Por que políticos preferem usar dinheiro vivo em suas transações? Essa é a pergunta feita pela Transparência Internacional Brasil, uma ONG dedicada à luta contra a corrupção. A instituição relembra casos famosos, como a família Bolsonaro pagando contas pessoais, a filha de Temer pagando a reforma da casa e Lula pagando aluguel por anos, todos utilizando dinheiro vivo. Segundo a ONG, o uso de transações eletrônicas é mais prático e seguro, então por que políticos e seus parentes ainda preferem o dinheiro vivo?
A resposta é simples: o papel moeda não deixa rastros. Enquanto as transações eletrônicas são facilmente rastreáveis, o dinheiro vivo não deixa registros e, assim, dificulta a comprovação de movimentações suspeitas. Isso torna o uso de dinheiro vivo um forte indício de lavagem de dinheiro, principalmente quando envolve pessoas expostas politicamente, que são aquelas com maior risco de envolvimento em atividades ilícitas.
A Transparência Internacional Brasil defende um projeto de lei que pretende regular e limitar o uso de dinheiro vivo no país. Segundo a ONG, isso dificultaria a atuação de políticos corruptos e outros criminosos, que utilizam o papel moeda para lavar dinheiro proveniente de corrupção e outros crimes. Entretanto, o projeto de lei, intitulado PL 3.951/2019, proposto pelo senador Flavio Arns e com parecer favorável do senador Alessandro Vieira, ainda tramita de forma lenta no Congresso.
Um dos exemplos citados pela ONG é o caso do ex-ministro Geddel Vieira Lima, em que a Polícia Federal apreendeu 51 milhões de reais em dinheiro vivo em seu imóvel em Salvador, em 2017. Esse valor impressionante ilustra o uso frequente e recorrente de dinheiro vivo por políticos e seus parentes.
Além disso, a ONG ressalta que o uso de dinheiro vivo em transações de alto valor é uma prática comum em todo o mundo quando se trata de lavagem de dinheiro. Empresários que pagam propina a políticos corruptos, traficantes de drogas e armas que vendem seus produtos ilegais, todos preferem utilizar dinheiro vivo exatamente pela falta de rastreabilidade.
Na quarta-feira, 27, outro caso chamou atenção: foram encontrados 500 mil reais em dinheiro vivo com Alberto Alcolumbre, irmão do senador Davi Alcolumbre. Desde março do ano passado, Beto, como é conhecido, não consegue explicar a origem do dinheiro. Mais uma vez, o uso do dinheiro vivo levanta suspeitas sobre a prática de atividades ilegais.
Diante desse cenário, é necessário combater o uso de dinheiro vivo em transações suspeitas, principalmente por parte de políticos e seus parentes. O projeto de lei que pretende regular e limitar o uso de papel moeda no Brasil é uma iniciativa importante nessa luta contra a corrupção. Além disso, é fundamental fortalecer os mecanismos de controle e fiscalização, para garantir que essas práticas sejam cada vez mais identificadas e punidas.
O uso de dinheiro vivo pode parecer uma forma discreta e eficiente de realizar transações ilícitas, mas é fundamental adotar medidas que impeçam essa prática. Somente assim será possível combater efetivamente a corrupção e garantir que os recursos do país sejam utilizados para o bem da população. É preciso avançar nas discussões e aprovar leis que tragam mais transparência e controle nessas transações financeiras.