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Embora muitas pessoas sintam temor ao se deparar com aranhas, estas criaturas de oito patas também são objeto de fascínio e estudo. Para a comunidade científica, as aranhas representam um campo repleto de mistérios, e diversas questões sobre esses aracnídeos permanecem sem resposta. Recentemente, uma dessas perguntas obteve uma resposta intrigante: mesmo sem a presença de orelhas ou narinas, as aranhas demonstram ser capazes de perceber tanto sons quanto odores. Mas de que forma isso ocorre?
Estudos anteriores já haviam revelado que essas criaturas são sensíveis ao som através dos pelos em suas patas e das vibrações das teias, que reagem às ondas sonoras. Entretanto, a descoberta acerca do olfato das aranhas foi realizada por uma equipe de pesquisadores internacionais: elas são capazes de “cheirar” utilizando suas patas. Essa novidade adiciona um novo nível de entendimento sobre a capacidade sensorial das aranhas.
Um estudo recente, publicado no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences, revelou que machos de aranhas utilizam pelos olfativos, conhecidos como sensilas, nas patas para detectar feromônios sexuais que são liberados pelas fêmeas. A descoberta de que as aranhas machos cheiram com suas patas representa um avanço significativo na compreensão de sua biologia sensorial.
Dan-Dan Zhang, um dos pesquisadores envolvidos, expressou a surpresa diante do quanto ainda é desconhecido sobre esses animais que coexistem há tanto tempo com os humanos. A revelação sobre o mecanismo olfativo das aranhas vem após uma longa investigação de cerca de dez anos focada na caracterização das sensilas, estruturas sensoriais rudimentares encontradas no corpo dos artrópodes, que despertam interesse pela sua complexidade e funcionalidade.
Esses aracnídeos têm aproximadamente 400 milhões de anos de evolução e se destacam por seu talento em perceber vibrações. Embora algumas espécies possuam uma visão notável, a forma como elas detectam odores sempre foi uma incógnita, até agora. Por meio de observações cuidadosas e uso de tecnologia de microscopia eletrônica, a equipe de estudo conseguiu identificar e mapear essas sensilas nas patas dos machos de aranha-vespa (Argiope bruennichi).
A pesquisa demonstrou que as sensilas olfativas desempenham um papel crucial na identificação de feromônios sexuais transportados pelo ar, especialmente em machos adultos. Zhang e seus colegas notaram que as sensilas estavam distribuídas principalmente na parte superior das patas, em regiões que geralmente não estão em contato frequente com superfícies enquanto as aranhas se movem ou procuram por parceiras. Essa particularidade já indicava que as estruturas sensoriais eram adaptadas à detecção de odores. A presença dessas sensilas é exclusiva aos machos adultos, sugerindo fortemente que sua principal função é a busca de parceiras durante o acasalamento.
A A. bruennichi é uma das poucas espécies em que foi possível identificar a estrutura química do feromônio sexual liberado pelas fêmeas, o que ajuda a direcionar os machos a uma validação durante a época de acasalamento. Para investigar a sensibilidade das sensilas, a equipe utilizou eletrodos para medir a resposta neural ao contato com um composto de feromônio, revelando que mesmo pequenas concentrações geraram reações significativas, evidenciando a eficácia desse sistema olfativo.
As sensilas, que estão concentradas na parte superior das patas dos machos, demonstram uma adaptação evolutiva que favorece a percepção de odores, em particular durante o acasalamento. Curiosamente, essas estruturas sensoriais não foram detectadas em indivíduos jovens, evidenciando a especificidade de sua função. Essa pesquisa avança o entendimento sobre a percepção ambiental das aranhas e estabelece novas questões a serem exploradas.
A pesquisa se estendeu a 19 outras espécies de aranhas, e os cientistas encontraram que a maioria dos machos apresentava essas sensilas, demonstrando que a capacidade olfativa parece ser uma característica comum entre diversas linhagens de aranhas. Essa descoberta abre caminhos para uma nova era de investigações sobre os muitos aspectos da biologia olfativa desses aracnídeos.
Os cientistas manifestaram entusiasmo diante das novas possibilidades de pesquisa que surgem a partir dessa descoberta. Questões sobre como machos e fêmeas percebem odores em conjunto, a eficácia de feromônios distintos e os mecanismos moleculares que regem essa percepção permanecem abertas para investigações futuras. Cada nova resposta poderá contribuir para um panorama mais profundo sobre a evolução e adaptação das aranhas ao longo dos séculos.
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