Mulheres indígenas do povo Paumari, que vivem no sul do Amazonas, estão mantendo viva sua cultura por meio do artesanato. A produção de balaios, paneiros, esteiras e abanos já era prática conhecida do povo Paumari desde o século XVIII, porém, recentemente, a técnica estava ameaçada, pois somente três mulheres da comunidade ainda a dominavam. Com o objetivo de preservar e fortalecer esse conhecimento, as mulheres Paumari começaram a se organizar e a investir na retomada do artesanato.
A iniciativa foi impulsionada por Deusilene Paumari, presidente da Associação Indígena do Povo das Águas (AIPA), que participou de uma formação voltada para mulheres indígenas, chamada “Entre Parentas”. Nessa formação, Deusilene e as mulheres Paumari tiveram a oportunidade de aprender sobre gerenciamento de associações e projetos, além de receberem um financiamento de R$ 10 mil para desenvolverem um projeto próprio. Foi nesse contexto que elas decidiram investir na revitalização e no ensino do artesanato tradicional.
Desde então, as mulheres Paumari têm se reunido em encontros para compartilhar conhecimentos e técnicas, além de discutir questões relacionadas a preços e mercado. Esses encontros têm sido fundamentais para a transmissão do conhecimento entre as mulheres mais experientes e as mais jovens, garantindo a continuidade do artesanato.
Além de preservar a cultura, o trabalho artesanal também tem se mostrado uma fonte de renda para as mulheres Paumari. Elas já levaram suas peças para eventos locais e até participaram da III Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília. Com o objetivo de fortalecer ainda mais a organização das mulheres Paumari, a AIPA tem investido em um fundo coletivo, que está sendo construído aos poucos.
Os encontros também têm sido importantes para promover o fortalecimento da cultura do povo Paumari como um todo. Eles proporcionam o encontro entre as mais jovens e as anciãs, favorecendo a transmissão de conhecimentos e despertando o desejo de ensinar e aprender cada vez mais. Além disso, esses encontros fortalecem a organização social e a mobilização política das mulheres Paumari, permitindo que elas ocupem outros espaços estratégicos na sociedade.
Os homens da comunidade também têm apoiado e incentivado o trabalho das mulheres. Eles se organizaram para assumir as tarefas da cozinha, permitindo que as mulheres se dediquem integralmente aos encontros e à produção do artesanato. Além disso, eles fornecem as matérias-primas necessárias, como talas de arumã e bacaba, coletadas na floresta.
A iniciativa das mulheres Paumari mostra a importância de valorizar e fortalecer a cultura indígena, preservando os conhecimentos tradicionais e promovendo o empoderamento das mulheres. O artesanato se tornou não apenas uma forma de garantir a sustentabilidade econômica da comunidade, mas também de manter viva uma identidade cultural ancestral. É por meio de iniciativas como essa que podemos reconhecer a riqueza e a diversidade das culturas indígenas brasileiras.
Fonte: Guia Região dos Lagos