Pesquisa indica Amazônia empobrecida após várias queimadas

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Estudo revela empobrecimento da Amazônia devido a incêndios florestais

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Fazenda Nossa Senhora das Cachoeiras do Ituxi, em Lábrea (AM). | Foto: © Marizilda Cruppe / Greenpeace

Incêndios florestais na região amazônica do Brasil têm causado alterações significativas na composição de espécies e na redução dos estoques de carbono na parte sul da Amazônia, comprometendo a habilidade da floresta em lidar com as mudanças climáticas. Essa é a conclusão de uma nova pesquisa publicada na revista Forest Ecology and Management, realizada por cientistas da Universidade Federal Rural da Amazônia e da Universidade Estadual do Mato Grosso.

O estudo foca nos efeitos do fogo em áreas que transitam entre a Amazônia e o Cerrado, marcadas por incêndios recorrentes. Diferente da hipótese de “savanização” sugerida em algumas investigações anteriores, os pesquisadores descobriram um fenômeno denominado “estado empobrecido de floresta”, que aponta para uma degradação da riqueza e diversidade das espécies típicas da Amazônia.

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Fogo em Mato Grosso do Sul, 2020. | Foto: Silas Ismael/ WWF-Brasil

A pesquisa examinou 14 áreas florestais, categorizando-as conforme a frequência de queimadas: nunca queimadas, uma vez queimadas e múltiplas queimadas. As espécies presentes foram classificadas como típicas do Cerrado, da floresta ou generalistas. Também foram coletados dados sobre a densidade de troncos e a quantidade de carbono armazenado acima do solo.

Os resultados indicam que as florestas que passaram por múltiplas queimadas sofreram uma redução drástica nos estoques de carbono, com perdas de até 68% em comparação com áreas que nunca foram queimadas. Ademais, essas áreas também apresentaram uma diminuição nas espécies florestais, enquanto não houve variação considerável nas demais categorias de espécies.

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Incêndios florestais também ocorreram em Unidades de Conservação e áreas financiadas por crédito rural, conforme apontado pelo Greenpeace. | Foto: © Marizilda Cruppe / Greenpeace

Os pesquisadores identificaram que não há um processo de savanização, mas sim uma “secundarização”. Isso indica que, apesar da redução das espécies florestais, não necessariamente as espécies de savana estão aumentando em número, resultando em uma floresta com menor estoque de carbono generalizado, densidade de árvores reduzida e uma diversidade de espécies empobrecida.

A disciplina de estudo foi realizada na região do Arco do Desmatamento, uma área crítica de degradação localizada entre a Amazônia e o Cerrado, incluindo partes do Amazonas, Pará e Mato Grosso. Este local é conhecido por altas taxas de desmatamento e é particularmente suscetível a fatores climáticos severos e atividades agropecuárias intensas, que aceleram as mudanças climáticas.

Além do desafio do desmatamento, a falta de legislação adequada para proteger essas áreas representa um problema crítico. Muitas vezes, essas áreas são tratadas como Cerrado, mesmo possuindo um elevado estoque de carbono e sendo habitadas por espécies amazônicas. De acordo com o Código Florestal, em regiões de Cerrado, até 80% da vegetação pode ser desmatada, o que acentua a vulnerabilidade das florestas amazônicas.

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A superfície dos troncos das árvores amazônicas abriga um ecossistema em miniatura. | Foto: Léo Ramos Chaves | Revista Pesquisa FAPESP

Os achados deste estudo ressaltam não apenas os efeitos imediatos dos incêndios, mas também acendem um alerta sobre a possibilidade de que, a médio e longo prazo, as características climáticas da região de estudo possam se espalhar para outras partes da Amazônia. Isso se deve às mudanças climáticas que são potencialmente aceleradas pela degradação e desmatamento contínuos.

A maior parte do carbono armazenado encontra-se nas árvores de espécies florestais. Se essas espécies forem eliminadas pelas queimadas, a capacidade da floresta de capturar carbono será severamente reduzida. Desta forma, é formado um cenário de perda drástica de biodiversidade, acompanhada de uma mudança significativa na composição das espécies. Esse cenário indica claramente que a função de mitigação das mudanças climáticas por parte das florestas pode estar ameaçada pela degradação resultante do fogo.

Os pesquisadores enfatizam a urgência de se implementarem ações para reduzir os incêndios florestais e a degradação do bioma. O estudo, que também é assinado por outros especialistas, revela a natureza devastadora do fogo como um fator de degradação da Amazônia, o que, caso não seja enfrentado com políticas públicas adequadas, poderá comprometer não apenas a floresta, mas também afectar outros aspectos do clima no Brasil e impactar negativamente o setor agropecuário.

Conclusão sobre as consequências das queimadas na Amazônia

Com a situação atual, a pesquisa indica que as consequências da degradação florestal não podem ser ignoradas. A manutenção e a proteção das florestas são fundamentais para a sustentabilidade ecológica do planeta, e a Amazônia, sendo o lar de uma vasta diversidade biológica, necessita de esforços conjuntos para preservar seu ciclo de vida e a saúde ambiental nos diferentes biomas que a rodeiam.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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