Duas Questões do Concurso de Macaé Anuladas por Conteúdo Machista
No último domingo, dia 13, ocorreu o concurso público de Macaé, o qual contou com a inscrição de mais de 40 mil candidatos. No entanto, o evento teve um desdobramento polêmico quando duas questões foram anuladas devido ao seu conteúdo, que foi amplamente considerado machista e misógino. A repercussão do caso ganhou atenção a nível nacional, levando a prefeitura do município a exigir explicações da Fundação Getúlio Vargas (FGV), responsável pela elaboração das provas. Além disso, a Câmara de Vereadores local aprovou uma moção de repúdio à instituição na última terça-feira, 15.
As perguntas que geraram controvérsias foram as de número 1 e 4 da prova de Língua Portuguesa, que faz parte do Módulo I da Prova Tipo 3, destinada aos cargos de Professor A, Professor AEE e Professor A (Tradutor e Intérprete). O teor de uma das perguntas era crítico em relação à fala das mulheres, onde pedia que os candidatos escolhessem a frase que “não apresentava uma crítica ao fato de a mulher falar demais”. Já a outra questão pedia que analisassem frases comparativas, incluindo a afirmação de que “as mulheres são como robôs: têm no cérebro uma célula a menos e, no coração, uma célula a mais”. Essas questões foram rapidamente tachadas como discriminatórias por diversos grupos.
Em uma declaração oficial, a prefeitura de Macaé expressou repúdio ao conteúdo considerado ofensivo e fez a solicitação de esclarecimentos à FGV. O município enfatizou que não participou do processo de elaboração das questões, ressaltando que essa responsabilidade é exclusivamente da banca examinadora que foi contratada para a tarefa.
“É importante destacar que, para garantir a transparência do processo e os critérios de confidencialidade, as questões de prova não são revisadas previamente pela prefeitura, permanecendo restritas à banca examinadora contratada, que é a FGV”, declarou o comunicado da administração municipal.
Durante a sessão da Câmara de Vereadores na última terça-feira (15), foi aprovada uma moção de repúdio à banca que formulou as questões. A iniciativa partiu do vereador Guto Garcia (MDB), que também é professor. Em suas palavras, ele afirmou: “As questões foram totalmente misóginas (…) Hoje é o Dia do Professor e as mulheres são a maioria entre os concorrentes. É imprescindível o respeito por todos”. Após essa afirmação, o presidente da Câmara, Cesinha (Cidadania), solicitou que a moção fosse assinada por todos os vereadores presentes.
Para a vereadora Iza Vicente (Rede), a situação é extremamente grave. “Sou mulher e me orgulho disso. Como aluna de mestrado na FGV, posso afirmar que isso não condiz com a base da instituição. Essa prova foi elaborada de maneira irresponsável. Sinto muito porque essa é uma banca renomada, mas espero que os responsáveis sejam demitidos”, afirmou a parlamentar.
A FGV, após a polêmica, emitiu um comunicado oficial onde informou que as questões 1 e 4 da Prova de Língua Portuguesa do Módulo I foram anuladas. A fundação justificou a decisão afirmando que as perguntas em questão foram retiradas por não estarem alinhadas aos seus princípios institucionais.