Fabricantes de plástico enganaram sobre verdadeira viabilidade de reciclagem

plástico tartaruga

Fabricantes de plástico enganaram os consumidores durante décadas ao promoverem a reciclagem como solução para a poluição plástica, de acordo com um novo relatório do Centro para a Integridade Climática (CCI). O estudo revelou que as empresas já sabiam há tempos que a reciclagem generalizada de plásticos não era viável, mas continuaram a promover essa ideia como estratégia de marketing.

Segundo os pesquisadores, muitas das empresas de combustíveis fósseis também possuíam essa informação, mas seguiram enganando a população em relação aos impactos do petróleo e gás nas mudanças climáticas. Os produtos plásticos, produzidos com combustíveis fósseis, não podem ser sempre reciclados.

“A reciclagem do plástico não pode continuar indefinidamente e não resolve o problema dos resíduos sólidos”, afirmou Roy Gottesman, diretor fundador do Vinyl Institute, em uma conferência da indústria em 1989. Diferente do alumínio e do vidro, o plástico perde qualidade a cada vez que passa pelo processo de reciclagem.

Um relatório da Vinyl Institute de 1986 já afirmava que a reciclagem de plástico “apenas prolonga o tempo até que um item seja descartado”. Além de ter muitos tipos, o que dificulta o processo de reciclagem, o plástico se degrada quando é reutilizado.

As grandes empresas petroquímicas e de combustíveis fósseis comercializaram fraudulentamente a reciclagem de plástico como uma solução ao longo de décadas, para garantir suas vendas e evitar a regulamentação. Os pesquisadores afirmam que essa estratégia violou leis destinadas a proteger os consumidores e o público da má conduta corporativa e da poluição.

As provas apresentadas no relatório podem fornecer a base jurídica necessária para responsabilizar as empresas pelo dano causado pelos produtos plásticos ao público e ao meio ambiente. O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, está conduzindo uma investigação pública sobre empresas petroquímicas e de combustíveis fósseis por seu papel na crise global de poluição por plásticos.

“A poluição plástica é uma das crises ambientais mais graves que o mundo enfrenta hoje. Está presente em nossos rios, lagos, oceanos, estradas e costas. Está no ar que respiramos, nos alimentos que comemos e na água que bebemos”, destaca o relatório.

Segundo o CCI, as grandes empresas petrolíferas já estão enfrentando processos judiciais movidos por estados e comunidades nos Estados Unidos por fraude climática. Agora é o momento das autoridades considerarem cuidadosamente as provas e tomarem medidas adequadas para responsabilizar as empresas pela fraude da reciclagem de plástico.

É importante ressaltar que a reciclagem é apenas uma parte da solução para a poluição plástica. É necessário reduzir a fabricação de produtos plásticos, especialmente os de uso único. Os consumidores também podem fazer sua parte optando por não usar ou comprar itens feitos com plástico. Porém, cabe às indústrias e ao poder público assumirem o compromisso com o planeta e a saúde das pessoas.

A poluição plástica é uma ameaça significativa ao ecossistema marinho e à saúde humana. Estima-se que os humanos ingerem até cinco gramas de plástico por semana, o equivalente a um cartão de crédito, de acordo com um estudo. Os resíduos plásticos também são depositados em aterros, incinerados ou vazados para o meio ambiente, causando danos irreparáveis.

Portanto, é fundamental responsabilizar as empresas pelas consequências de suas ações. A investigação em andamento na Califórnia e os processos judiciais nos Estados Unidos são passos importantes nesse sentido. Cabe às autoridades seguir o exemplo e tomar medidas adequadas para proteger o público e o meio ambiente da fraude da reciclagem de plástico perpetrada pelas grandes empresas petrolíferas e petroquímicas.

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