Pesquisa mostra efeitos ambientais das pontas de cigarro

Estudo revela impactos ambientais das bitucas de cigarro

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Estudo revela os danos ambientais causados por bitucas de cigarro

Bitucas de cigarro jogadas no gramado
Bitucas são itens poluentes que muitas vezes não têm o descarte correto. Foto: iStock

As bitucas de cigarro, além de serem um resíduo comum, possuem o potencial de causar incêndios de grande escala e geram um impacto ambiental considerável, evidenciando a necessidade de um descarte adequado. É frequente observar fumantes despreocupados, jogando suas bitucas no chão, muitas vezes ainda acesas.

Estima-se que, de 5,5 trilhões de cigarros fabricados a cada ano em todo o mundo, aproximadamente 4,5 trilhões de bitucas são descartadas de maneira incorreta.

Contrapondo essa realidade, um estudo elaborado por grupos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com o Instituto para o Controle Global do Tabaco (IGTC) da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health, Instituto Nacional do Câncer (INCA) e a ACT Promoção de Saúde, revelou a extensão do impacto ambiental ocasionado pelo descarte inadequado das bitucas de cigarro.

Bitucas de cigarro na areia
Foto: Pixabay

Durante a pesquisa, mais de 4,3 mil bitucas foram coletadas em áreas públicas entre março e abril de 2023. Os pesquisadores realizaram experimentos para medir a contaminação das bitucas com base no Índice de Poluição das Bitucas de Cigaro (CBPI), que classifica a poluição em seis níveis, desde “muito baixa” até “severa”.

Ao analisar fatores ambientais como tipo de solo e precipitação, foi concluído que os poluentes provenientes das bitucas causaram um nível “severo” de contaminação, com estimativas alarmantes de vazamento de substâncias tóxicas.

“Além dos efeitos nocivos do consumo do tabaco para a saúde humana e os impactos ambientais da produção de tabaco, como degradação do solo e desmatamento, esta pesquisa evidencia que a poluição do cigarro também é significativa após o consumo e descarte inadequado”, afirmou Graziele Grilo, Coordenadora Sênior do Programa de Pesquisa e Líder Regional na América Latina do IGTC.

Segundo o IGTC, esses achados ressaltam a importância de proibir o uso de filtros em cigarros, o que não apenas diminuiria a poluição causada pelas bitucas, dado que os filtros não se degradam, como acabaria com as falsas alegações de menor risco que a indústria do tabaco promoveu ao longo das décadas.

Cinzeiro com cigarros
Foto: Daniele Fotia | Unsplash

“Diversos estudos já mostraram que os filtros não apresentam benefícios para a saúde dos usuários de cigarros. As empresas, por meio de alegações enganosas sobre esses filtros, tornaram o produto mais atrativo para os jovens, servindo apenas aos interesses da indústria do tabaco”, destaca Graziela. “Os resultados do nosso estudo em relação ao impacto ambiental podem fundamentar iniciativas para banir os filtros de cigarros através de políticas que busquem minimizar a poluição plástica.”

A identificação da marca das bitucas não é comum em investigações desse tipo, mas foi uma característica específica deste estudo. Mais de 80% das bitucas coletadas apresentaram logotipos ou nomes, e mais de 57% delas foram associadas às fabricantes BAT Brasil ou Philip Morris Brasil.

Essas informações possibilitaram aos pesquisadores abordar a questão do mercado ilegal com base em um estudo anterior realizado em áreas urbanas do município de Guarujá, em São Paulo.

A identificação das marcas também possibilitou uma análise da legalidade dos produtos encontrados nas áreas estudadas, com base na listagem de marcas aprovadas pela Anvisa. Os achados revelaram semelhanças significativa na presença de bitucas de cigarros ilícitas em Guarujá e Santos.

Bitucas de cigarro no chão
Foto: iStock

“Embora a presença de marcas e logotipos nas bitucas de cigarro represente um valor pós-consumo para as empresas de tabaco, a nossa pesquisa foi um passo importante para responsabilizá-las. Isso é crucial para fundamentar ações de indenização das empresas pelos danos causados à saúde”, comentou Mariana Pinho, Coordenadora de Projetos do Projeto Tabaco da ACT Promoção de Saúde. “Simultaneamente, isso abriria espaço para que medidas de compensação ambiental fossem consideradas pelo governo, como a criação de um fundo de proteção ambiental e a implementação de taxas pelo impacto ambiental causado.”

Para conferir o estudo completo, acesse AQUI.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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