Plantar tulipas pode ajudar a combater as mudanças climáticas
O Reino Unido enfrentava o seu quarto verão mais quente já registrado em 2022, quando cientistas realizaram uma pesquisa no Laboratório Sainsbury da Universidade de Cambridge e na Universidade Jagiellonian, na Polônia. Durante o estudo evolutivo da estrutura microscópica da madeira de árvores e arbustos, os pesquisadores fizeram uma descoberta empolgante: um novo tipo de madeira que poderia capturar e armazenar carbono de forma mais eficiente.
A pesquisa analisou 33 espécies de árvores das Coleções Vivas do Jardim Botânico da Universidade de Cambridge. Os cientistas exploraram como a ultraestrutura da madeira evoluiu em madeiras macias (como pinheiros e coníferas) e madeiras nobres (como carvalho, freixo, bétula e eucaliptos). Os pesquisadores descobriram que as duas espécies de árvores do antigo gênero Liriodendron, conhecidas como tulipa (Liriodendron tulipifera) e tulipa chinesa (Liriodendron chinense), possuem macrofibrilas muito maiores do que suas parentes de madeira dura.
A estrutura de madeira das tulipas é considerada uma “madeira intermediária” por estar entre a madeira dura e a madeira macia. Essa característica pode explicar porque as tulipas são tão eficientes no armazenamento de carbono. Segundo o Dr. Jan Łyczakowski da Universidade Jagiellonian, as tulipas têm essa estrutura macrofibrilar intermediária diferente das outras madeiras. Esse tipo de madeira evoluiu quando houve uma rápida redução do CO2 atmosférico, há cerca de 30-50 milhões de anos.
As tulipas são nativas da América do Norte e do centro e sul da China e do Vietnã. Já se sabia que essas espécies têm a capacidade de armazenar carbono, mas o estudo sobre a estrutura da madeira pode finalmente explicar o motivo. A estrutura macrofibrilada ampliada das tulipas seria uma adaptação para capturar e armazenar maiores quantidades de carbono quando a disponibilidade desse elemento na atmosfera estava reduzindo. Por isso, as tulipas podem ser úteis em plantios voltados para a captura de carbono.
A descoberta dos cientistas pode abrir novas possibilidades para mitigar as mudanças climáticas através do cultivo de árvores de crescimento rápido, como as tulipas. Países do Leste Asiático já estão utilizando plantações de Liriodendron para reter carbono de forma eficiente. Essas árvores também são comumente encontradas em jardins ornamentais.
Além dessa descoberta, pesquisas recentes também mostraram que as cascas das árvores na Amazônia abrigam bactérias capazes de capturar metano, outro gás de efeito estufa. Essas descobertas trazem novas perspectivas e ferramentas para combater o aquecimento global e as mudanças climáticas.
É importante ressaltar a relevância de estudos como esse, que buscam entender as formas como as plantas e as árvores podem contribuir para mitigar os efeitos das atividades humanas no meio ambiente. A conservação e o manejo correto das florestas são fundamentais para garantir a qualidade de vida no planeta e a preservação das espécies que dependem desses ecossistemas.