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Redução do plástico descartável e suas implicações no Brasil
Uma pesquisa elaborada pela consultoria Systemiq, a convite da WWF-Brasil e da Oceana, indica que a diminuição do uso de plásticos descartáveis no Brasil, juntamente com a adoção de alternativas sustentáveis, poderia evitar a emissão de 18 milhões de toneladas de CO₂ e gerar 8,2 milhões de toneladas de resíduos plásticos. A crescente demanda por materiais e produtos alternativos tem o potencial de aumentar o valor econômico desse setor em até 53%.
Luisa Santiago, diretora executiva para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur, destaca que “o estudo demonstra que transições para a economia circular dos plásticos podem trazer resultados positivos. Existem ganhos ambientais e oportunidades econômicas que precisam ser exploradas”. A pesquisa serve como mais um recurso essencial para a criação de critérios que orientem o design de produtos plásticos, além de abordar materiais que são considerados problemáticos ou perigosos e que deveriam ser eliminados, impulsionando assim a demanda por alternativas.
Luisa também ressalta que a simples troca de produtos descartáveis por alternativas sustentáveis não deve ser encarada como a solução completa para a questão da poluição plástica. Tal mudança deve ser integrada a um conjunto de medidas que envolvam o design e a reestruturação de modelos de negócios, fundamentados em critérios sobre itens que precisam ser eliminados ou substituídos.
Uma economia circular em relação aos plásticos, segundo Luisa, deveria eliminar todos os itens plásticos que sejam problemáticos ou desnecessários, inovando para que os plásticos necessários sejam reutilizáveis, recicláveis e compostáveis, e promovendo a circulação de todos esses itens, mantendo-os na economia e fora do meio ambiente.
Para concretizar esse cenário, é essencial que exista um compromisso não apenas das empresas, mas também políticas que incentivem a inovação, a migração para modelos circulares e a implementação de infraestrutura que garanta a circulação em larga escala dos materiais, preservando seu valor. “Essas medidas reduzirão a atratividade das opções convencionais e poluentes, efetivando uma economia do plástico que beneficia tanto as pessoas quanto o meio ambiente”, explica Luisa.
Negociações internacionais sobre poluição plástica
Recentemente, após uma semana de debates intensos, as negociações da ONU em busca de um tratado global contra a poluição plástica não resultaram em consenso. O resultado, divulgado no domingo (1/12) em Busan, Coreia do Sul, consistiu em um compromisso para novas discussões nos próximos meses, com a intenção de esclarecer os impasses e finalmente alcançar um acordo. Essa mesma estratégia está sendo considerada para a reabertura da COP16 da Biodiversidade, que ocorreu no final de outubro em Cali, Colômbia.
Um esboço de documento divulgado na tarde de domingo, após vários atrasos, feria um amplo leque de opções, evidenciando o grau de desacordo entre os países. Na sessão plenária aberta convocada no domingo à noite, o presidente da 5ª sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC-5), Luis Vayas Valdivieso, declarou que houve progressos, embora algumas questões cruciais ainda continuem como obstáculos para um acordo abrangente.
De acordo com informações do ClimaInfo, a dificuldade nas negociações foi liderada por países produtores de combustíveis fósseis, particularmente Arábia Saudita e Rússia. Dado que a maioria dos plásticos é fabricada com petróleo, os países com essa economicidade se opuseram fortemente a qualquer proposta que limitasse a produção de plásticos. Não é surpreendente que houvesse cerca de 200 lobistas da indústria petroquímica presentes em Busan, como destaca o portal em sua newsletter.
Além das questões relacionadas à produção, também surgiram divergências no que tange à gestão de produtos plásticos e substâncias químicas problemáticas, bem como o financiamento necessário para auxiliar os países em desenvolvimento na implementação do tratado.
Impacto nas micro, pequenas e médias empresas
A criação de um tratado global sobre plásticos pode proporcionar benefícios significativos para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs) em sua transição para uma economia circular. A implementação de normas harmonizadas a nível internacional tem potencial para facilitar a entrada dessas empresas menores em um mercado em transformação.
Essas informações se sustentam no artigo da Fundação Ellen MacArthur intitulado “Fazendo com que o tratado global sobre plásticos funcione para micro, pequenas e médias empresas (MPMEs)”. O texto enfatiza a importância de garantir que as MPMEs não sejam deixadas de fora do processo de criação de regras que visam combater a poluição plástica, dado que elas representam mais de 90% do total de empresas em nível global e desempenham um papel fundamental nas economias locais.
Para apoiar essas empresas, é crucial desenvolver políticas inclusivas que ofereçam suporte técnico e financeiro, como acesso a tecnologias e infraestrutura dedicada à reciclagem, além de incentivos voltados para a promoção de inovação em modelos de negócios sustentáveis. É imprescindível também estabelecer regulamentações claras e consistentes, possibilitando que empresas de menor porte se ajustem às novas exigências sem enfrentarem barreiras excessivas.
Um tratado ambicioso poderia abrir um leque de oportunidades econômicas e benefícios para micro, pequenas e médias empresas, especialmente em áreas como operações de venda de produtos, produção de materiais alternativos e gestão de resíduos. “Embora algumas partes da cadeia de valor possam encontrar dificuldades imediatas, a implementação cuidadosa das regras pode mitigar esses impactos, além de serem necessárias medidas específicas voltadas a esse segmento”, conclui Pedro Prata, oficial de políticas públicas para a América Latina na Fundação Ellen MacArthur.
A urgência ambiental e as oportunidades econômicas que emergem dessa transição são muito mais relevantes do que a inação, e esse deve ser o foco das discussões e políticas em prol de um futuro sustentável.
Com informações de Fundação Ellen MacArthur e ClimaInfo
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