Grupo da sociedade sugere forma de tornar o carnaval sustentável e inclusivo.

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Iniciativa busca um Carnaval mais sustentável e inclusivo

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Foto: Vagalume O Verde

Durante os dias de Carnaval de 2024, as cidades de Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador somaram quase cinco mil toneladas de lixo, conforme reportagens que utilizaram dados oficiais das prefeituras. Basta percorrer algumas ruas durante os blocos para perceber a vasta quantidade de resíduos espalhados na cidade. É viável implementar um processo de reciclagem e reaproveitamento de muitos dos materiais descartados? É possível transformar o Carnaval, uma das principais manifestações culturais do Brasil, em um ícone de inovação socioambiental? Essas questões estão no foco da proposta de Carnaval Sustentável, que foi introduzida pelo CADES (Conselho de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz) da Subprefeitura de Pinheiros em São Paulo.

O CADES foi criado para incentivar o diálogo e a participação social, funcionando como um espaço para mobilizar a população civil na promoção de políticas públicas e projetos transformadores. No contexto do Carnaval, a proposta visa converter essa festividade em um modelo exemplar de responsabilidade ambiental, inclusão social e governança participativa.

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Copos reutilizáveis no Carnaval. Foto: Águas do Rio

A proposta surgiu de maneira independente, a partir de conversas com moradores, foliões, organizadores de blocos, comerciantes locais e grandes patrocinadores, com o intuito de transformar a festa em uma verdadeira plataforma de transformação socioambiental. “Desejamos que o Carnaval deixe um legado positivo para todos os envolvidos, desde a população local até os patrocinadores, evitando que o impacto seja apenas temporário”, afirma Ana Slikta, integrante do CADES e organizadora da iniciativa.

No cerne da proposta, existe um manifesto que delineia ações concretas a serem implementadas, tais como a gestão adequada dos resíduos, a adoção de medidas de economia circular, a melhoria da infraestrutura para ambulantes e blocos, bem como o fortalecimento do comércio local. Além disso, a proposta sugere a formação de um comitê participativo que inclua moradores, comerciantes e representantes do governo, garantindo decisões que sejam democráticas e inclusivas.

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Foto: Reprodução Instagram | @menos1lixo e @pimpmycarroca

O manifesto alega que os patrocinadores devem ir além do apoio financeiro habitual, assumindo compromissos concretos alinhados aos princípios de ESG, que se referem a questões Ambientais, Sociais e de Governança. Isso inclui o investimento em iniciativas sustentáveis, a promoção de práticas responsáveis durante o evento e a contribuição ativa para a redução de impactos. “As empresas que se beneficiam enormemente desse evento precisam reconhecer o impacto que geram e assumir a responsabilidade de liderar mudanças positivas dentro do conceito de sustentabilidade”, destaca Luiza Jardim, membro do CADES.

Um abaixo-assinado em apoio ao manifesto, que já conta com cerca de mil signatários, busca mobilizar a sociedade e mostrar à Prefeitura de São Paulo a relevância dos pontos abordados.

Outro aspecto importante da proposta é o fortalecimento da economia local. “Integrar e valorizar pequenos comerciantes e artesãos na cadeia produtiva do Carnaval não apenas impulsiona a economia dos bairros, mas também cria relacionamentos mais significativos entre a festividade e as comunidades que a acolhem. Essa abordagem pretende fazer do evento um motor de desenvolvimento regional, garantindo um impacto duradouro e positivo”, afirma Flávio Scavasin, coordenador adjunto do CADES Pinheiros.

Mais do que uma proposta teórica, o movimento já tem se articulado com vereadores, lideranças culturais e organizadores de blocos de carnaval. Personalidades como Nabil Bonduki, vereador e ex-Secretário de Cultura, têm apoiado o diálogo estratégico para que a iniciativa se concretize.

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Profissionais receberam remuneração e apoio para realizar o trabalho fundamental de coleta de resíduos nos dias de folia. Foto: Pimp My Carroça

“A proposta do Carnaval Sustentável sugere que o maior evento de rua do Brasil se torne um exemplo de inclusão, inovação e responsabilidade. São Paulo está diante de uma oportunidade ímpar de unir tradição e modernidade, moldando um Carnaval que inspire transformações e deixe um legado positivo e duradouro, que vá além das festividades nas ruas”, finaliza Ana.

Embora focada no Carnaval de Rua de São Paulo, a proposta pode servir como inspiração para a sociedade civil de outras cidades brasileiras, incentivando o engajamento das prefeituras em suas respectivas regiões.

Fonte: Guia Região dos Lagos

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