Microplásticos encontrados em artérias obstruídas de pacientes com doenças cardíacas na Itália aumentaram o alerta sobre a presença de plástico descartável na circulação humana. Um estudo revelou que mais da metade dos pacientes analisados tinha minúsculos pedaços de plástico nas placas arteriais.
As partículas de plástico foram identificadas por sua forma particularmente irregular que não se assemelha ao material orgânico normalmente encontrado nas artérias. O estudo examinou 257 pacientes e constatou a presença de polietileno e cloreto de polivinila, dois tipos de plástico, nas placas arteriais.
Acompanhando esses pacientes por 34 meses, os pesquisadores observaram que os plásticos aumentaram o risco de ataque cardíaco, acidente vascular cerebral e morte. Comparados aos pacientes sem plástico nas artérias obstruídas, aqueles com microplásticos tiveram um risco 2,1 vezes maior de desenvolver essas complicações.
Essa descoberta é preocupante, pois cada vez mais estudos constatam a presença de microplásticos e nanoplásticos no organismo humano. A exposição a essas partículas está se tornando um fator de risco cada vez maior para doenças cardiovasculares.
Phillip Landrigan, pesquisador norte-americano do Boston College e da Universidade de Harvard, comenta que os benefícios dos plásticos têm custos crescentes para a saúde humana e para o meio ambiente. Até agora, as informações sobre os efeitos dos microplásticos e nanoplásticos na saúde humana têm sido escassas, principalmente porque a maioria dos estudos se concentra em animais.
Essa descoberta levanta várias questões urgentes, como se a exposição a microplásticos e nanoplásticos é um fator de risco cardiovascular, quais outros órgãos além do coração podem estar em risco e como podemos reduzir a exposição a essas partículas.
Landrigan defende que os médicos reconheçam que os baixos custos e a conveniência dos plásticos são enganosos e que, na verdade, ocultam grandes danos para a saúde humana e para o meio ambiente. Ele sugere que as pessoas evitem o uso de plásticos descartáveis sempre que possível como uma forma de proteger o coração.
É importante ressaltar que a presença de microplásticos no organismo humano não está limitada apenas às artérias obstruídas por doenças cardíacas. Estudos anteriores já mostraram a presença dessas partículas em outros órgãos e tecidos, como os pulmões e o intestino.
A exposição aos microplásticos e nanoplásticos ocorre principalmente pela ingestão de alimentos contaminados, como peixes e frutos do mar, e pela inalação de partículas presentes no ar. Além disso, também é importante destacar a presença de microplásticos em cosméticos e produtos de higiene pessoal, que podem ser absorvidos pela pele.
O plástico é um material altamente resistente e degradável, levando centenas de anos para se decompor no meio ambiente. Essa persistência faz com que os microplásticos estejam presentes em praticamente todos os ambientes, desde os oceanos até as áreas mais remotas do planeta.
A descoberta dos microplásticos nas artérias obstruídas de pacientes com doenças cardíacas reforça a necessidade de medidas urgentes para reduzir o consumo e a produção de plásticos descartáveis. A conscientização sobre os danos causados pelo plástico e a busca por alternativas mais sustentáveis são fundamentais para preservar a saúde humana e o meio ambiente.
É preciso repensar os hábitos de consumo e optar por produtos duráveis, reutilizáveis e compostáveis. Além disso, é essencial pressionar governos e indústrias para que adotem medidas efetivas de combate à poluição por plásticos e invistam em alternativas mais sustentáveis. Somente com um esforço conjunto será possível combater o problema dos microplásticos e garantir um futuro saudável para todos.