Sisteminha da Embrapa será expandido para mil propriedades familiares em todo o Brasil
Um sistema que produz vegetais e pequenos animais para consumo local será reproduzido em, pelo menos, mil propriedades familiares em todas as regiões do Brasil. O Sisteminha Comunidades, desenvolvido originalmente nos laboratórios da Universidade Federal de Uberlândia e aperfeiçoado na Embrapa, é uma tecnologia capaz de combater a fome no campo.
A tecnologia foi aplicada com sucesso em comunidades no Brasil e na África, e agora será multiplicada em escala nacional por meio de ações do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), com apoio da Embrapa, Institutos Federais de Educação Técnica e outras instituições. O MDA está organizando a formação de uma rede nacional para levar o Sisteminha Comunidades a mil localidades nas cinco regiões brasileiras, no prazo de 36 meses.
“A rede não se limitará a mil famílias. Esse é um número que consideramos alcançável para os R$ 14 milhões iniciais de investimento do Ministério. Porém, queremos que o projeto continue crescendo e garantindo segurança alimentar para muito mais pessoas“, declarou o secretário de Territórios e Sistemas Produtivos Quilombolas e Tradicionais do MDA, Edmilton Cerqueira.
A Embrapa também está envolvida na iniciativa como forma de intensificar o trabalho com comunidades e povos tradicionais. A empresa está reformulando a transferência de tecnologia para que as soluções cheguem cada vez mais a esses públicos. A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou que o Sisteminha cumpre o desafio de contribuir com o Governo Federal na redução da insegurança alimentar e no combate à fome. “A ciência só tem significado se alcançar a cada um dos brasileiros”, declarou a presidente.
O Sisteminha é um sistema de baixo custo inicial que integra a criação de peixes à produção vegetal e outros tipos de criação. Com o passar do tempo, ele gera excedentes de produção que podem ser comercializados, promovendo também o desenvolvimento social. A tecnologia foi concebida para ser uma solução efetiva ao problema da fome, com a qual a comunidade é capaz de produzir o próprio alimento. Pode ser adaptado facilmente às necessidades, experiência, preferências do produtor e condições locais.
Versátil, o Sisteminha também pode ser adaptado às condições de clima, solo, água e mercado locais. Recentemente, ele ganhou uma versão voltada ao empreendedorismo comunitário, chamada de Sisteminha Comunidades, que contempla o desenvolvimento local com parte da produção voltada ao mercado.
O Sisteminha já foi implantado com sucesso em comunidades no Maranhão, onde se tornou política pública e foi adotado nos 30 municípios mais carentes do estado. Também ajudou no combate à fome em países africanos como Gana, Uganda e Moçambique. Agora, com a parceria com o MDA, o Sisteminha será ampliado para todo o Brasil.
A iniciativa tem impacto positivo nas comunidades beneficiadas. Milena Pereira Martins, do Quilombo São Martins em Paulistana (PI), conta que uma família começou a utilizar o Sisteminha e outras perceberam os benefícios e aderiram ao sistema. Antônia Maria Messias do Nascimento, da etnia indígena Krenyê no Maranhão, relata que a comunidade dependia de uma moto como único meio de transporte para acessar a cidade mais próxima, a 60 quilômetros da aldeia onde mora. Com o Sisteminha, a comunidade já produz ovos para consumo próprio e em breve terá excedentes para comercialização.
A expansão do Sisteminha para mil propriedades familiares em todo o Brasil representa um importante avanço no combate à fome e na promoção da segurança alimentar. Além disso, a tecnologia fortalece a produção local e contribui para o desenvolvimento social e econômico das comunidades atendidas. Com iniciativas como essa, é possível construir um futuro mais sustentável e equitativo para todos.