Iniciativa em Maricá promove colmeias de abelhas sem ferrão
A Fazenda Nossa Senhora do Amparo, localizada no bairro do Caju e onde se desenvolve o projeto Farmácia Viva, destaca-se por sua flora nativa rica em plantas que atraem e sustentam colônias de abelhas. Para fortalecer essa relação dentro do ecossistema local, o Instituto de Zootecnia da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) implementou um projeto que inclui a instalação de nove colmeias de abelhas sem ferrão no espaço. Esta iniciativa é resultado de um trabalho conjunto entre a Companhia de Desenvolvimento de Maricá (Codemar) e a UFRRJ.
As colmeias abrigam espécies como Jataí, Mandaçaia e Uruçu-amarela, posicionadas estrategicamente próximas à entrada da Farmácia Viva. Com isso, os visitantes têm a oportunidade de observar de perto a trabalho fascinante desses insetos, essenciais para a manutenção da biodiversidade. Cada colmeia possui entre 200 a mil abelhas, o que permite uma estimativa de produção de mel que varia de três a seis litros anualmente, por colmeia, além da coleta de própolis.
A colaboração entre a Codemar e a UFRRJ enfatiza a importância de unir conservação ambiental, produção sustentável e educação, estimulando o desenvolvimento local e incentivando a comunidade a participar de atividades que valorizem a biodiversidade e a preservação da natureza.
Após a implementação desse projeto, foi possível notar um aumento significativo na atividade de polinização das abelhas, especialmente em áreas onde estão sendo cultivadas plantas medicinais como alecrim, manjericão, lavanda e camomila. Segundo João Araújo, coordenador do projeto e professor na UFRRJ, as abelhas desempenham um papel vital para o equilíbrio dos ecossistemas.
“Esses insetos são parte fundamental da biodiversidade, sendo responsáveis por polinizar aproximadamente 70% das espécies agrícolas cultivadas. A manutenção da segurança alimentar e a preservação dos biomas estão intimamente ligadas a essas pequenas criaturas. No que diz respeito às abelhas nativas sem ferrão, elas respondem por mais de 90% da sobrevivência das espécies vegetais que são essenciais para a regulação climática”, argumenta o professor.
O cuidado das colmeias está sob a supervisão de Guaraci Duran Cordeiro, um especialista em Apicultura do Instituto de Zootecnia da UFRRJ, que deu início ao projeto há cerca de dois meses.
“O papel das abelhas na polinização é fundamental, pois elas atuam ao se deslocarem de flor em flor em busca de néctar e pólen, um processo vital para a reprodução vegetal e para a manutenção da biodiversidade. Ao visitar diferentes flores, elas transportam o pólen, favorecendo a fecundação e a produção de frutos e sementes. Dessa forma, a polinização sustenta a diversidade de plantas, que é essencial para a saúde dos ecossistemas”, explica Guaraci.
Em outra área da fazenda, foram implantadas cinco colmeias de abelhas africanas, que são conhecidas por possuírem a capacidade de picar. Cada uma delas abriga aproximadamente 30 mil abelhas e a produção anual de mel esperada varia entre 15 a 30 quilos.
Com uma visão focada na expansão e no fortalecimento das atividades do Projeto Farmacopeia Mari”ká, está prevista para o próximo mês a criação de um meliponário que contará com mais nove colmeias de abelhas sem ferrão. Este novo espaço não será apenas um local voltado para manejo; ele se transformará em um espaço de aprendizagem e visitação, aberto para a comunidade e interessados em adquirir conhecimento sobre meliponicultura.
No meliponário, será possível observar as abelhas em seu habitat natural, e também serão oferecidos cursos e oficinas direcionados a produtores e iniciantes que desejam explorar o universo da produção de mel e outros produtos derivados das abelhas. A proposta visa atender a população de Maricá e das áreas vizinhas, promovendo práticas sustentáveis e criando oportunidades econômicas e ambientais.