Maricá: Escritores famosos e atriz discutem sobre racismo na Flim

Escritores renomados e atriz falam sobre racismo na Flim | Enfoco

Roda Literária Na 9ª Festa Literária Internacional de Maricá


Valter Hugo Mãe, Agualusa e Teresa Cárdenas em roda literária com Letícia Sabatella
| Foto: Divulgação

Na quarta-feira (05), durante o quinto dia da 9ª Festa Literária Internacional de (Flim), realizada à beira do Parque Nanci, renomados autores como Valter Hugo Mãe, Teresa Cárdenas e José Eduardo Agualusa se reuniram para discutir o tema “Memórias Angola, Cuba e Portugal”. O encontro ofereceu um espaço de reflexão sobre identidade cultural, literatura e o racismo, temas que permeiam a literatura contemporânea e a sociedade.

Durante a abertura do evento, a atriz Letícia Sabatella expressou sua admiração por escritores de renome mundial, que, segundo ela, fornecem perspectivas valiosas que conectam passado e presente. “Esses autores apresentam uma resistência no ato de escrever, compondo um panorama que desafia estereótipos com reflexões profundas sobre a nossa existência. A Flim, em , é um evento incrível. A cidade tem promovido iniciativas culturais muito relevantes, e estou honrada por participar deste festival”, comentou.



A atriz Letícia Sabatella mediou a conversa
| Foto: Divulgação

O escritor português Valter Hugo Mãe compartilhou detalhes sobre seu mais recente trabalho, intitulado “Deus na escuridão”, que foi recentemente lançado no Brasil. O romance narra a trajetória de dois irmãos e aborda os temas de lealdade e resiliência em relações interpessoais. “A história se desenrola na Ilha da Madeira, em Portugal, marcando meu retorno a temas que exploram Portugal, após já ter escrito sobre Islândia, Japão e Amazônia”, revelou Valter. Ele também elogiou a Festa Literária, destacando a importância de tais eventos para promover o conhecimento. “É gratificante estar aqui e conhecer os leitores. Eventos como este são imprescindíveis, pois os livros alimentam a humanidade. Enquanto houver pessoas informadas, será difícil dominar uma sociedade. Por isso, a Flim é uma forma de promover cidadania, direitos e autoestima”, enfatizou.

Além de Valter Hugo Mãe, José Eduardo Agualusa, escritor angolano, trouxe seu livro “Mestre dos Batuques” à festa, uma obra que discute temas de identidade e pertencimento, desafiando estereótipos e explorando as contradições históricas do colonialismo português na África. Em sua fala, Agualusa observou que muitos escritores africanos têm abordado questões históricas para apresentar novas narrativas sobre o passado. “A história que conhecemos foi contada pelos colonizadores, e é fundamental ouvir diferentes versões. Acredito que os livros de história deveriam refletir múltiplas perspectivas; é esse tipo de abordagem que busco em meu romance”, afirmou o autor.

Agualusa também respondeu a uma pergunta de um espectador sobre a proliferação de notícias falsas nas redes sociais, um fenômeno que atribuiu ao que chamou de “colapso da mídia impressa”. “A disseminação de notícias falsas é uma questão grave. Nossa geração cresceu lendo jornais, enquanto as novas gerações não têm se familiarizado com essa prática, perdendo muito com isso. Muitas vezes, elas obtêm informações apenas pelas redes sociais e enfrentam desafios para distinguir o verdadeiro do falso. Essa situação gera muitos problemas em nossa sociedade”, analisou.

A escritora cubana Teresa Cárdenas também compartilhou suas experiências. Ela mencionou que cresceu em um ambiente amoroso, mas também cercado por racismo. A falta de personagens negros na literatura infantil motivou-a a se tornar escritora. “Quando comecei a escrever, meu objetivo foi criar personagens negros e discutir questões que frequentemente eram ignoradas em livros infantis, como racismo, violência contra mulheres, abandono de idosos e a preservação das tradições afro-cubanas”, explicou Cárdenas. “Essas questões sempre me inquietaram, algumas delas eu vivenciei na infância, e escrevo para que as vozes dos negros sejam representadas e ouvidas”, completou.

A Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) continua em andamento na orla do Parque Nanci, esperando receber visitantes até o dia 10 de novembro. A programação inclui debates, palestras e diversas atividades culturais que refletem a rica diversidade da literatura contemporânea.

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Bruno Rodrigo Souza

Bruno é Fundador e Editor no Guia Região dos Lagos

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