Pesquisa investiga o deslocamento de corvos-marinhos por conta das mudanças climáticas

Estudo analisa migração de corvos-marinhos diante das mudanças climáticas

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Estudo revela adaptações migratórias de corvos-marinhos frente às mudanças climáticas

Corvos-marinhos em ambiente natural
A pesquisa mostra que, durante as tempestuosas condições de inverno, um percentual maior de corvos-marinhos opta por migrar, o que potencializa suas chances de sobrevivência. | Foto: Harald Olsen CC BY 2.0

Com base nas informações da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), aproximadamente 28% das 138.374 espécies que já foram catalogadas globalmente enfrentam riscos de extinção. Esse dado alarmante corresponde a mais de 38 mil espécies correndo o risco de desaparecimento total na Terra. Nesse cenário crítico, as espécies precisam encontrar maneiras de se adaptar para garantir sua sobrevivência. É nesse contexto que pesquisadores voltam suas atenções para o corvo-marinho-de-crista (Gulosus aristotelis), com o objetivo de investigar como as mudanças climáticas estão alterando os trajetos migratórios dessas aves ao longo das estações.

O corvo-marinho-de-crista, popularmente conhecido como galheta, apresenta uma natureza parcialmente migratória. Dentro de suas populações, há indivíduos que migram ao longo da costa durante a estação invernal, enquanto outros permanecem durante todo o ano em suas áreas de reprodução, sendo categorizados como “migrantes” e “residentes”, respectivamente. Os pesquisadores, após equipar corvos-marinho com anéis de identificação, realizaram mais de 80 mil observações envolvendo 12 mil aves. Este estudo é liderado pelo Centro de Ecologia e Hidrologia do Reino Unido sob a orientação do professor Francis Daunt.

Corvos-marinhos no monitoramento migratório
O monitoramento das migrações dessa ave, considerada ameaçada no Reino Unido, teve início há cerca de quinze anos ao longo da costa escocesa. | Fotos: Mark Newell e John Anderson

O acompanhamento das migrações dessa espécie ameaçada no Reino Unido se intensificou há aproximadamente quinze anos, abrangendo a costa escocesa. Esta investigação está permitindo uma compreensão mais clara sobre os motivos que levam algumas aves a migrarem e as maneiras como essa estratégia pode ser fundamental para a sua adaptação às novas condições climáticas.

Comportamento migratório e adaptações

A equipe de pesquisa notou que, em tempos de tempestades rigorosas, um número mais elevado de corvos-marinhos decide migrar, o que resulta em um aumento significativo em suas possibilidades de sobrevivência ao serem contrastadas com os indivíduos residentes que permanecem em suas áreas de reprodução.

Uma das questões que intriga os cientistas é: como os corvos-marinhos conseguem perceber a chegada de uma tempestade? A habilidade de modificar seu trajeto migratório conforme as condições do ambiente pode estar se expandindo entre toda a população. Além disso, a migração sazonal tem o potencial de ajudar estas aves a enfrentarem a grave crise climática em curso. Essas questões estão no centro das investigações que a equipe de pesquisadores intenta esclarecer.

Corvo-marinho em seu habitat
Foto: Andreas Trepte CC BY-SA 2.5

Embora a pesquisa ainda esteja em fase de coleta de dados, os cientistas envolvidos enfatizam que as mudanças comportamentais observadas nas aves não serão suficientes para permitir a adaptação a longo prazo frente às mudanças climáticas. Em determinadas situações, essas alterações no comportamento podem levar a respostas limitadas ou dispendiosas. A solução para a continuidade das populações naturais pode muito bem estar na adaptação genética.

“A capacidade de migrar pode tornar o corvo-marinho mais resistente a tempestades, e essa estratégia migratória pode se disseminar entre a população por meio da seleção natural. Para que isso se concretize, é necessário que o comportamento migratório e a responsividade ambiental tenham uma base genética considerável”, declara a pesquisadora Suzanne Bonamour, da Universidade Norueguesa de Ciência e Tecnologia, que discutiu os resultados parciais da pesquisa no site The Conversation.

Segundo Suzanne, a avaliação da adaptação e da resiliência das espécies migratórias é uma tarefa complexa. Entretanto, possuir previsões sobre os movimentos dessas aves e sua evolução futura é crucial para a compreensão da ecologia dessas espécies e é um passo importante para a implementação de novos protocolos de conservação. A pesquisa, no entanto, sinaliza que “nenhuma inovação na ciência da conservação será capaz de suprir os crescentes desafios ambientais provocados pelas atividades humanas”.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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