Estudo Revela que Brincar com Cães Pode Reduzir o Estresse em Humanos e Animais
Atividades lúdicas são fundamentais para manter os cães ativos, além de contribuírem para o bem-estar físico desses animais. Os cães também experienciam estresse e ansiedade, e a brincadeira se torna uma alternativa eficaz para ajudá-los a relaxar e liberar a energia acumulada. O estresse nos seres humanos é um tema amplamente abordado: a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica o estresse como uma epidemia que afeta cerca de 90% da população global. Um recente estudo sugere que a interação lúdica com cães pode ser uma solução para combater o estresse tanto em humanos quanto em cães.
Conduzido com estudantes universitários na Tailândia, a pesquisa indica que brincar com um cachorro por apenas 15 minutos pode diminuir de forma significativa os níveis de estresse. Alunos que estavam sob pressão e interagiram com um cão amigável relataram uma redução nos níveis de estresse, além de apresentarem uma diminuição na frequência cardíaca e menores concentrações do hormônio do estresse, o cortisol, em amostras de saliva. Os resultados foram publicados na revista PLOS One.
É comum que estudantes universitários enfrentem altos níveis de estresse durante o período de formação acadêmica. A pressão intelectual, as expectativas para o futuro e o desafio de equilibrar a vida pessoal com os compromissos escolares e profissionais têm um grande peso na rotina dos alunos. Apesar de adotar um cão como animal de estimação exigir compromissos e responsabilidades, incentivar a presença de cães em ambientes públicos e privados pode ser uma solução viável para o bem-estar coletivo; por isso, aumentar o número de lugares “pet-friendly” pode ser benéfico (embora o estudo não faça essa recomendação específica).
A pesquisa, liderada pela pesquisadora sênior Jaruwan Khonmee, da Universidade de Chiang Mai, confirmou que mesmo interações breves com cães podem reduzir significativamente o estresse entre os estudantes. Além disso, os cães também se beneficiaram: testes realizados com amostras de fezes indicaram que os níveis de cortisol dos animais estavam mais baixos uma semana após as interações com humanos.
Os experimentos incluíram cinco chihuahuas criados por veterinários e um cachorro da raça Pastor-de-shetland, criado por um psicólogo. Os pesquisadores recrutaram seis cães amigáveis, na faixa etária de 3 a 6 anos, para interagir com os estudantes universitários.
Na biblioteca principal da Universidade de Chiang Mai, 122 alunos participaram do estudo, preenchendo um questionário que avaliava seus níveis de estresse. Além disso, foram medidos a pressão arterial e o pulso, e os participantes forneceram amostras salivares para análise de cortisol.
Após a coleta inicial de dados, os alunos tiveram 15 minutos para brincar com um cachorro, durante os quais foram informados sobre o nome do animal, suas características e preferências de interação. Eles puderam acariciar, dar petiscos, abraçar ou simplesmente observar os cães. Após esse tempo de interação, os alunos se submeteram a uma nova avaliação de estresse.
Os resultados mostraram que os participantes relataram melhorias significativas em relação aos níveis de estresse após a interação com o cão. “Após brincar com o cachorro, os alunos relataram uma redução de 33,5% em seus níveis de estresse em comparação com o período anterior”, afirmaram os pesquisadores.
A pesquisa revelou que, além da diminuição do estresse, os alunos apresentaram melhorias em seus batimentos cardíacos e nos níveis de cortisol. Os pesquisadores também coletaram amostras fecais e salivares dos cães antes e após as interações para verificar se a brincadeira trouxe algum benefício para os animais. Embora não tenham sido observadas mudanças nos níveis de cortisol salivares dos cães no dia da interação, as amostras de fezes mostraram que os níveis de cortisol canino estavam reduzidos uma semana depois do tempo de interação com os estudantes.
A conhecida prática de terapia assistida por animais não foi aplicada neste estudo, já que nenhum dos cães era formalmente “certificado” para tal. Esta foi a primeira vez que os cães participaram de qualquer tipo de interação assistida e, o mais interessante, sem a presença de seus tutores. Os resultados sugerem que os benefícios proporcionados pelos cães à saúde mental parecem estar mais ligados ao carinho incondicional e à interação espontânea que eles oferecem.
De acordo com os pesquisadores, “Essas descobertas ampliam nosso entendimento sobre o impacto positivo das interações entre humanos e cães nos níveis de estresse e ressaltam a importância de abordagens que considerem o estresse em ambos os grupos durante intervenções.” Esta pesquisa abre novas possibilidades para o uso de interações com cães como estratégia para a redução do estresse em ambientes acadêmicos e além.
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