Reconhecimento da ONU aos Campeões da Terra 2024
O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) revelou os vencedores do Prêmio Campeões da Terra 2024 nesta data, destacando suas ações exemplares, liderança e iniciativas sustentáveis voltadas ao combate da degradação da terra, seca e desertificação.
Esta premiação anual é considerada a mais prestigiosa honraria ambiental da ONU e reconhece aqueles que estão na linha de frente dos esforços para proteger o meio ambiente e a população. Desde sua criação em 2005, o prêmio já prestigiou 122 laureados, elogiando suas contribuições significativas à causa ambiental.
Os contemplados deste ano envolvem uma ministra dos Povos Indígenas, um defensor do meio ambiente, uma iniciativa agrícola sustentável, uma defensora dos direitos indígenas, um cientista especializado no reflorestamento e um ecologista líder.
“Cerca de 40% das terras do planeta já estão degradadas, a desertificação está se intensificando e secas severas estão se tornando mais frequentes. Entretanto, é encorajador saber que soluções sustentáveis existem e, ao redor do mundo, indivíduos e grupos notáveis estão provando que é possível proteger e recuperar nosso planeta”, declarou Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.
Os Campeões da Terra 2024
Sônia Guajajara, Ministra dos Povos Indígenas do Brasil, foi premiada na categoria Liderança Política, reconhecida por sua defesa incansável dos direitos indígenas ao longo de mais de 20 anos. Guajajara se tornou a primeira ministra dos Povos Indígenas do Brasil e a primeira ministra indígena do país em 2023, e durante seu mandato, demarcou 10 territórios indígenas, combatendo o desmatamento, a exploração madeireira ilegal e o tráfico de drogas.
Amy Bowers Cordalis, defensora dos direitos dos indígenas, reconhecida na categoria Inspire e Ação, utiliza sua formação jurídica e sua paixão pela restauração ambiental para garantir um futuro melhor para a Tribo Yurok e o rio Klamath, nos Estados Unidos. Seu trabalho direcionado à restauração do ecossistema fluvial e à promoção de práticas sustentáveis de pesca exemplifica como ações ambientais corajosas podem resultar em mudanças positivas significativas, ao mesmo tempo que protege os direitos e meios de vida dos povos indígenas.
Gabriel Paun, um ativista ambiental da Romênia, também foi laureado na categoria Inspire e Ação, sendo o fundador da ONG Agent Green, que tem desempenhado um papel crucial na proteção de vastas áreas de biodiversidade na cordilheira dos Cárpatos desde 2009. Seu trabalho expõe a destruição e a exploração madeireira ilegal nas últimas florestas antigas da Europa. Paun enfrentou diversas ameaças de morte e fisicamente sofreu ataques em razão de suas atividades que documentam o desmatamento em regiões cruciais para o ecossistema e que abrigam uma biodiversidade singular, incluindo linces e lobos.
Lu Qi, um cientista da China, honrado na categoria Ciência e Inovação, tem mais de 30 anos de experiência nas áreas de ciência e política, contribuindo para reverter a degradação ambiental e reduzir o avanço dos desertos na China. Como cientista-chefe da Academia Chinesa de Silvicultura e fundador do Instituto da Grande Muralha Verde, ele foi essencial na execução do maior projeto de reflorestamento global, estabelecendo colaborações especializadas em pesquisa e promovendo parcerias multilaterais destinadas a combater a desertificação e a degradação da terra.
Madhav Gadgil, um renomado ecologista da Índia, recebeu o prêmio na categoria Conquista de Uma Vida, tendo dedicado décadas à proteção da humanidade e do meio ambiente através de pesquisa e envolvimento da comunidade. Seu trabalho abrange desde avaliações de impacto ambiental de políticas públicas até o ativismo ambiental de base, e teve ampla influência na formação da opinião pública e nas políticas oficiais voltadas para a preservação dos recursos naturais. É amplamente conhecido por suas contribuições para a biodiversidade na ecologicamente sensível região dos Gates Ocidentais da Índia.
A SEKEM, um projeto de agricultura sustentável foi agraciada na categoria Visão Empreendedora por sua contribuição para auxiliar agricultores egípcios a adotarem práticas agrícolas sustentáveis até 2025. A iniciativa se destaca pela promoção da agricultura biodinâmica e pelo trabalho de reforestamento, transformando amplas áreas desérticas em negócios agrícolas prósperos e estimulando assim o desenvolvimento sustentável em todo o Egito.
“As ações dos Campeões da Terra de 2024 lembram que a luta para proteger a terra, rios e oceanos é uma batalha viável. Com políticas apropriadas, inovação científica, reformas de sistema, ativismo e a liderança crucial dos Povos Indígenas, podemos restaurar nossos ecossistemas”, complementa Inger Andersen.
Desertificação e seus impactos
Estima-se que cerca de 3,2 bilhões de pessoas em todo o mundo sejam impactadas pela desertificação, e para 2050, projeta-se que mais de três quartos da população global poderão ser atingidos por secas.
Em março de 2019, a Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que considera o período de 2021 a 2030 como a Década da Restauração de Ecossistemas. A campanha #GeraçãoRestauração, promovida pelo PNUMA, visa acelerar o progresso em relação a esses compromissos, unindo apoio à Agenda 2030 com o objetivo de realizar esforços urgentes de restauração de ecossistemas tanto em terra quanto em mar, visando reabilitar 30% da degradação planeta.
A nível global, os países se comprometeram a restaurar até 1 bilhão de hectares de terra até 2030, enquanto tendências atuais indicam que, na realidade, 1,5 bilhão de hectares precisariam passar por programas de restauração para cumprir os requisitos de neutralidade na degradação da terra até 2030.
Década das Nações Unidas da Restauração de Ecossistemas
A Assembleia Geral da ONU proclamou o período de 2021 a 2030 como a Década das Nações Unidas para a Restauração de Ecossistemas, que é uma iniciativa liderada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pela Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, juntamente com o apoio de diversos aliados. O objetivo é prevenir, interromper e reverter a perda e deterioração dos ecossistemas globalmente.
A meta é revitalizar bilhões de hectares, abrangendo ecossistemas aquáticos e terrestres. Este apelo global à ação busca mobilizar apoio político, pesquisa científica e recursos financeiros necessários para ampliar consideravelmente as iniciativas de restauração.
