Mudanças climáticas podem afetar liberação e absorção de metano na Amazônia

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Imagens de embarcações encalhadas no rio Igarapé Tarumã-açu, em Manaus devido à seca na Amazônia
Embarcações encalhadas devido ao nível baixo do rio Igarapé Tarumã-açu, na zona rural de Manaus, no ano de 2023. Foto: Rafa Neddermeyer | Agência Brasil

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) publicaram um estudo na revista Environmental Microbiome, ressaltando que as condições extremas de temperatura e umidade, como secas ou chuvas intensas, esperadas na região amazônica em decorrência das mudanças climáticas, podem impactar significativamente a produção e o consumo de metano. O estudo aponta que, em áreas alagadas, o volume de microrganismos que produzem esse gás de efeito estufa pode aumentar, enquanto o potencial de captação do metano por florestas de terra firme pode ser reduzido em até 70%, implicando em consequências para o clima global.

Mais de 800 mil quilômetros quadrados de planícies da Amazônia ficam submersos durante pelo menos seis meses no ano, o que representa 20% do total da floresta. Esse cenário de inundações proporciona ambientes anaeróbicos propícios para a decomposição de matéria orgânica e, consequentemente, para a produção de metano. Estimativas recentes indicam que as áreas inundáveis da Amazônia são responsáveis por até 29% das emissões globais desse gás, enquanto as florestas de terra firme são conhecidas por sua capacidade de absorver metano da atmosfera, ajudando a controlar essas emissões.

“Estudos já demonstraram que fatores como temperatura do ar e condições sazonais de alagamento afetam a composição das comunidades microbianas e o fluxo de metano. O que se busca entender é o que podemos esperar em cenários de mudança climática, especialmente com as previsões de alterações nos padrões de chuva e temperatura, com eventos extremos mais frequentes”, destaca Júlia Brandão Gontijo, pós-doutoranda na Universidade da Califórnia em Davis e principal autora do estudo.

A pesquisa, financiada pela FAPESP em três projetos, foi conduzida durante o doutorado de Gontijo no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da USP, sob supervisão da professora Tsai Siu Mui. A orientadora observa que a concentração atmosférica de metano aumentou aproximadamente 18% nas últimas quatro décadas globalmente.

O experimento envolveu a colaboração de científicos da Academia Real Holandesa de Artes e Ciências, bem como das universidades de Stanford, Massachusetts e Oregon, além da Universidade Federal do Oeste do Pará. Durante 30 dias, amostras de solo de duas planícies inundáveis e de uma floresta de terra firme nos municípios de Santarém e Belterra, no centro-oeste do Pará, foram submetidas a condições de temperatura (27°C e 30°C) e umidade extremas.

Medições de solos e critérios experimentais para estudo do metano na Amazônia
Medição das condições de campo e amostragem de solos durante o experimento. Foto: Fabiana S. Paula

Por meio de técnicas de sequenciamento genético e PCR quantitativo em tempo real, foram analisados os produtores e consumidores de metano, bem como suas concentrações.

“Nos dois locais inundáveis, não observamos variações significativas nas emissões de metano. No entanto, notamos um aumento no número de microrganismos responsáveis pela produção de metano, o que pode ser um sinal de problemas futuros”, informa Gontijo. Em locais com o tratamento de maior temperatura, a floresta apresentou uma redução brusca de 70% em seu potencial de consumo de metano durante a seca e um aumento expressivo na produção do gás durante o período chuvoso. “Isso é preocupante, pois essas áreas não estão adaptadas a lidar com umidade extrema”, acrescenta a pesquisadora.

Os resultados sugerem que, enquanto as várzeas demonstram resiliência às mudanças climáticas, o microbioma das florestas de terra firme é mais vulnerável, o que pode prejudicar o equilíbrio das emissões de gases de efeito estufa na Amazônia. Essa situação é alarmante, especialmente considerando a importância global da floresta amazônica.

Contexto experimental das alterações climáticas para o metano na Amazônia
Configuração do experimento de simulação nas condições de mudança climática. Foto: Wanderlei Bieluczyk

Apesar do potencial impacto das mudanças climáticas nas comunidades microbianas e no ciclo do metano na Amazônia, o estudo revelou uma presença significativa de grupos metanotróficos, que possuem a capacidade de usar o metano como fonte de energia. Essa característica pode ajudar a mitigar as emissões mesmo diante do cenário de mudanças climáticas.

Para aprofundar a pesquisa, os cientistas sugerem a realização de experimentos em campo e análises adicionais sobre a atividade dos microrganismos. Isso é essencial para entender melhor a dinâmica dessas comunidades e suas reações a diferentes condições climáticas.

Variações no nível das águas do Rio Amazonas durante as estações de cheia e seca
Variações no nível da água durante as estações de cheia e seca no Rio Amazonas próximo a Santarém. Fotos: Júlia B. Gontijo

Ainda que as mudanças climáticas exerçam um forte impacto sobre a microbiota e o ciclo do metano na Amazônia, as descobertas do estudo são cruciais e podem orientar a formulação de políticas públicas voltadas para a conservação e manejo ambiental. O artigo intitulado Methane-cycling microbial communities from Amazon floodplains and upland forests respond differently to simulated climate change scenarios está disponível para leitura neste link: AQUI.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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