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Pesquisas recentes indicam que uma transformação nos hábitos alimentares é necessária para mitigar a crise climática, especialmente ao considerar a redução da proteína animal na dieta. Um estudo recente revelou que o grão-de-bico poderá ser uma alternativa efetiva à proteína animal, principalmente em um futuro marcado por condições climáticas adversas, como secas prolongadas.
Este dado se baseia em uma pesquisa publicada na revista científica Plant Biotechnology Journal. A investigação, conduzida pelo biólogo molecular Wolfram Weckwerth, da Universidade de Viena, analisou os benefícios de 36 diferentes genótipos de grão-de-bico. Este alimento pode se tornar essencial em um cenário global onde a segurança alimentar enfrenta ameaças, à medida que o número e a duração das secas crescem em 29% entre 1998 e 2017.
Ademais, os pesquisadores alertam sobre os riscos associados à monocultura e à diminuição da diversidade de espécies alimentícias cultivadas. O State of the World’s Biodiversity for Food and Agriculture, da Food and Agriculture Organization, informa que cerca de nove espécies de plantas representam 66% da produção mundial de cultivos, enquanto mais de 6.000 espécies de plantas comestíveis existem no planeta.
Esta limitada diversidade na produção agrícola torna as culturas mais suscetíveis a pragas e condições climáticas adversas, aumentando o risco de escassez alimentar. “A estreita base genética tem várias consequências adversas, incluindo maior vulnerabilidade das plantas a doenças e pragas, menor resistência a secas e mudanças climáticas, e fragilidade econômica”, explicou Weckwerth. “Conservar a diversidade genética e da vegetação é essencial para que a agricultura se adapte às mudanças futuras. Com nosso novo estudo, damos um passo significativo nessa direção, considerando o grão-de-bico como um alimento estratégico para o futuro.”
Grão de bico
Os pesquisadores afirmam que o grão-de-bico é a quarta leguminosa de maior cultivo globalmente, embora não figure entre as nove principais culturas que sustentam a dieta humana. Para abordar essa situação, a equipe de pesquisa testou diversos tipos de grão-de-bico sob condições de seca para avaliar sua resistência ao estresse hídrico. Várias variedades demonstraram sucesso, mesmo em cenários desfavoráveis. Outro ponto destacado é que muitos genótipos de grão-de-bico se mostram promissores para práticas de agricultura urbana.
A categoria de genótipos foi estabelecida com base em suas reações à seca. Segundo Weckwerth, diferentes genótipos responderam ao estresse hídrico de maneiras distintas, como por meio de processos metabólicos envolvendo inositol e álcoois de açúcar, criando uma diversidade entre eles que proporciona maior resiliência às mudanças climáticas.
“Devido ao seu elevado teor proteico e resistência à seca, leguminosas como o grão-de-bico têm um papel crucial na alimentação do futuro”, ressaltou Weckwerth. “Além disso, aumentar a presença de leguminosas nos sistemas agrícolas favorece a eficiência do uso de nitrogênio, tornando a agricultura mais sustentável.”
Repensando a alimentação
Os modelos tradicionais de agricultura, que têm favorecido monoculturas e o uso excessivo de agrotóxicos, apresentam riscos significativos à saúde e ao meio ambiente, afetando a qualidade do solo e contaminando a água e os alimentos com substâncias nocivas. Um estudo do Instituto Fome Zero revelou que, em 2021, as cadeias de produção e distribuição de alimentos no Brasil foram responsáveis pela emissão de cerca de 1,8 bilhão de toneladas de gases de efeito estufa, correspondendo a 73,7% do total de emissões do país no ano. É fundamental mencionar que essa contribuição não se originou apenas da produção de alimentos, mas, em grande parte, do desmatamento para a conversão de vegetação nativa em lavouras e pastagens.
De acordo com um estudo inédito apoiado pelo Observatório do Clima, o que se destaca é o desmatamento, as alterações no uso da terra, as emissões relacionadas à agropecuária (incluindo o metano que resulta do “arroto do boi”), o consumo de energia e os resíduos gerados pelos processos agrícolas e industriais.
Nesse contexto, a pecuária no Brasil é uma das atividades com maior impacto negativo, não apenas devido às emissões de metano, mas também porque é responsável pela maioria do desmatamento associado à conversão de áreas em pastagens.
Das 1,8 bilhões de toneladas de gases emitidas pelo sistema agroalimentar em 2021, um alarmante 77,6% são atribuídos à produção de carne. Destas, 70,6% estão ligadas à mudança no uso da terra, principalmente pelo desmatamento, enquanto 29,2% são resultantes da própria produção. Os 0,2% restantes são relacionados ao consumo de energia e à geração de resíduos.
Para mais informações, consulte o artigo completo publicado pelo Guia Região dos Lagos: Fonte: Guia Região dos Lagos
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