Investimento de R$ 20 bilhões para construção da terceira usina nuclear em Angra dos Reis
O presidente da Eletronuclear, Eduardo Grand Court, anunciou nesta quarta-feira (18) que está previsto para o próximo ano o início das obras da terceira usina do complexo nuclear de Angra dos Reis, no Rio de Janeiro. A construção de Angra 3, além de reforçar a matriz energética de baixa emissão de carbono no país, tem a expectativa de gerar sete mil empregos diretos e 20 mil indiretos, movimentando recursos no valor de R$ 20 bilhões.
Durante a 8ª Conferência Cidades Verdes, realizada no Centro de Convenções Firjan, Grand Court ressaltou a importância da energia nuclear na redução das emissões de carbono. Países como a França, Estados Unidos e Europa têm estudado a retomada da construção de usinas nucleares devido à baixa emissão de carbono nessa forma de produção de energia. A energia nuclear emite apenas 12 gramas de carbono por Kilowatts/hora, sendo comparável apenas à energia eólica, enquanto outras fontes chegam a emitir até 400 gramas.
O presidente da Eletronuclear afirmou que a operação das usinas nucleares de Angra 1 e Angra 2 nunca causou problemas graves à população, ao meio ambiente ou aos trabalhadores. Além disso, o complexo de Angra possibilita o desenvolvimento do hidrogênio como fonte de energia. Grand Court destacou que a Eletronuclear já produz hidrogênio para a usina e realizará estudos para viabilidade técnica e econômica na produção desse combustível em quantidade suficiente para gerar energia.
Redução de carbono na mobilidade urbana e investimentos em transporte público
Durante a conferência, também foi discutida a importância da redução de carbono na mobilidade urbana, com destaque para a redução de carbono nos transportes públicos. A Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Rio de Janeiro) instalou um “carbonômetro” no local, um painel eletrônico que estima a quantidade de carbono que cada passageiro deixa de emitir ao utilizar o transporte público. A utilização do transporte público, ao invés do carro, pode contribuir para a proteção do planeta, sendo equivalente ao plantio de quatro árvores por ano.
Durante a conferência, também foram debatidos investimentos na modernização da Supervia e na expansão do Metrô, além de projetos pioneiros como o de Tarifa Zero em Maricá. O município de Maricá tem o objetivo de eletrificar a frota de transportes públicos e utilizar o hidrogênio como combustível. Essas medidas visam reduzir as emissões de carbono provenientes dos transportes.
Transição energética justa
Outro aspecto discutido na conferência foi a necessidade de uma transição energética mais justa socialmente. Roberto Kishinami, coordenador sênior de Energia no Instituto Clima e Sociedade, apontou a importância de evitar que os mais pobres arquem com os custos dessa transição, como acontece atualmente com os incentivos na conta de luz para a instalação de painéis solares. Ele ressaltou que essa conta é paga pelo cidadão comum, o que pode representar um peso significativo para famílias de baixa renda. A transição energética deve levar em consideração a equidade social.
A conferência também abordou a redução da poluição do ar através de investimentos tecnológicos. Nos últimos 12 anos, a frota de ônibus da região metropolitana reduziu a poluição em 91%, caminhando para alcançar 97% de redução. Guilherme Wilson, gerente de Planejamento e Controle da Semove, falou sobre opções de emissão baixa de carbono, como o hidrogênio verde e o diesel verde, que estão sendo cada vez mais utilizados no transporte público.
A conferência contou com a participação de diversos especialistas, que discutiram temas como financiamento energético e a importância da redução das emissões de carbono. O evento teve a presença de cerca de 300 pessoas em cada dia.