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Em 2021, durante o auge da pandemia, os brasileiros se mobilizaram nas redes sociais para apoiar a jovem skatista Rayssa Leal, carinhosamente chamada de “Fadinha do Skate”, durante os Jogos Olímpicos de Tóquio. A conquista de Rayssa, como a medalhista olímpica brasileira mais jovem, foi ainda mais significativa por marcar a estreia do skate nas Olimpíadas. Desde então, o interesse pelo esporte cresceu consideravelmente. Além do entusiasmo gerado, esse aumento se deve ao fato de que o skate oferece um excelente exercício físico, que não só fortalece os músculos, mas também aumenta a resistência e contribui para a queima de calorias. Um estudo recente revelou, de maneira adicional, que o skate proporciona vantagens específicas à saúde mental de jovens mulheres.
A pesquisa consistiu em entrevistas e grupos focais, nos quais jovens com idades de 8 a 27 anos foram questionados sobre como a prática do skate impacta seus estados emocionais e bem-estar geral. Os temas discutidos incluíram liberdade, diversão, capacidade de foco, vivências de “fluxo”, benefícios diretos para a saúde mental, conexões sociais, autocompaixão em relação ao corpo e saúde física.
Os participantes relataram uma forte sensação de diversão e euforia ao praticar skate, destacando a descarga de adrenalina e a sensação de liberdade experimentada quando se sentem confiantes sobre a prancha. Além da excitação, os jovens falaram sobre a importância do foco e da vivência do “fluxo”, onde a concentração necessária para andar de skate gera bem-estar e tranquilidade. Essa plena imersão no que estão fazendo também serve como uma fuga das dificuldades pessoais. Aprofundar-se em uma atividade que exige atenção foi associado à autocompaixão e à confiança em seus próprios corpos, permitindo que os skatistas agissem de maneira intuitiva, sem medo de limitações ou de falhar.
Estratégias sem competição
Diversas jovens mencionaram os aspectos de desempenho e competição do skate, decidindo se afastar da pressão contínua por progresso para evitar o estresse. Enquanto algumas enfrentam dificuldades para se integrar plenamente nas comunidades locais de skatistas, outras se beneficiaram do aumento na participação de mulheres jovens, encontrando apoio em grupos predominantemente femininos e em sessões regulares para meninas em parques de skate. Essa rede de apoio é especialmente relevante ao considerar como a cultura do skate pode se tornar mais inclusiva, abrangendo pessoas frequentemente excluídas devido a questões de gênero ou sexualidade.
As skatistas enfatizaram especialmente a alegria, a serenidade e o reconhecimento mútuo que sentem ao compartilhar experiências com amigos. Algumas também mencionaram a descoberta de comunidades em locais distantes de suas cidades e países de origem.
Sobre a pesquisa
O estudo, realizado pela Universidade Nottingham Trent (NTU), no Reino Unido, envolveu 48 skatistas, abrangendo diferentes níveis de habilidade e práticas variadas, em ambientes urbanos e rurais. Esta pesquisa faz parte de um projeto de 20 meses que explora as experiências de jovens skatistas, coordenado por Carrie Paechter, professora de infância, juventude e vida familiar na Escola de Ciências Sociais da NTU.
Segundo Carrie, “O skate é muitas vezes visto como uma atividade arriscada e dominada por homens, mas tem o potencial de promover uma saúde física e mental melhor para mulheres e meninas jovens”. “Até no cenário internacional, o fracasso e a queda são partes integrantes da competição, e existe um apoio substancial e incentivo entre as competidoras, especialmente entre meninas e jovens mulheres”, conclui. A professora espera que mais meninas se sintam motivadas a praticar skate, a fim de vivenciar a “confiança em seus corpos, as conexões sociais e a excitação, alegria e serenidade que o skate proporciona”, finaliza.
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