituições de apoio como IDESAM, Memorial Chico Mendes e WWF.
Conforme indicado pelo Instituto Socioambiental, Terras Indígenas, Territórios Quilombolas, reservas extrativistas e áreas de desenvolvimento sustentável protegem um terço das florestas no Brasil. Essas regiões são vitais para a conservação florestal e são prioritárias no combate à crise climática.
Sobre a Rede Origens Brasil
A Rede Origens Brasil é uma iniciativa dedicada a promover negócios éticos que valorizam as comunidades da floresta e a riqueza da Amazônia. É uma rede diversificada, que abrange povos indígenas, populações tradicionais, instituições de apoio, organizações comunitárias e empresas, que atuam para fortalecer uma nova abordagem comercial na Amazônia, pautada em relações comerciais justas, com transparência, garantia de origem e rastreabilidade.
A rede facilita conexões comerciais entre empresas, povos indígenas e comunidades tradicionais da Amazônia, que cuidam de mais de 55,4 milhões de hectares de floresta preservada. Atualmente, conta com mais de 80 organizações comunitárias e instituições de apoio técnico, além de 36 empresas. Com a inclusão do Calha do Purus, alcança mais de 50 Áreas Protegidas, estendendo sua atuação também para os territórios Xingu, Rio Negro, Norte do Pará, Solimões e Tupi Guaporé.
Ao adquirir produtos provenientes dessas relações comerciais, os consumidores colaboram para a valorização da Amazônia viva e de seus povos. Por meio de um selo em formato de QR code, é possível acessar as histórias por trás de cada produto, sua origem e os responsáveis pela produção, promovendo uma conexão mais próxima. Para mais informações, acesse www.origensbrasil.org.br.