Folhas de café podem ser utilizadas no tratamento da doença de Parkinson, segundo uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de Lavras, em Minas Gerais. O estudo revelou que as folhas de café, um subproduto normalmente descartado, contêm uma substância chamada Levodopa, ou L-DOPA, que é um medicamento utilizado no tratamento dessa doença neurodegenerativa que afeta o sistema nervoso.
Além do composto Levodopa, os pesquisadores também encontraram outros compostos de importância medicinal nas folhas de café. Com futuros estudos aprimorados, será possível compreender mais profundamente todas as potenciais aplicações dessas folhas na medicina.
Thales Henrique Cherubino Ribeiro, principal pesquisador do estudo e doutorando do Programa de Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal, afirma que espera que essa pesquisa abra caminho para a utilização das folhas de café com importantes usos medicinais. Isso beneficiaria muitos brasileiros que dependem do cultivo do café, não só dos seus frutos, mas também das folhas dessa valiosa planta agronômica.
A pesquisa analisou as folhas de duas espécies de café, Coffea arabica e Coffea canephora, e identificou a presença das enzimas Polifenoloxidase (PPO) e DOPA descarboxilase (DDC), responsáveis pela produção de L-DOPA. Essas descobertas foram possíveis através de técnicas de sequenciamento genético, que permitiram o desenvolvimento de um modelo das peças (genes) necessárias para o funcionamento adequado das folhas de café.
Ribeiro compara o processo de decifrar o funcionamento das folhas de café com a engenharia reversa de um carro. Assim como um carro tem diversas peças que precisam funcionar em harmonia, a planta de café também possui milhares de genes que trabalham juntos para seu correto funcionamento. A partir da análise genética, os pesquisadores conseguiram identificar componentes até então desconhecidos, como o L-DOPA.
A existência do L-DOPA nas folhas de café foi comprovada através de diversas análises, o que comprova a eficácia medicinal do componente. A pesquisa resultou no artigo “Engenharia reversa de redes metabólicas indicam a presença de compostos de utilidade médica, como a L-DOPA, em café”, publicado no periódico científico International Journal of Molecular Sciences em agosto de 2023.
É importante ressaltar que a recomendação do uso das folhas de café como fonte de nutrientes e potenciais benefícios medicinais deve ser feita com medidas fitossanitárias adequadas, garantindo que as folhas estejam livres de agrotóxicos.
Essa descoberta representa um avanço significativo no tratamento da doença de Parkinson e abre possibilidades para o aproveitamento das folhas de café de forma medicinal. Além disso, valoriza-se ainda mais o cultivo do café, pois as folhas, que antes eram descartadas, podem ser utilizadas para benefício da saúde humana.
(Fonte: Guia Região dos Lagos)