Especialistas alertam para os riscos da exportação de animais vivos na disseminação de doenças. Um artigo do The New York Times destaca a conexão entre o transporte de animais vivos e a propagação de vírus de alta mortalidade, como a gripe aviária. Pesquisadores de universidades dos Estados Unidos, Inglaterra e China explicam que o transporte de animais vivos cria as condições ideais para a transmissão de doenças, devido ao confinamento e à falta de ventilação adequada nos espaços onde os animais são transportados.
No Brasil, o recente surto de gripe aviária levou o governo a prorrogar o estado de emergência por 180 dias. Foram identificadas 164 ocorrências do vírus, sendo a maioria em aves silvestres e algumas em animais criados para consumo. A ONG Sinergia Animal alerta para o risco de disseminação de doenças causado pelo transporte de animais vivos. Segundo a organização, as práticas atuais da pecuária industrial comprometem o bem-estar dos animais e criam condições propícias para o surgimento e disseminação de doenças.
O transporte de animais vivos também representa riscos para a saúde humana. A Organização Mundial de Saúde (OMS) relata que o vírus H5N1 da gripe aviária infectou mais de 800 pessoas entre 2003 e 2024, com uma taxa de mortalidade superior a 50%. Além disso, o comércio internacional de suínos contribuiu para o surgimento de variantes mais contagiosas da gripe suína, que causou a morte de milhares de pessoas.
A regulamentação do transporte de animais vivos ainda é mínima, mas países europeus estão estabelecendo medidas para melhorar a rastreabilidade do gado e estabelecer padrões globais mais rigorosos. No Brasil, organizações de proteção animal pedem o fim da exportação de animais vivos por via marítima para abate no exterior.
Em resumo, o transporte de animais vivos apresenta riscos para a transmissão de doenças, tanto para os próprios animais como para os humanos. A pecuária industrial, que concentra milhões de animais em espaços apertados e mal ventilados, aumenta o risco de disseminação de patógenos perigosos. É necessário repensar os sistemas alimentares globais e buscar alternativas menos dependentes de proteína animal para garantir a saúde e o bem-estar de todos.