O Supremo Tribunal Federal e a desigualdade social
No início de outubro, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, foi alvo de críticas ao abordar temas como meio ambiente e desigualdade social em sua aula magna na Universidade de Direito da UFRJ. Barroso, que recebe uma remuneração média de R$ 63,9 mil como magistrado do STF, mencionou a importância de olhar para a desigualdade em nosso país. No entanto, essa fala tem gerado polêmica, já que o próprio Barroso é mais rico do que a metade mais pobre da população brasileira.
De acordo com dados do Credit Suisse, os 100 milhões de brasileiros mais pobres possuem um patrimônio negativo, ou seja, suas dívidas superam seus ativos. Isso significa que a metade mais pobre do país tem menos recursos do que um único magistrado do STF. Essa discrepância entre a realidade financeira do presidente do STF e a situação da maioria dos brasileiros reforça a discussão sobre a desigualdade social em nosso país.
O privilégio da Zona Franca de Manaus
Enquanto o tema da desigualdade social é discutido pelo presidente do STF, o Congresso Nacional se envolve em debates sobre a reforma tributária e a manutenção de privilégios. Um exemplo disso é a Zona Franca de Manaus, que garante um montante de 25 bilhões de reais anuais para empresas como Coca-Cola e Ambev. Mesmo que a reforma tributária seja aprovada, a Zona Franca de Manaus continuará garantindo esses benefícios para grandes empresas, como a Ambev, que é propriedade de três dos seis mais ricos do país citados por Barroso.
A manutenção desse privilégio destaca a influência que determinados setores têm sobre o Congresso Nacional. Enquanto a população possui pouca ou nenhuma influência nas decisões relacionadas à reforma tributária, é evidente que grandes empresas exercem enorme poder e influência sobre os parlamentares.
Reforma tributária: um reflexo do poder no Brasil
A discussão em torno da reforma tributária se tornou um retrato do atual cenário político do Brasil. As manchetes sobre o tema evidenciam quem possui maior influência sobre o Congresso Nacional, e não é surpresa que a população tenha pouca representatividade nesse processo.
A reforma tributária é uma pauta de extrema importância para a sociedade brasileira, pois busca promover uma distribuição mais justa da carga tributária e simplificar o sistema. No entanto, a influência de grupos poderosos dificulta a implementação de medidas efetivas que possam beneficiar a maioria da população.
Diante desse contexto, é crucial repensar o papel do Estado, do Judiciário e do Legislativo na promoção da igualdade social e no combate à desigualdade. É necessário um esforço coletivo para construir um país mais justo, em que todos tenham as mesmas oportunidades de prosperar.
A discussão trazida por Luís Roberto Barroso sobre a desigualdade social no Brasil é fundamental, mas é preciso que as ações estejam alinhadas com as palavras. Somente a conscientização e o engajamento de todos os setores da sociedade podem gerar mudanças efetivas e duradouras na realidade brasileira.
Conclusão
A fala do presidente do STF, Luís Roberto Barroso, sobre a importância de olhar para a desigualdade social no Brasil levanta questionamentos sobre a realidade do país. Enquanto um magistrado do STF recebe uma remuneração significativa, a metade mais pobre da população possui um patrimônio negativo. Além disso, a manutenção de privilégios, como a Zona Franca de Manaus, revela a influência de grandes empresas sobre o Congresso Nacional.
A reforma tributária, por sua vez, destaca a falta de representatividade da população nas decisões políticas e a necessidade de repensar o sistema de poder no Brasil. Somente com uma atuação conjunta e comprometida de todos os setores da sociedade será possível promover mudanças significativas rumo a um país mais justo e igualitário.
Fonte: Plantão Guia Região dos Lagos