Niterói se torna a primeira cidade do país a restringir a publicidade de alimentos ultraprocessados em escolas públicas e privadas. A medida visa combater a má alimentação e o aumento da obesidade infantil, que são problemas graves no Brasil. De acordo com o decreto publicado pela prefeitura de Niterói, a proibição se aplica a todos os espaços escolares, como cantinas, refeitórios e dependências.
A proibição engloba uma variedade de produtos ultraprocessados, como biscoitos, balas, chocolates, bolos industrializados, bebidas açucaradas e alimentos com excesso de açúcares, sal e/ou gorduras. Esses alimentos são altamente prejudiciais à saúde e aumentam os riscos de sobrepeso e obesidade, além de serem repletos de agrotóxicos, o que representa mais um perigo para as crianças.
A iniciativa de banir os ultraprocessados nas escolas de Niterói é resultado do trabalho de organizações da sociedade civil, lideradas pelo Instituto Desiderata, com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde e do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional. Essas entidades têm como objetivo promover hábitos alimentares saudáveis e prevenir doenças relacionadas à alimentação inadequada.
Dados do Instituto Desiderata mostram que o tratamento de crianças e adolescentes com obesidade custou aos cofres públicos mais de R$ 200 milhões entre 2013 e 2022. Além disso, crianças com obesidade têm maior risco de desenvolver problemas de saúde como diabetes tipo 2, hipertensão, asma, apneia do sono e distúrbios metabólicos. A obesidade infantil também é um fator de risco para o surgimento de doenças crônicas não transmissíveis na vida adulta, como diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.
Niterói não é a primeira cidade do estado do Rio de Janeiro a adotar medidas para combater os ultraprocessados nas escolas. Em 2023, o Rio de Janeiro aprovou uma lei para proibir a venda e oferta desses alimentos em escolas públicas e particulares. Uma pesquisa realizada pela UFRJ e Fiocruz identificou que os alimentos ultraprocessados estão mais disponíveis nas cantinas das escolas cariocas do que os alimentos sem processamento. Além disso, as cantinas das escolas do Rio de Janeiro foram classificadas como pouco saudáveis.
A medida adotada por Niterói e outras cidades brasileiras mostra a preocupação em garantir uma alimentação saudável para as crianças nas escolas. Essas iniciativas são fundamentais para combater a obesidade infantil e promover a saúde da população desde cedo. Ao restringir a publicidade e a venda de alimentos ultraprocessados, as escolas se tornam ambientes mais propícios para o consumo de alimentos saudáveis, contribuindo para a formação de hábitos alimentares adequados e a prevenção de doenças.
Imagens:
[Imagem 1: Criança comendo merenda escolar]
Legenda: Criança comendo merenda escolar. Foto: iStock
[Imagem 2: Alimentos ultraprocessados]
Legenda: De 30% a 50% do consumo calórico diário das crianças acontece nas escolas. Foto: Divulgação
[Imagem 3: Alimentos ultraprocessados com apelo infantil]
Legenda: Pesquisa do Idec já havia identificado agrotóxicos em alimentos ultraprocessados e com forte apelo infantil. Foto: Amanda Belec | Unsplash